A decisão do coronel Alexandre Ramalho, ex-secretário de Estado de Segurança, de deixar o Podemos, partido aliado do governador Renato Casagrande (PSB), tem muitas implicações. A primeira delas é que essa desfiliação representa também a renúncia à primeira suplência da Câmara dos Deputados, que tem dois capixabas do Podemos: Gilson Daniel e Vitor Linhalis.
Com isso, o beneficiado é Bras Zagotto, vereador de Cachoeiro de Itapemirim, presidente da Câmara Municipal. Nascido em 02 de dezembro de 1958, em Conceição do Castelo, Braz tem o ensino médio completo e cumpre seu quarto mandato consecutivo.
Nos últimos 20 anos, trocou de partido três vezes. Em 2004, foi candidato a vereador pelo PTB, reelegendo-se pelo mesmo partido em 2008 e 2012. Em 2014, porém, foi candidato a deputado estadual pelo Solidariedade, pelo qual voltou a se eleger vereador em 2016. Já em 2020 conquistou seu sexto mandato pelo PV. Em 2022 ficou na segunda suplência de deputado federal pelo Podemos.
Ramalho teve 33.854 votos e ficou na primeira suplência. Bras veio muito atrás, na segunda suplência, com apenas 9.981 votos. Se houver alguma mexida na bancada capixaba do Podemos, é essa votação que o levará a Brasília. Desde 8 de agosto de 2017, quando assumiu a presidência como suplente, ele não deixou mais o comando da Câmara de Cachoeiro.
Para se ter uma ideia, Renzo Vasconcelos (PSC) teve 82.276 votos e Filipe Rigoni (União Brasil) teve 63.362 e Soraia Manato (PTB) 58.988 votos. Os três foram os mais votados de seus partidos, mas não conseguiram vagas porque a soma dos votos de todos os candidatos de seus respectivos partidos não conseguiu atingir o mínimo para conseguir uma vaga na Câmara.
Brás se define “de origem humilde”, nascido em Santo Antônio do Areião, no município de Conceição do Castelo, mas ainda criança mudou-se com a família para Cachoeiro de Itapemirim, indo morar no Bairro Vila Rica, onde reside até hoje.
Casado com a professora Sílvia Zagotto, Brás é pai de três filhos e avô de três netos. Começou a trabalhar aos 12 anos numa oficina de bicicletas e mais tarde tornou-se empreendedor abrindo a sua própria oficina.
Eleito vereador pela primeira vez em 1996, Brás está no sexto mandato consecutivo, sendo o atual presidente da Câmara Municipal de Vereadores. No início de sua trajetória na política, o parlamentar trabalhou muito pelo seu bairro, o Vila Rica, “ajudando a transformá-lo em um dos melhores e mais estruturados de Cachoeiro”.
Além de vereador, Brás já atuou como Secretário Municipal de Defesa Civil, de Interior e de Serviços Urbanos, além de ter sido presidente da Associação de Moradores do Bairro Vila Rica por cerca de dez anos.
Outras implicações da saída de Ramalho do Podemos é que, se decidir ser candidato a algum cargo nas eleições municipais de 2024, poderá estar num campo contrário ao governador Renato Casagrande, de quem foi secretário nos últimos quatro anos, apenas com o intervalo da incompatibilização visando à disputa de mandato em 2022.
NOTA DO PODEMOS
Em nota, o Podemos disse lamentar a decisão de Ramalho e que segue “trabalhando pra o fortalecimento coletivo” do partido. O partido diz: “Trabalhamos o tempo todo para que Ramalho permanecesse no Podemos e concorresse à prefeitura de Vitória, uma vez que em Vila Velha temos o projeto prioritário do partido, que é a reeleição do prefeito Arnaldinho Borgo”.
E acrescenta: “A constituição partidária é uma atividade coletiva, realizada a muitas mãos, em uma caminhada conjunta com o projeto liderado pelo governador Renato Casagrande. O diretório do partido esteve sempre de portas abertas para o diálogo e a participação do Coronel Ramalho nas decisões partidárias”. (Da Redação)
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