Nos anos 80 do século passado, na esteira dos festivais “Abertura”, da TV Globo, para matar saudades da onda de festivais com alta dose de contestação ao regime militar dos anos 60, estudantes da então Faculdade de Agronomia de Alegre (ES), resolveram também realizar seu festival.
No início era coisa de estudantes e assustava a conservadora cidade da região do Caparaó, no Sul do Estado, pela fauna de bichos-grilo que reunia. O cúmulo foi quando a estudantada resolveu fazer uma edição na Cachoeira da Fumaça e virou uma woodstock tupiniquim. A liberalidade andou solta e a maresia chegou à tradicional família alegrense
Juntando-se à má reputação veio o fator de dispersão dos organizadores. Os alunos foram formando e partindo para outros lugares. O festival acabou, mas ficou a semente, regada alguns poucos anos depois pelo então jovem médico Ângelo Sobreira, que havia estudado no Rio de Janeiro.
“Eu estava voltando e queria uma forma de divulgar a cidade. Peguei a ideia, adquiri o direito sofre o evento e começamos a fazer o Festival de Música de Alegre, mesclando shows de artistas conhecidos com as apresentações dos novatos. Era uma estratégia para atrair o público”, disse Ângelo.
O RETORNO
O Festival de Alegre ficou famoso até no Exterior, chegou a atrair quase 100 mil pessoas e impactava a economia local durante uma semana. A mostra competitiva ficou de lado e virou um festival de grandes shows até parar de ser realizado. Mas marcou uma geração inteira.
A onda saudosista toma conta de vez do Espírito Santo com o anúncio, último dia 6, que o Festival de Alegre está de volta. Sem a mostra competitiva, uma pena.
“Será no feriadão de Corpus Christi, que vai de 8 a 10 de junho de 2023, mantendo a tradição”, revela o empresário Ângelo Sobreira.
A última edição aconteceu em 2015 com shows de Luan Santana, Anitta, Ivete Sangalo, Jota Quest, Soja, Jorge e Mateus e muitos outros. Em 2017, a ATS Promoções e Eventos, empresa que Ângelo é o diretor, cogitava um retorno do Festival de Alegre em 2019, o que não aconteceu.
Ângelo conta que a ideia era voltar com o evento antes. Porém, a pandemia atrapalhou os planos nos últimos anos.
O prefeito de Alegre, Nemrod Emerick, comemorou o retorno. Até o famoso Rock da Tarde está nos planos da organização e da Prefeitura de Alegre. “Até o famoso Rock da Tarde está nos planos da organização e da Prefeitura de Alegre. “Vamos alinhar tudo com a organização nos próximos meses. Vamos oferecer a estrutura de rua e o que for necessario para recebermos os nossos visitantes. Sabemos que o Festival de Alegre recebe pessoas de todo o país e vamos nos organizar para receber todos”, diz o prefeito.
Ângelo conta que tem a expectativa de reunir um público amplo, assim como o Vital fez em setembro. “Teve gente que nasceu e cresceu com o festival. E lembro de muita gente querendo voltar e matar a saudade. Muita gente me perguntava dessa volta. Então, acredito que eles vão até levando seus filhos”, revela o empresário.
Apesar do anúncio do retorno, ainda não há informações sobre previsão de início das vendas ou valores de ingressos. “Acredito que por volta de janeiro, após fecharmos as questões de programação, devemos iniciar a divulgação das entradas”.
De acordo com Ângelo, a ideia é manter o mesmo formato da última edição ocorrida há sete anos, assim como o local: o Parque de Exposições de Alegre, em Vila Reis.
“Será no mesmo formato, mas trazendo novidades do meio musical. Estamos fazendo pesquisas do que o público quer ver. Então, quem estiver em alta, pode estar no Festival de Alegre 2023. Afinal, mantendo a tradição, vamos pegar o que tem de melhor do pop/rock, do sertanejo universitário, do samba, da música eletrônica e do funk”, conta o empresário, afirmando que serão de quatro a cinco atrações por noite. (José Caldas da Costa)
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