*Weber Andrade
Fazia muito tempo, décadas após décadas, que o aniversário de Barra de São Francisco era comemorado no início de outubro, junto com o Dia do Padroeiro, São Francisco de Assis. Era uma vitória do povo católico, hoje minoria no município. A data passou a ser considerada por muitos desavisados, como a da emancipação político-administrativa do antigo Patrimônio de São Sebastião que, por sua vez, pertencia a outro município com nome de santo: São Mateus.
São Sebastião era um soldado romano cristão que morreu por espancamento – primeiro tentaram com flechas, mas ele não morreu e foi salvo por uma mulher de nome Irene, que virou santa. Só depois que ele resolveu aparecer de novo diante do malvado Diocleciano, é que foi espancado até não conseguir voltar.
São Sebastião, por certo, não se importou que os moradores do patrimônio ao qual emprestara o nome, decidissem por homenagear outro santo, o São Francisco, por causa do rio que por aqui passa. Assim, a cidade virou a Barra do São Francisco e mais tarde, Barra de São Francisco.
São Francisco, o santo considerado pai dos pobres, amigo da natureza, com certeza, estava feliz e tranquilo com a reverência e deferência da cidade, que além de festejar a data do seu nascimento, 4 de outubro, fez dela o dia da Festa da Cidade.
Mas o prefeito Enivaldo dos Anjos, católico, cristão e muito amigo da justiça, ao voltar para exercer um segundo mandato na sua terra natal, quis fazer justiça à data real da emancipação e, contam alguns – proporcionar mais uma festa para o povo, já que a Festa do Padroeiro acontece todos os anos e independe da Prefeitura.
Em 2021, as chuvas andaram caindo com força nos últimos dias do ano, quando artistas como o querido Amado Batista vieram cantar na cidade. É que Enivaldo transferiu o evento mesmo para o final do ano, afinal, o município foi desmembrado de São Mateus e renomeado no último dia de 1943.
Este ano, o prefeito quis novamente que a festa de emancipação coincidisse com as festas de fim de ano. Quase deu tudo certo, mas a chuva continuava a cair durante os eventos, principalmente à noite. Só neste domingo, dia de Natal, é que a natureza deu folga.
E o prefeito, percebendo como é difícil lutar contra as forças da natureza, anunciou que, a partir do ano que vem, a festa volta a acontecer em outubro. Não será no início do mês, junto com a Festa do Padroeiro, mas será novamente em outubro.
Resumindo: São Francisco, na sua humildade, parece que não gostou de ter a festa da cidade retirada do seu mês de nascimento e deve ter combinado lá com São Pedro para que a ideia do prefeito não fosse adiante. Portanto, vitória do santo.
*Weber Andrade é jornalista, editor de conteúdo da TNL
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