“O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um.” (Colossenses 4:6)
Com a tecnologia que pavimentou verdadeiras highways para a comunicação, parece que cada vez mais piora nossa capacidade de nos comunicarmos. Um verdadeiro contra-senso!
Uma das razões que tem levado à piora da eficiência de nossas trocas de palavras é que nos esquecemos da importância do silêncio, da pausa para reflexão. Não paramos para, de fato, ouvir o outro, para lidarmos efetivamente com o que o outro está dizendo. E aí simplesmente reagimos.
Muitas vezes o que conta é apenas o que temos a dizer, não importando muito o que nos foi dito. Especialmente se o que foi dito não coincide com o que nós mesmos diríamos!
Nesse mundo da má comunicação multiplicam-se os haters (“odiadores”). Aqueles que usam as palavras, não para cooperar ou construir algo, mas para destruir, ofender, desqualificar. E parece que esses últimos tempos sorrateiramente colocou um hater habitando em algum canto de cada um de nós. Os mais saudáveis percebem e estranham quando ele aparece. E passam a vigiar seus passos, evitando lhe dar voz.
Um hater precisa ser enfrentado, seja em nós ou no outro. Jamais deve ser curtido. Ele é um câncer e com câncer não se brinca!
Nesse nosso lamentável mundo da comunicação empobrecida não faltam opiniões e, especialmente, opiniões sem qualquer fundamento. Nele, opiniões transitam com o status de fatos e pontos de vista, como se fossem a verdade sobre os fatos. Multiplica-se a desinformação. E desinformação pode matar relacionamentos e pessoas. E tem feito isso!
A pobreza de nossa comunicação tem nos radicalizado e infantilizado. Parece que essa dupla está sempre andando de mãos dadas. A radicalidade é infantil e a infantilidade é radical. Ela não é capaz de lidar com a abstração, com múltiplas possibilidades, com o diferente.
Como canta Caetano sobre Narciso, que acha feio o que não é espelho, assim são os infantis e radicais. Eles não têm fôlego para mergulhar até o sentido real dos fatos. São incapazes de alcançar as razões e por isso lutam com efeitos e sintomas, acreditando ser possível assim produzir resultados.
A radicalidade é o embrutecimento do espírito. Por isso revela orgulho na obtusidade e considera a violência uma virtude!
Faremos bem em nos lembrar que opiniões não são fatos e nossa interpretação de certo fato é apenas uma perspectiva e não toda a verdade sobre ele. Faremos bem em pensar sobre o que lemos e entender que não precisamos, o tempo todo, emitir nossa opinião. Especialmente se não gostamos do que alguém disse! Pois não gostar indica que aquilo chocou-se com algo em nós. E, se foi assim, há um proveito em se permitir avaliar as razões desse impacto. Não deveríamos desperdiçar essa oportunidade!
Faremos bem em repudiar os que empobrecem, dificultam e banalizam nossos espaços de comunicação: os haters, os produtores e encaminhadores de fake news, os intolerantes.
A sociedade, em qualquer dimensão, sempre muda a partir de pequenos começos. Uma voz não é pouca coisa. Seja essa voz! Sejamos vozes boas. Seguindo a orientação do apóstolo Paulo, que nosso falar seja saudável, temperado, como resposta correta a ser dada a cada pessoa (Col. 4.6)
Há muito sendo perdido por nossa incapacidade de nos comunicar, de lidar com opiniões diferentes.
Há pessoas que se apegam ferrenhamente a uma opinião, não por ser verdade, mas apenas por ser sua, já dizia Santo Agostinho. Esse apego jamais será uma virtude.
A violência, seja de que tipo for, jamais nos levará a um melhor lugar como pessoas ou sociedade. Aprendamos a dinâmica da mesa, da partilha, do respeito ao divergente, do amor ao próximo!
O peixe morre pela boca. E nós, pelas palavras mal ditas e pelo silêncio que fortalece a insensatez!
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