Muriel Lorensoni, representante do Espírito Santo, foi eleita a Miss Gay 2023 no concurso que elegeu a 41ª Miss Brasil Gay no último final de semana em Juiz de Fora (MG). A história de Muriel com concursos começou desde cedo, quando na infância já promovia pequenas competições na escola onde estudava.
No meio de tantos livros e focada nos estudos, Muriel descobriu a paixão por concursos após o doutorado em Estudos de Cultura Contemporânea na Universidade Federal do Mato Grosso. Capixaba de coração, o g1 conversou com Muriel sobre a sua trajetória até conquistar a coroa.
Paranaense, nascida na pequena cidade de Icaraíma no noroeste do Paraná, o amor por concursos de beleza surgiu aos 12 anos e foi só aumentando. Muriel Lorensoni é formada em Publicidade e Propaganda, Letras e Moda.
“Eu sempre me interessei por tudo que é artístico, tudo que de alguma forma envolve beleza. Eu já organizava no meu colégio concursos. E aí na minha fase adulta eu fiz publicidade, letras e moda. Depois veio a pós em gestão de moda e isso se tornou minha profissão de fato, comecei a coordenar concursos”, contou Muriel.
Foi a partir da observação profunda do que era seu próprio objeto de estudo, que Muriel se viu totalmente apaixonada nesse universo e foi orientada a começar a participar de fato daquilo que tanto admirava.
Os estudos de gênero estavam em eclosão no Brasil e eu comecei a partir disso a observar os concursos de miss com uma outra ótica. Aí meu orientador sugeriu que eu olhasse para os concursos de miss gay, do menino gay que performa como mulher e que mulher é essa que ele projeta. Em 2017 eu comecei a entender melhor o concurso de miss gay. Sou um doutor que virou miss pelo doutorado, a academia me trouxe até aqui”, explicou a miss.
Depois desse pontapé, a vida de Muriel começou a participar de vários concursos. Participou do Miss Gay em Mato Grosso e em Juiz de Fora.
“Eu participei do concurso em Mato Grosso e eu não tinha experiência nenhuma, a minha ideia era totalmente acadêmica, um experimento, vivenciar e entender esse universo. E eu fiquei em terceiro lugar. E em 2021 eu resolvi voltar e venci no concurso em Mato Grosso. Fui pra Juiz de Fora participar do Miss Brasil, mas não obtive colocação. Mas foi suficiente para ficar empolgada e decidida a voltar”, disse Muriel.
O desejo continuou em Muriel. E como a candidata não pode participar pelo mesmo estado mais de uma vez, ela começou a voltar seu olhar para o Espírito Santo, para conseguir representar o estado.
No concurso Miss Brasil Gay, a principal regra é que os concorrentes devem ser do sexo masculino, não podem ser travesti ou transexual, sendo proibidas as intervenções cirúrgicas estéticas. O evento é conhecido internacionalmente.
Capixaba de coração
Já totalmente por dentro do mundo dos concursos, Muriel sabia que o Espírito Santo é o estado com mais coroas e títulos no Miss Brasil. E foi com esse olhar que ela veio para o estado.
“Eu pensei que precisava disputar o concurso em um estado que possa agregar nessa minha jornada rumo a coroa e em abril desse ano ganhei o Miss Espírito Santo Gay. Eu não conhecia o estado, só conheci quando fui disputar”, comentou.
Com mais uma coroa na mão, Muriel contou que se apaixonou pelo estado que resolveu representar e se vê uma capixaba de coração.
“Me encantei pelo estado. Vitória é uma das capitais mais belas do país, uma das cidades mais lindas que eu já fui e também pelas pessoas, pela forma que fui acolhida E eu pude levar a nona coroa do concurso para o estado. Eu falo que meu coração tá dividido em três partes: Paraná, Mato Grosso e Capixaba”, relatou a miss.
Propagando o respeito e o empoderamento LGBTQIAPN+
Para Muriel, a maior missão após ganhar a coroa, é a mensagem que ela vai passar contra o preconceito.
“A Muriel só nasce no meu doutorado. Eu sempre olhei isso com muito carinho e deslumbre, mas não me via performando, não me identificava com isso. A minha maior mensagem hoje, além de propagar o respeito e o amor, é propagar o empoderamento LGBTQIAPN+”, afirmou a miss.
A miss destacou a importância que o concurso traz para o universo queer.
“A gente continua às margens, a gente ainda não tá no centro. Quando a gente consegue ver pessoas do universo quer em profissões de destaque, espaços políticos, a comunidade precisa ser representada e ter em quem se inspirar. Ter pessoas nesses locais para poder inspirar outros”, relatou.
Sobre dificuldades em aceitação, Muriel disse que acha importante sempre mostrar que o mais importante é se aceitar e que ter o apoio da família faz toda a diferença.
“A base de tudo isso é a família, como a família nos acolhe. Isso é algo muito valioso. Eu nunca tive problema em me aceitar, foi tudo muito tranquilo. Óbvio que sempre vai existir o preconceito, mas ele é velado. As pessoas têm muita admiração pela Muriel. Eu poderia ter optado por qualquer outra profissão, em qualquer outra área, mas eu sempre soube o que eu era. É isso, se amar como você é”, finalizou a miss. (Da Redação com g1 Zona da Mata e A Gazeta)
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