Um dos quatro cidadãos capixabas cuja prisão foi pedida ao ministro Alexandre Moraes, do STF, pela promotora Luciana Andrade, chefe do Ministério Público do Espírito Santo, o vereador Armandinho Fontoura (Podemos), presidente eleito da Câmara de Vitória (assumiria a Mesa Diretora a partir de janeiro), se entregou na Superintendência Regional da Polícia Federal, em São Torquato, Vila Velha, acompanhado de seu advogado, no final da tarde desta quinta-feira (15).
Em nota à imprensa, o vereador se disse surpreso e negou participação em atos antidemocráticos. Esta é a nota assinada pelo gabinete do vereador:
“Causa espanto o envolvimento do vereador numa operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e relacionada à investigação sobre atos antidemocráticos contra o resultado das eleições. O vereador não frequentou nenhuma manifestação antidemocrática, não incentivou a realização delas, tampouco as patrocinou. A própria imprensa nunca registrou nenhum tipo de ato semelhante. O vereador não compreende porque suas opiniões, de cunho conservador e liberal, sejam motivo para uma operação que fere a liberdade de expressão – sobretudo enquanto representante da população no parlamento municipal. Agora se coloca à disposição da Justiça para esclarecer todos os fatos. Sua defesa técnica vai tomar todas as medidas jurídicas cabíveis”.
De acordo com fontes da coluna Letícia Gonçalves, em A Gazeta, as buscas no gabinete de Armandinho resultaram na apreensão de três computadores e alguns documentos. Armandinho não estava no local no momento da chegada dos policiais, por volta das 7h.
No meio da manhã, viaturas da Polícia Federal foram vistas na Praia do Canto, região onde mora o vereador. A operação provocou uma reunião de emergência entre o presidente da Câmara, vereador Davi Esmael, e o corregedor, vereador Anderson Goggi.
Desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (15), a Polícia Federal está em diligências para cumprir 23 mandados de busca e apreensão em cidades do Espírito Santo, dois deles nos gabinetes dos deputados Capitão Assumção (PL) e Carlos Von (DC), onde apreenderam computadores, bem como quatro mandados de prisão contra um político, um microempresário, um pastor evangélico e um jornalista.
De acordo com uma fonte da Tribuna Norte-Leste, o deputado Carlos Von, que não estava no gabinete pela manhã quando os agentes da Federal apareceram, compareceu no início da tarde à Superintendência da PF para entregar seu passaporte e teria deixado o local usando uma tornozeleira eletrônica. Pouco antes das 16 horas, Von confirmou, em um grupo de whatsapp entre deputados estaduais, que está usando tornozeleira eletrônica. A assessoria de Assumção não quis confirmar se o deputado também compareceria à Polícia Federal.
Pela manhã, o jornalista Elimar Côrtes informou em seu blog que o jornalista Jackson Rangel, do portal Folha do Espírito Santo, de Cachoeiro de Itapemirim, estava foragido. A TNL tentou contato com o jornalista, mas não obteve êxito. Jornalistas de Cachoeiro também não estavam conseguindo. No meio da tarde, a jornalista Fabiana Tostes anunciou em sua coluna no site Folha Vitória que Jackson teria se entregado à delegacia da Polícia Federal em sua cidade e encaminhado ao Centro de Detenção Provisória para encaminhamento ao Presídio de Viana, na Grande Vitória.
Os outros dois mandados de prisão foram expedidos contra o pastor evangélico Fabiano Oliveira (veja no vídeo) e o microempresário Maxione Pitangui de Abreu, conhecido como Max Pitangui, que foi candidato derrotado a deputado estadual. Todos os casos estão relacionados aos atos antidemocráticos que passaram a ocorrer por parte de pessoas da extrema direita contra o resultado das eleições de outubro.
Ainda hoje, pela manhã, o pastor Fabiano gravou dois vídeos. No primeiro, às 8 horas, apenas incentivou a resistência da militância de extrema direita. Em outro vídeo, em frente ao Batalhão do 38º Batalhão de Infantaria, em Vila Velha, mais tarde, ele voltava a anunciar ter tido sua prisão decretada pelo ministro Alexandre, voltou a convocar a militância de extrema direita a resistir, mas, desta vez, aproveitou para xingar o ministro que decretou sua prisão (veja vídeo).
O vereador Armandinho apoiou, nas eleições de 2022, o presidente Jair Bolsonaro para a Presidência da República e o ex-deputado federal Carlos Manato, ambos do PL, para o Palácio Anchieta.
A Polícia Federal limitou-se, nas suas informações, à nota dizendo que “cumpriu 23 mandados de busca e apreensão, 4 mandados de prisão preventiva e outras determinações de medidas diversas (nos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Guarapari e Cachoeiro de Itapemirim) determinadas pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nos autos do Inquérito 4.781/DF, em atendimento à representação da Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Espírito Santo (PGJ/ES).”
(Da Redação com Letícia Gonçalves/A Gazeta e Blog do Elimar Côrtes)
Veja também
Comente este post