A tromboembolia pulmonar, também conhecida como TEP, é uma doença de alta letalidade, levando à morte 30% das pessoas por ela acometidas, segundo o especialista Hugo Hyung Bok Yoo, da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), em Botucatu (SP). Ela se manifesta pelo entupimento de trombos pulmonares, interrompendo o fluxo sanguíneo.
Foi por conta dessa doença letal que morreu na tarde desta quarta-feira (29), em Goiânia, onde estava internado há duas semanas, o cantor sertanejo Maurílio Ribeiro, 28 anos, que fazia dupla com Luíza. O artista sofreu uma TEP (trombolembolia pulmonar) e chegou a desmaiar durante o ensaio de uma outra dupla sertaneja.
No dia 15 de dezembro, Maurílio foi internado na UTI de um hospital de Goiânia. Sofreu três paradas cardíacas em função da tromboembolia. Nas últimas horas o quadro do músico se agravou, conforme boletim compartilhado pela sua assessoria de imprensa, que informava na manhã desta quarta-feira que a situação era grave.
No meio da tarde, foi anunciada a morte de Maurílio por meio de um comunicado divulgado pela assessoria do artista nesta tarde, assinado pelo médico Wandervan Antônio Azevedo, com o hospital comunicando, “com muito pesar”, o falecimento do cantor às 16h30. Nesta manhã, Luana Ramos, esposa do sertanejo compartilhou uma carta aberta para Deus e dizia ainda ter esperança.
Maurílio teve um mal-estar durante a gravação de um DVD, em Goiânia, no dia 15 de dezembro, e após sofrer três paradas cardíacas foi internado no Hospital Jardim América, mas foi transferido ao Instituto Ortopédico de Goiânia (IOG) após apresentar “estabilidade clínica”.
Um dia após a transferência do cantor, a mãe dele, Odaisa Delmonte, compartilhou um registro ao lado do filho em seu perfil no Instagram torcendo por sua recuperação. “Saudades do seu sorriso e do seu abraço. Acorda, filho, estamos te esperando”, escreveu na legenda.
Após o incidente com o cantor, a Work Show, escritório que cuida das apresentações da dupla, divulgou um comunicado sobre o cancelamento de dois shows que eles fariam, nos dias 17 e 18 de dezembro, nas cidades de Sorriso e Glória d’Oeste, ambas no Mato Grosso.
No dia 25 de dezembro, foi publicado no perfil da dupla uma foto com mensagem de Natal e agradecimento pelas orações a Maurílio. “Muita saúde e luz no coração de todos e, mais uma vez, o nosso agradecimento por todas as orações, doações e energia positiva para com nosso Maurílio!”.
O velório do músico será na cidade de Imperatriz, no Maranhão. A data e horário, no entanto, ainda não foram confirmadas pela assessoria dele.
HISTÓRIA E CARREIRA
Maranhense de Imperatriz, Maurílio chegou a estudar ciências contábeis antes de conhecer Luiza, que é mineira e passava férias no Maranhão, em 2016. Eles logo formaram a dupla e já em janeiro do ano seguinte gravaram o primeiro DVD de Luiza e Maurílio, com sua primeira música de trabalho: “To Bem”.
Já em 2018, a dupla lançou dois projetos, sendo que o segundo DVD, “Segunda Dose”, contou com participações de nomes como Alcione, Marília Mendonça (que morreu num acidente aéreo dia 5 de novembro em Caratinga-MG), Jorge e Gabriel Diniz. O grande sucesso da dupla, no entanto, veio com a música “S de Saudade” (2019), gravada com Zé Neto e Cristiano.
Neste ano, a dupla lançou os singles “Para em Mim de Novo”, com Jerry Smith; “Modo Avião”, com Dennis DJ; e “Só uma Moralzinha”, com Jerry Smith.
A morte de Maurílio é a segunda grande perda do sertanejo neste ano, somando-se à de Marília Mendonça. No acidente aéreo em Caratinga morreu mais quatro pessoas: um tio da cantora, seu produtor, o piloto e o co-piloto da aeronave.
O QUE É A TEP?
De acordo com texto elaborado pelo Dr. Hugo Hyung Bok Yoo, Pneumologista e Professor Adjunto responsável pela disciplina de Pneumologia-Departamento de Clínica Médica Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP, a TEP (tromboembolia pulmonar) aguda é uma das principais causas de emergência cardiovascular e, em cerca de 25% dos casos, a manifestação clínica inicial é a morte súbita.
A incidência anual varia de 23 a 69 casos para cada 100.000 habitantes, com mortalidade de até 30% nos pacientes não tratados e com redução desta taxa para 2,5 a 10% nos pacientes tratados adequadamente. Entre as doenças cardiovasculares é a 3ª causa de morte, ficando atrás somente de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular.
Nos Estados Unidos, cerca de 5 milhões de pacientes são acometidos anualmente por pelo menos um episódio de trombose venosa profunda (TVP) das pernas. Destes, 500 mil pacientes (10%) desenvolvem TEP e 10% (50 mil) acabam morrendo. Mesmo assim, apenas 30% dos casos de TEP são diagnosticadas antes do óbito.
Sintomas
O quadro clínico clássico da TEP, com dor torácica, dispneia súbita e hemoptise, ocorre em apenas 20% dos casos. Em geral, os sintomas e sinais de TEP submaciça são pouco evidentes e podem ser transitórios. Já na TEP maciça ou em pacientes com pouca reserva cardiovascular, as manifestações clínicas são mais intensas. Os sintomas mais frequentes são a dispneia, dor pleural, ansiedade, tosse, taquicardia, febre e hemoptise.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado inicialmente pela suspeita clínica de pacientes com quadro clínico sugestivo de TEP e desde que indicado a confirmação do diagnóstico é por meio de angiotomografia de tórax ou cintilografia pulmonar.
Tratamento
O tratamento inicial tradicional na fase aguda consiste em anticoagulação plena com heparina ou mais recentemente com anticoagulantes orais não dependentes de vitamina-K. Em situações especiais de emergência os trombolíticos poderão ser administrados para reverter a gravidade da doença.
Prevenção
A melhor forma de prevenir a doença é sempre manter alimentação saudável, boa hidratação e realizar exercícios físicos regularmente.
Quando há histórico familiar e/ou pessoal de trombose ou naqueles com fatores de risco como obesidade, imobilidade permanente (sequela de AVC por exemplo) ou temporária (fratura de perna, pós-operatório), gestantes, reposição hormonal, uso de anticoncepcional oral, portador de câncer e idade acima de 70 anos devem sempre se atentar para sintomas relatados anteriores e procurar serviço médico de emergência para serem avaliados. (Da Redação)
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