Na semana passada, levantamos os nossos olhos para os morros de Vitória. Neste Dia Mundial do Turismo, 27 de setembro, que tal continuarmos nossa viagem com um outro olhar sobre a segunda melhor cidade do Brasil para se viver à Beira-Mar saindo dos morros para os manguezais?
Vitória é uma ilha, com um porção continental na sua região Norte, cercada de manguezais, que ajudan a cidade a respirar.
Antes, vamos registrar aqui os mais recentes indicadores de que “viver é ver Vitória”, como definiu o artista Marien Calixte há cinco décadas. Afinal, turista procura por isso. Por exemplo, a cidade recebeu do Ministério do Turismo a mais alta classificação, após serem avaliados infraestrutura, envolvimento comunitário, acolhimento aos visitantes e o impacto econômico que o turismo traz à cidade.
Da Universidade de Exter, Inglaterra, que envolveu 26 mil pessoas numa pesquisa, a capital capixaba recebeu a classificação de segunda melhor cidade para se viver à beira-mar no Brasil, como sinônimo de felicidade. Com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), na casa dos 0,845, Vitória está entre as dez melhores cidade do País, e reúne num só espaço cultura, economia, lazer e patrimônio histórico.
Ainda há muito por fazer, mas, assim como na vida, o turismo também requer um passo de cada vez. Que o digam os que sobrevivem do que oferecem os manguezais: um passo de cada vez. Então, vamos ao tema, com um conselho: visitem antes que os manguezais acabem.
BIODIVERSIDADE
Os manguezais são ecossistemas raros, espetaculares e prolíficos na fronteira entre a terra e o mar. Esses ecossistemas extraordinários contribuem para o bem-estar, segurança alimentar e proteção das comunidades costeiras em todo o mundo. Eles sustentam uma rica biodiversidade e fornecem um habitat valioso para peixes e crustáceos.
Os manguezais também atuam como uma forma de defesa costeira natural contra tempestades, tsunamis, aumento do nível do mar e erosão. Seus solos são sumidouros de carbono altamente eficazes, capazes de reter grandes quantidades de carbono.
No entanto, os manguezais estão desaparecendo três a cinco vezes mais rápido do que as perdas florestais no mundo em geral, com sérios impactos ecológicos e socioeconômicos. As estimativas atuais indicam que a cobertura de mangue foi dividida por dois nos últimos 40 anos.
Os manguezais estão em perigo: estima-se que mais de três quartos dos manguezais do mundo estão ameaçados e com eles todos os organismos aquáticos e terrestres que dependem deles. É por isso que a UNESCO decidiu agir para protegê-los, juntamente com outros valiosos ecossistemas de carbono azul, por meio dos seus Geoparques, sítios do Patrimônio Mundial e Reservas da Biosfera.
Os manguezais desempenham um papel fundamental na mitigação do clima.
O Brasil possui a segunda maior área de manguezais do mundo e a maior floresta contínua de manguezais do planeta.
São mais de 13 mil km quadrados desse ecossistema no país, o que equivale a 10 vezes a área da cidade do Rio de Janeiro. Manguezais são encontrados do litoral de Santa Catarina ao Amapá.
Mais de 40% da área de manguezais do mundo está localizada em apenas quatro países: Indonésia (19% do total mundial), Brasil (9%), Nigéria (7%) e México (6%), segundo a FAO.
26 de julho é o Dia Internacional para a Conservação do Ecossistema de Manguezais e a ONU destaca que, apesar de representarem menos de 1% de todas as florestas tropicais do mundo, os manguezais têm um papel crítico na mitigação da mudança climática.
Os solos de mangue são sumidouros de carbono altamente eficazes, retendo grandes quantidades de carbono e impedindo-o de entrar na atmosfera. Os manguezais estão em perigo: estima-se que mais de três quartos dos manguezais do mundo estão ameaçados e com eles todos os organismos aquáticos e terrestres que dependem deles.
O Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) destaca que mudanças na extensão de manguezais podem impactar mais de mil espécies associadas a esse ecossistema. Dentre elas estão aves, peixes, plantas, mamíferos, répteis e anfíbios.
Os dados foram revelados pelo relatório “Décadas de Mudança nos Manguezais: O Que Isso Significa para a Natureza, as Pessoas e o Clima?”, publicado em maio de 2023.
Segundo o estudo, existem 203 espécies de plantas, 603 espécies de vertebrados aquáticos e 1079 espécies de pássaros associadas aos mangues.
O relatório reforça a necessidade de melhorar nosso conhecimento sobre quais espécies usam e dependem dos manguezais. O objetivo é entender melhor as consequências das mudanças nesses ecossistemas para as pessoas e para a biodiversidade.
Os dados apontam que a perda global de manguezais se estabilizou desde 2020. Ao redor de muitos dos grandes rios, estuários e deltas do mundo, como o Amazonas no Brasil, o Indragiri em Sumatra e o Delta Amacura na Venezuela os mangues voltaram a crescer.
IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS DE MANGUEZAL
Aterro e Desmatamento
Queimadas
Deposição de lixo
Lançamento de esgoto
Lançamentos de efluentes industriais
Dragagens
Construções de marinas
Pesca predatória
Momentos que guardamos para sempre e te convido a conhecer o maior manguezal urbano do Brasil e um dos maiores do mundo.
VEM PARA VITÓRIA
O manguezal, ecossistema que confere uma beleza singular à orla noroeste de Vitória, ganhou um dia para homenagem devido à importância de ser berçário do mar pelas ricas fauna e flora. Foi instituído, no dia 26 de julho, o Dia do Manguezal no calendário oficial de datas e eventos de Vitória.
Atualmente, Vitória conta com 11 quilômetros quadrados de área de manguezal extensão que faz dele o maior mangue urbano do país e faz um trabalho de proteção e recuperação na Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão, no Parque Natural Municipal Dom Luis Gonzaga Fernandes (Baía Noroeste) e nas áreas remanescentes de manguezal (UFES, Ilha do Campinho e algumas franjas da orla).
O manguezal também é importante pelos recursos naturais que produz e que servem de sustento a famílias de pescadores e catadores de crustáceos (caranguejo, siri e camarão) e de moluscos (mexilhão e ostra). Esses produtos são a essência da gastronomia capixaba, em pratos como a moqueca e a torta. Do manguezal também é extraído o tanino utilizado na confecção das famosas panelas de barro, símbolo da cultura local.
PASSEIO
O passeio começa pelo bairro Maria Ortiz a partir da Rua Professora Ocarlina Drumond de Carvalho, ponto de encontro e de embarque para o passeio.
Cada passeio tem suas características, seja como forma de alimento para as espécies oriundas da região, ou para a confecção das famosas panelas de barro, símbolo da cultura capixaba, mas é indiscutível como salta aos olhos o mangue preto. Suas raízes emergem das águas como canudos auxiliando na respiração. O mangue tem as seguintes colorações: branco, preto e vermelho.
Durante o passeio é observado o esplendoroso Monte Mestre Álvaro, orientando a navegação pelo curso do rio Santa Maria. Já na volta é contemplado o pôr do sol, avistando-se aves por entre os galhos das árvores do manguezal.
MANGUEZAL DE VITÓRIA
Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão (EEMIL)
Criada inicialmente como Reserva Ecológica pela Lei Municipal Nº 3.326 de 27 de maio de 1986, essa categoria foi logo alterada para Estação Ecológica pela Lei Municipal nº 3.377 em 15 de setembro de 1986. Com cerca de 891.83ha, a Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão (EEMIL) é composta em sua maior parte de Manguezal (92,66%) seguida da Restinga com vegetação Rupestre, Alagados e Apicum.
A Estação Ecológica pertence ao grupo das Unidades de Conservação de Proteção Integral de uso mais restrito, sendo admitida apenas a realização de pesquisas científicas, porém, é possível fotografar seu entorno, com todas as espécies de aves aquáticas, com barcos.
Opção de lazer para a população, visitantes e turistas nos mangues e na Ilha de Vitória.
Conversando com o Capitão Grilo – (27) 99833-5447
VOLTA DA ILHA DE VITÓRIA
Pacote
• Passeio de lancha Volta à Ilha de Vitória
• Guia de turismo ou condutor local
• Marinheiros profissionais
• Equipamentos de segurança
• Boias e máscaras de recreação
Paradas para banho
• Praia Sacré Coeur
Panorâmicos
• Convento da Penha
• Morro do Moreno
• Ilha do Boi
• Canal de Vitória
• Penedo
• Porto de Vitória e Vila Velha
• Palácio Anchieta
• Museu Vale
• Cais Hidro Avião
• Basílica Stº Antônio
• Canal dos Escravos
PARADA SECA
Ilha das Caieiras – polo gastronômico de culinária tradicional capixaba
• Restaurante Ilha Bella Vix ( almoço opcional )
DICAS PARA O PASSEIO
Proteção solar
Roupas leves
Toalha
Hidratação
Alimentos leves
Doc. de identificação
Valor por adulto
R$ 159,00
Duração média de 5h
Os embarques são realizados no pier dos pescadores de Vila Velha ( Prainha ) e de Vitória ( Enseada do Suá ).
Esse roteiro sai geralmente todo o domingo e feriados para reservas individuais e lancha compartilhada.
Metade do percurso é pelo manguezal, apresentando algumas de suas características, assim como, algumas espécies encontradas na região.
Apresentamos as espécies de garças:
Colhereiro
Garça Azul
Garça Moura
-As características do mangue vermelho.
-canal dos Escravos e sua história
Conversa com a bióloga Jeane Santos
“Eu organizo e ministro cursos, palestras, oficinas e aulas de campo em ambientes costeiros e marinhos. Eu utilizo os passeios dos dois para ministrar alguma temas dos cursos. Ainda não rolou nenhum em parceria com eles e retornando com os cursos e aulas de campo”, disse a bióloga Jeane Santos de Jesus.
