A terceira mulher mais idosa do Brasil, dona Maria Rita Pereira, completa 115 anos hoje, 15 janeiro. Este ano ela recebeu o titulo de Cidadã Francisquense, em projeto de autoria do presidente da Casa, vereador Lemão Vitorino.
Apesar da longevidade, nos últimos meses, dona Maria Rita Pereira tem vivido praticamente o dia todo deitada em uma cama, quase não fala, ouve pouco e não está mais se alimentando direito, conta a única filha viva dela, dona Zenilda Rita de Jesus, 71 anos, que é evangélica e frequenta a Igreja Assembleia de Deus Arca da Aliança do bairro Colina.
Em junho deste ano, na última vez que dona Maria saiu de casa, a filha resolveu fazer o batismo da mãe por acreditar que essa é uma condição para entrar no Reino de Deus.
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“Minha mãe está muito fraquinha, já quase não ouve e não enxerga direito. Acredito que ela ainda vai viver muito tempo, mas aproveitamos a oportunidade da visita do pastor Amilton Bento (líder da congregação em Nova Almeida, na Serra), para batizá-la. O próximo será o meu filho”, afirma dona Santa.
Hoje, 15, ela disse que haverá novo culto de ação de graças em sua casa, pelos 115 anos da mãe. “Gostaria muito de agradecer a vocês da imprensa, e também ao amigo José Caldas da Costa, que tem enviado as vitaminas da Herbalife para ela, o que tem sido muito bom”, disse dona Santa.
História de dona Maria Rita
Dona Maria Rita Pereira nasceu na região do Contestado, em 15 de janeiro de 1907, no município hoje conhecido por Mutum (MG). Maria Rita veio, inicialmente para a região leste de Minas, ainda bem jovem, montada em lombo de burros ou mulas, únicos meios de transporte de alimentos e outras provisões daquele tempo e morou por vários anos em São João do Manteninha (MG).
As tropas saíam da região de São Manoel do Mutum em direção ao “norte”, como era chamado o promissor Patrimônio de São Sebastião (hoje Barra de São Francisco), subindo pelo rio José Pedro, até alcançar o rio Manhuaçu, onde atravessavam o rio Doce, em balsas, e seguiam por Baixo Guandu e Pancas, ou mesmo por Resplendor até alcançarem a região.
Ela também viveu em Ecoporanga durante um tempo e, pelos cálculos da filha Zenilda, a dona Santa, vive em Barra de São Francisco há cerca de 35 anos.
Casou-se com 25 anos de idade, ainda em Mutum (MG). A idade do primeiro casamento é calculada com base na idade da filha mais velha, Maria Pereira da Silva, que, se viva fosse, estaria com 86 anos. Depois dessa, vieram Ozias, que morreu aos 7 anos de idade, José Raimundo, que teria 84 anos, Zenilda Rita de Jesus, a dona Santa, única viva, com 71 anos, e Zenildo, que teria 69 anos. Este, ficou 30 anos sumido para Rondônia, até o reencontro com a família, pouco antes de morrer.
O primeiro esposo chamava-se Raimundo José Pereira, que é o pai de todos os filhos dela. Depois que este morreu, coincidentemente, casou-se com outro Raimundo José Pereira, mas ficou viúva novamente, depois que este foi envenenado.
Entre os dois Raimundos, ainda teve outro marido, que chamava-se Albertino e morreu com 76 anos. O último marido o outro Raimundo José Pereira, que tinha o mesmo nome do primeiro, morreu aos 70 anos, quando dona Rita já tinha 98.
Em entrevista no início deste ano, a neta Rosineia, filha de dona Santa, contava: “Se a gente deixasse, ela teria arrumado outro”.
O pai de Santa, o primeiro Raimundo José, morreu com 45 anos e o segundo marido, Albertino, morreu com 76.
Hoje ela tem cerca de 100 descendentes, em seis gerações, a maioria deles radicada no Mato Grosso e Rondônia, além do Paraná.
Sem ter estudado, dona Maria Rita criou todos os filhos na roça, trabalhando em serviços como capina, plantio de fumo – o pai era produtor de fumo – e ajudando os pais nos afazeres domésticos.
Dona Maria Rita Pereira assumiu a liderança de pessoa mais velha do Espírito Santo com a morte de Esberta Evangelista dos Santos, a dona Caçula, em São Mateus, onde nasceu e viveu. Dona Caçula já estava muito debilitada, em cima de uma cama, como registrou o jornal local Tribuna do Cricaré. De acordo com o historiador Eliezer Nardoto, “dona Caçula morreu há seis meses”, pouco depois de completar 115 anos no dia 18 de janeiro de 2020.
Terceira mulher mais velha do Brasil, dona Maria Rita tem à sua frente dona Severina Conceição, nascida em 7 de janeiro de 1904, e que completou 116 anos em 2020, e dona Inocência Vieira de Jesus, de Paulo Afonso (BA), nascida em 16 de julho de 1906. Ela é apenas seis meses mais velha que dona Maria Rita. (Weber Andrade com José Caldas da Costa)
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