Nas redes sociais, ele se identifica como “gerente de firma milhionária” e em um dos posts ostenta maços de dinheiro, em notas de diferentes valores. No portal do Tribunal de Justiça do Espírito Santo responde ao processo 0000869-65.2020.8.08.0065, resultante de uma ação penal do Ministério Público Estadual na Comarca de Jaguaré por crimes previstos no artigo 12 da Lei 10.826/2003 (porte ilegal de armas) e artigo 33 da Lei 11.343/06 (tráfico de drogas).
Para a Polícia Civil ele é o segundo participante do assassinato do empresário Clayton Favoreto, de 45 anos, ocorrido no dia 03 de fevereiro deste ano, no início da noite, em frente a um bar, no Centro de Vila Valério, na região Noroeste do Espírito Santo. Este é Cleber Pastorini Silhete, 34 anos, preso por policiais de São Gabriel da Palha, com apoio de seus colegas de Jaguaré, na tarde desta quinta-feira (19), no bairro Mata Atlântica, em Jaguaré, tecnicamente como suspeito da morte de Favoretto.
O crime, registrado por câmaras de videomonitoramenteo de Vila Valério, está sendo tratado como latrocínio (roubo seguido de morte), mas as circunstâncias são intrigantes: dois homens cercaram Clayton Favoreto e dispararam nove vezes, todos os tiros na cabeça, e fugiram com o carro dele, encontrado no dia seguinte no meio de uma lavoura de café.
CHACINA
Além de Cléber, participou do crime, segundo a polícia, um homem de 20 anos, cuja identidade não foi revelada, e que foi preso no dia 18 de março e teria participado também da chacina que vitimou mãe, um casal de filhos e o namorado da moça, em 24 de fevereiro no interior de Vila Valério.
Desse crime, que causou comoção, participaram quatro homens – dois morreram em confronto com a polícia quando foram cercados, na periferia de Jaguaré, e o quarto suspeito, Izac da Silva Santos, foi preso no dia 29 de março num cerco feito pela Polícia Militar na zona rural também de Jaguaré. Com ele, a Polícia encontrou uma pistola que pertencia ao empresário Clayton Favoreto.
Um dos suspeitos, Jeremias da Penha Lima, foi morto no dia seguinte, 25 de fevereiro, quando foi cercado pela polícia e reagiu a tiros. A polícia revidou e Jeremias morreu no próprio local, no Beco do Machado, no bairro de Fátima, em Jaguaré. Junto ao corpo, a polícia recolheu um revólver com três munições intactas e duas deflagradas (disparos que teriam sido feitos contra os policiais)
Jeremias da Penha Lima já havia sido condenado pelo crime de tráfico de drogas e estava foragido do sistema prisional, com mandado de recaptura expedido em dezembro de 2021. Jeremias era investigado, ainda, por envolvimento em um latrocínio e um homicídio, ambos cometidos em Jaguaré.
No dia 12 de março, em novo cerco feito no bairro de Fátima, em Jaguaré, um segundo suspeito de ser um dos quatro executores da chacina também morreu em confronto com a polícia. O suspeito foi identificado como Rafael Prates e teria envolvimento com outros homicídios em Jaguaré, Vila Valério, Nova Venécia e Boa Esperança. No dia 18 de março, a polícia prendeu um rapaz de 20 anos, cuja identidade não foi divulgada, e que teria participado dos dois crimes.
Com a prisão feita nesta quinta-feira, de Cleber Pastorini, a Polícia poderá concluir os inquéritos de dois crimes emblemáticos ocorridos na mesma cidade: o assassinato de Clayton Favoreto no dia 3 de fevereiro, e três semanas depois, dia 24, a chacina que vitimou Clauzira Fleger, 41 anos, e seus filhos Leandro, 22, e Karine, 15, além de um rapaz conhecido como Vinicius, 25 anos, que veio de Minas, onde estaria envolvido com o tráfico de drogas e seria o alvo dos assassinos, que chegaram ao sítio dos Fleger em motos.
MISTÉRIO
Amigos de Clayton Favoreto suspeitam que os atiradores que mataram o empresário teriam simulado um assalto. Clayton Favoreto fez 45 anos em 15 de outubro do ano passado e era proprietário da Eco Vila Soluções Ambientais Ltda, atuando no ramo de coleta e transporte com destinação final dos resíduos sólidos urbanos (lixo).
Segundo amigos, ele participava de licitações em diversos municípios e, segundo um deles, o empreendedor estava “no auge”. Um dos municípios onde atuava era Iúna, na região do Caparaó, onde tinha contrato em vigor, conforme aditivo assinado em outubro de 2021.
A reportagem do TNL localizou contratos da Eco Vila Soluções também em Santa Maria de Jetibá e uma procuração da empresa Da Vila Comércio Ltda, de Vila Valério, dando amplos poderes a Clayton Favoreto. A empresa Da Vila tem contrato no município de Nova Viçosa (BA) e participou de licitação no município de Sooretama, em ambas representada por Clayton.
O carro da vítima foi levado pelos criminosos e, depois abandonado. Mesmo assim, o atirador disparou várias vezes contra o empresário, todos os tiros contra a cabeça, que Clayton costumava cobrir com um boné com a marca Taurus. “Normalmente, usam esse bonés pessoas que têm porte de armas”, disse uma fonte da Tribuna Norte-Leste, acrescentando: “Das duas uma: ou os criminosos confundiram a vítima com um policial ou foram mesmo com o propósito de matar. Se essa segunda hipótese prevalecer, cabe à polícia descobrir por que o teriam feito”.
De acordo com testemunhas, os criminosos chegaram em uma moto Broz, com placas adulteradas de uma moto CG, que havia sido roubada recente em Vila Valério. Com a prisão de Cleber Pastorini Silhete, a polícia tem a chance de comprovar a tese de latrocínio ou descobrir se há algo mais por trás dessa execução. (Da Redação)
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