“E, a princípio, dias 14 e 15/10/2023 terá um curso ‘Ambientes costeiros e marinhos de Vitória ‘, onde terá o passeio de barco Volta a Ilha de Vitória com o capitão Grilo e uma aula de campo na praia com a maré baixa. Na prefeitura de Vitória tem um projeto chamado Mangueando na Educação. Onde ocorre capacitações com professores e aulas no manguezal da UFES.
A escola interessada precisa entrar em contato com a SEMMAM para agendar e ver a possibilidade.
Na Escola da Ciência, Biologia e História – ECBH que fica no Sambão do Povo tem representações dos ecossistemas capixabas E tem um aquário Manguezal. A ECBH recebe escolas públicas e privadas, visitação no geral. Eu vou falar de uma forma mais geral, porque acabo estudando o manguezal assim.
Nos últimos 7 anos fiquei focada na baleia Jubarte e outros cetáceos (baleias e golfinhos). O manguezal é importantíssimo. Armazena mais carbono que as outras florestas, protege a zona costeira. Locais com manguezais degradados sofrem mais com a erosão marinha, e etc. A região dos manguezais sofre muito com a especulação imobiliária, industrial, poluição por esgoto doméstico e outros impactos. Na Grande Vitória temos a Ilha do Lameirão, considerado o maior manguezal urbano da América latina. É uma unidade de conservação.
Esse ecossistema costeiro, que compreende toda a baía da cidade, desde Santo Antônio até o bairro Jabour, é fundamental para o equilíbrio ecológico. Devido a sua grande biodiversidade, o mangue é um grande berçário natural para aves, peixes, moluscos e crustáceos, sendo um dos ecossistemas mais importantes do planeta”.
MANGUEANDO NA EDUCAÇÃO
A educação ambiental está presente na vida das crianças e estudantes dos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei) e Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef) de Vitória. Nesta semana, o projeto “Mangueando na Educação”, desenvolvido pela Gerência de Educação Ambiental (GEA), passou pelo Cmei “Georgina da Trindade Farias” e Cmei “Nelcy da Silva Braga”.
O projeto “Mangueando na Educação” visa ampliar o nível de conscientização da população, principalmente dos estudantes da rede pública de Vitória em relação à importância da preservação e conservação do ecossistema manguezal.
O CMEI “Georgina da Trindade Farias”, que fica no bairro São José, vão até o Parque Dom Luiz Gonzaga Fernandes para ter contato direto com o ecossistema, por meio de vivências, aprendizados e troca de saberes. Ao longo da programação aconteceram diversas brincadeiras, dinâmicas, alongamentos, trilhas em torno do manguezal, um mutirão de limpeza “simbólico” com os estudantes.
MANGUES X MANGUEZAIS: Saiba a diferença
Os mangues são espécies vegetais encontradas nos manguezais. Já os manguezais são um ecossistema localizado em regiões litorâneas, com um ambiente formado por uma água salobra, resultante do encontro da água doce com a do mar, o que torna esse lugar um espaço sensível ao equilíbrio entre esses dois cursos d’água.
Como são os mangues:
Mangue ou mangal é uma formação vegetal de regiões alagadiças e ocorre apenas em regiões tropicais ou subtropicais no encontro entre o rio e o mar. É facilmente reconhecido pelas árvores com raízes expostas e solo lamacento.
Como diferenciar o tipo de mangues:
Mangue preto ou Seriba (Avicennia schaueriana): Possui ramificações verticais que servem para recolher oxigênio do ar, e se desenvolvem em maior número; Mangue branco (Laguncularia racemosa): Encontrado nos terrenos mais altos e de solo mais firme. É semelhante ao mangue preto, porém, se desenvolve em menor quantidade
O que os mangues produzem:
Os mangues produzem mais de 95% do alimento que o homem captura do mar. Sua manutenção é vital para a subsistência das comunidades pesqueiras que vivem em seu entorno. A vegetação de mangue serve para fixar as terras, impedindo assim a erosão e ao mesmo tempo estabilizando a costa.
Como os manguezais foram formados e quando:
Os mangues são formados pela mistura da água salgada dos mares com a água doce dos rios, o que faz que seu fundo tenha bastante lodo e pouca oxigenação, além de muita matéria orgânica. O manguezal pode ser diferenciado entre mangue-preto (siriúba), mangue-vermelho (mangueiro) e mangue-branco (tinteiro).
Que animais se produzem nos manguezais:
Peixes como sardinhas, garoupas, tainhas, manjubas, cavalos-marinhos e até tubarões também frequentam o mangue para reprodução e alimentação, e fazem parte deste cenário um dos maiores mamíferos brasileiros: o peixe- boi marinho e o curiosíssimo sagui, que andando em bandos, estes macaquinhos, opostos ao peixe-boi …
Qual o principal animal dos manguezais:
Mas existem também os animais que têm no manguezal a sua principal morada. É o caso dos caranguejos, sururus, taiobas, mariscos em geral e ostras. Estes animais acabaram por desenvolver habilidades adaptativas que permitem a eles suportarem as variações diárias do ecossistema.
E então: animado para fazer um passeio pelos nossos manguezais?
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