O estatuto de criação da Libra (Liga do Futebol Brasileiro), assinado nesta terça-feira, 3, prevê que todas as decisões sobre divisão de receitas só terão tomadas por unanimidade.
É o que diz o artigo 83 do documento de 37 páginas assinado nesta terça-feira por oito clubes, seis deles da Série A (Bragantino, Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Santos e São Paulo) e dois da série B (Cruzeiro e Ponte Preta)
“Os critérios de repartição entre os Clubes Associados […] serão aqueles que vierem a ser aprovados pela unanimidade dos Clubes Associados.”
A futura divisão de receitas é motivo de divergências entre dois grupos: de um lado, os seis clubes da Série A que assinaram a criação da Libra; do outro, os 14 que não assinaram. Na noite de terça-feira, horas depois da reunião em São Paulo, o grupo de 14 divulgou um comunicado no qual explica os motivos para ter tomado essa decisão.
Pessoas que defendem a criação da Liga questionam a estratégia do grupo dos 14, usando o argumento de que é mais fácil formalizar imediatamente a entidade e depois discutir os critérios, já que as decisões só serão tomadas de maneira unânime.
Do outro lado, no grupo liderado pelo movimento “Forte Futebol” há o receio de assinar a entrada na Libra agora e depois não conseguirem unanimidade para conseguir aprovar eventuais mudanças. As discussões vão continuar pelo menos até o dia 12 de maio, quando clubes das Séries A e B vão se reunir na CBF.
Justiça Desportiva própria, sede em São Paulo
O estatuto da Liga também prevê a criação de uma estrutura própria para resolver questões disciplinares, papel que no caso do Campeonato Brasileiro das Séries A e B, competições que a Libra quer organizar, hoje cabe ao STJD.
A estrutura prevê a criação de uma Assembleia Geral formada pelos 40 clubes, com peso 2 para os votos dos clubes da Série A e peso 1 para os votos dos clubes da Série B. Este órgão vai tomar as principais decisões, como aprovar contas e aprovar a inclusão ou a exclusão de clubes.
Além disso, cada divisão terá um Conselho Deliberativo próprio – formado pelos 20 clubes que disputam as competições em cada ano. Daí sairão os sete indicados para compor o Conselho de Administração, com cinco nomes indicados pelos clubes da Série A e dois nomes indicados pelos times da Série B.
Este Conselho de Administração vai indicar os ocupantes da presidência e da secretaria-geral, que terão mandato de três anos, com apenas uma recondução permitida.
Proposta de divisão de receita
Além do estatuto, circulou entre os clubes na reunião desta terça-feira um anexo de duas páginas com explicações sobre como funcionaria a divisão de receitas da Liga. Segundo os autores da proposta, esses parâmetros podem ser discutidos em discussões entre os clubes.
40% da receita dividida em partes iguais entre os clubes que disputarem a competição
30% da receita dividida de acordo com a classificação final do clube, com diferença de 6x (nesse quesito específico) entre o campeão e o 16º colocado. Os quatro últimos receberiam metade do 16º.
30% da receita vinculada ao engajamento do torcedor, segundo cinco pilares:
Média de público nos estádios
Base de assinantes de cada clube nos pacotes de streaming do campeonato
Número de seguidores acumulados e engajamento nas cinco principais Redes Sociais
Audiência na TV Aberta
Tamanho de Torcida.
Os critérios para definir cada um desses quesitos também só seriam aprovados por unanimidade entre todos os clubes das Séries A e B.
Os clubes que não assinaram o documento na terça querem que a divisão seja no modelo 50% divididos igualmente, 25% por performance e 25% da receita nos critérios de engajamento, que poderia ser rediscutida adiante. Esses percentuais são idênticos aos da Premier League.
Outro divergência diz respeito à imposição de um teto para regular a diferença entre o que ganha o primeiro colocado nos critérios de avaliação e o último. Ou seja, nos itens regulados por performance esportiva e engajamento, o grupo dos 14 deseja que o primeiro da lista não receba mais do que 3,5 vezes o que ganhará o último.
A próxima semana será de articulações e discussões entre os dois lados. Está marcada uma reunião para o dia 12 de maio, na CBF, para o assunto voltar a ser discutido formalmente. (Da Redação com ge)




















