“Acho que foi Deus”. Assim Caetano Veloso resumiu, para o Fantástico, da TV Globo, seu encontro com o cantor gospel e pastor batista Kleber Lucas, para a gravação do mega-sucesso “Deus cuida de mim”, exibido num clip do programa global na noite de domingo (4).
Kleber Lucas, 54 anos, participou da campanha do presidente eleito Lula e foi um dos únicos grandes pastores do Brasil a se posicionar publicamente contra Jair Bolsonaro. E foi convidado para cantar na posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
O cantor Caetano Veloso, que já se declarou ateu convicto e atualmente se define como “católico de axé, pós-ateu”, fez dueto com o pastor Kleber Lucas, no Fantástico. O encontro foi marcado por Kleber Lucas, que tem 25 anos de carreira solo e lançou 12 álbuns.
SUCESSOS
As composições de Kleber foram gravadas e regravadas por importantes nomes do segmento, como Aline Barros e Fernanda Brum. Ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Cristã em Língua Portuguesa com o álbum “Profeta da Esperança”, em 2013.
“Aos Pés da Cruz”, “Vou Deixar na Cruz”, “Te Agradeço” e “Deus Cuida de Mim” — relançada nas vozes de Thiaguinho, do Padre Fábio de Melo e agora num dueto com Caetano Veloso — são alguns dos seus hits.
Ao longo de sua carreira, conquistou ainda 10 Discos de Ouro, três Discos de Platina e dois DVDs de Ouro.
O encontro com Caetano foi marcado por emoções e rendeu elogios mútuos. Caê falou ainda sobre sua experiência com a espiritualidade:
“Eu acho que foi Deus. Realmente é a única coisa que eu posso dizer. Eu não sou propriamente religioso, fui criado numa família católica com uma visão religiosa das coisas mas depois me afastei muito. Cê sabe, Kleber, que eu cheguei a ser assim antirreligioso”.
Emocionado, Kleber Lucas tentou explicar o sentimento que tomou conta da gravação:
“Eu não consigo definir Deus, não dá pra explicar, dá pra viver. E de alguma forma a gente viveu uma experiência muito linda aqui no estúdio ouvindo a música e, de repente, tava todo mundo chorando, todo mundo ali comovido”.
Caetano Veloso tem estado mais próximo do mundo evangélico por conta de Zeca (29 anos) e Tom Veloso (24) fazerem parte da Igreja Universal -são filhos do artista com a atriz Paula Lavigne. Caetano também é pai de Moreno Veloso, de 48 anos, fruto do relacionamento com Dedé Gadelha. Em 1979 os dois tiveram uma filha, Júlia, que morreu bebê após nascer prematura.
CONVITE
O cantor Kleber Lucas recebeu o convite da senadora Eliziane Gama, do Cidadania do Maranhão, uma das principais articuladoras do petista com evangélicos, nesta sexta-feira (3/12).
Na semana passada, Janja, a futura primeira dama, que está organizando a posse, anunciou mais de 20 nomes de artistas que irão cantar no evento, que terá dois palcos. Entre as atrações estão Baiana System, Duda Beat, Martinho da Vila e Johnny Hooker.
A participação de um cantor gospel foi um pedido de evangélicos a Janja e à cúpula do PT. Não está confirmado ainda se Kleber Lucas será o único cantor do segmento ou se outros também se apresentarão.
O cantor evangélico Kleber Lucas, um dos maiores nomes da música gospel brasileira, decidiu participar da campanha de Lula para derrotar o bolsonarismo no Brasil. “Vou pedir para você Lular”, cantou Lucas com outros outros artistas no jingle que tenta combater a abstenção.
Em entrevista, o pastor afirmou que Jair Bolsonaro não pode representar o povo cristão porque é “desprovido de misericórdia e a favor da morte”.
FOME
Kleber Lucas fundou a Soul Igreja Batista, com sede no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Nascido em 1964 em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, Kleber contou que cresceu em favelas e chegou a passar fome, mas contava com a ajuda de terreiros de candomblé e de umbanda — razão pela qual jamais deixou de ouvir e de ajudar representantes de outras religiões.
Ao Conversa com Bial do último dia 7, Kleber lembrou da infância e de como esse período moldou seu pensamento.
“Quando eu tive fome na favela e a comida chegava, eu não queria saber se ela vinha da igreja evangélica ou do terreiro do candomblé”, afirmou.
“Eu fui criado numa favela no final da década de 60 e 70, em São Gonçalo, que não tinha muitos templos protestantes, pentecostais e neopentecostais. Nem igreja católica tinha na favela que eu nasci. Mas tinha oito terreiros de candomblé e vários centros de umbanda”, lembrou.
“Eu tenho vários cortes na perna. Não tinha SUS ali: quem cuidava da gente era a mãe de santo, era o pai de santo. Se machucava, cortava a cabeça e quebrava um dedo, era ali que a gente ia”, destacou.
Kleber lembrou desse episódio depois que Bial mostrou uma ação de diferentes religiosos que se uniram em mutirão para reconstruir um terreiro vandalizado na Baixada Fluminense.
O batista era apenas uma das lideranças que se dispuseram a arcar com as obras no espaço de Mãe Conceição d’Lissá, em Duque de Caxias.
“Eu não tenho como viver a minha experiência, com quanto seja legítima, dentro do cristianismo, mas eu não reivindico uma exclusividade dela, e nem acredito que seja assim”, disse.
Kleber Lucas é Mestre e doutorando em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. (Da Redação com G1 e Metrópolis)
Veja o clip oficial de Kleber Lucas e Caetano cantando juntos “Deus cuida de mim”
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