A pessoa mais idosa e viva morando no Espírito Santo está imunizada contra o novocoravírus. Dona Maria Rita Pereira, 114 anos, recebeu a vacina na manhã desta quarta-feira, 20, na casa onde mora em companhia da filha, Zenilda Rita de Jesus, no bairro Nova Barra.
A vacina demorou uma hora e meia além do previsto, porque o pessoal técnico da Superintendência Regional de Saúde de São Mateus chegou a Barra de São Francisco com a determinação da Secretaria de Estado (Sesa) para vacinar, primeiramente, os internos do asilo de idosos.
Morando numa casa simples, num canto de rua do bairro Nova Barra (Vaquejada), junto com a filha e netos, tendo outros parentes no mesmo quintal, dona Maria Rita recebeu a primeira dose da vacina às 11h30 e está pronta para vencer a pandemia e viver mais 50 anos, como é seu desejo.
Com simplicidade, Zenilda Rita de Jesus, a dona Santa, 71 anos, que cuida da mãe há mais de 30 anos, depois que a irmã mais velha morreu, ficou entre preocupada e aliviada com a vacina: “A gente fica preocupada, mas, se tem de tomar, vamos tomar. Fico feliz que minha mãe seja a primeira pessoa da cidade a tomar a vacina, mas o que a gente quer é que todo mundo possa ter a vacina para ficar livre dessa doença. Graças a Deus, estamos aqui quietinhos, protegidos”.
Dona Rita não sabia bem porque estava “tomando injeção”, mas levantou cedo e se arrumou para receber as visitas. Uma quebra de rotina, porque ela costuma dormir até 11 horas da manhã. “Se não chamar, ela fica dormindo”, conta dona Santa.
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Apesar de ter mandado vacinar dona Maria Rita como homenagem, o prefeito Enivaldo dos Anjos não quis participar do momento. “Temos quase 2 mil pessoas contaminadas na cidade, já morreram 58. Comemorar o que? Vida longa à dona Maria Rita”, limitou-se a comentar Enivaldo.
No último dia 15, dona Maria Rita completou 114 anos. Desde que a história dela começou a ser divulgada, quando foi descoberta pelo prefeito anterior, Alencar Marim, durante a entrega de títulos de posse do lote onde está construída a casa da família, os parentes de longe começaram a fazer contato e a buscar mais informações. Segundo dona Santa, estava todo mundo preparado para uma grande festa de aniversário, com parentes vindo de todo o Brasil.
Um fazendeiro da cidade ofereceu a festa em sua propriedade, mas a pandemia fez os sonhos serem adiados para o aniversário de 115 anos em 2022. O deste ano foi marcado por um culto em família, celebrado pelo pastor da igreja evangélica que eles frequentam na periferia da cidade. E teve até visita da secretária de Cultura, Israelle Cândido, que foi levar uma cesta oferecida pelo prefeito da cidade, Enivaldo dos Anjos, que preferiu não expor a si e a dona Rita com uma visita de cortesia.
O município de Barra de São Francisco recebeu apenas 278 doses da vacina nessa primeira etapa, enviadas pela Secretaria de Estado da Saúde. Destas, 245 doses destinam-se a profissionais de saúde da linha de frente de atendimento. Dona Maria Rita recebeu uma das outras 33, e as outras foram destinadas aos internos do Abrigo dos Idosos, segundo o secretário de Saúde, Gustavo Lacerda, que também é o vice-prefeito da cidade.
Dona Maria Rita é a pessoa mais idosa do Espírito Santo e, possivelmente, a terceira do Brasil. A mulher mais idosa do Espírito Santo era dona Esberta Evangelista dos Santos, a dona Caçula, que nasceu, viveu e morreu em São Mateus, no ano passado, pouco depois de completar 115 anos no dia 18 de janeiro de 2020.
Não há nenhum registro na mídia sobre o aniversário deste ano de dona Severina Conceição, nascida no dia 7 de janeiro de 1904 e que, no ano passado, comemorou 116 anos firme e forte em Recife (PE). Já dona Inocência Vieira de Jesus, nascida em 16 de julho de 1906, apenas seis meses antes de dona Rita, mora em Paulo Afonso (BA). A coluna ainda está buscando informações sobre essas duas centenárias brasileiras, que estão, assim como a mineira de Mutum e moradora de Barra de São Francisco, entre as mulheres mais idosas do mundo.
Quem está defendendo, vigorosamente, o título no Guiness Book é japonesa Kane Tanaka, que nasceu em 5 de janeiro de 1903, completou 118 anos e vive num abrigo de idosos na cidade de Fukuoka, no Japão, onde, segundo o Japan Times, passa o tempo fazendo exercícios, cálculos matemáticos e jogando Reversi, um antigo jogo de tabuleiro.
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