A candidata à Presidência do Peru, Keiko Fujimori, pediu às autoridades eleitorais a anulação de 802 cadernos eleitorais – cerca de 200 mil votos – sob acusações de irregularidades e “fraude na mesa de voto”.
A candidata de direita, que está em vias de perder a eleição de domingo passado, 6, por cerca de 70 mil votos para o candidato da ala esquerda, Pedro Castillo, fez o pedido à Comissão Nacional de Eleições (JNE), insistindo na revisão da contagem de votos. Apenas cerca de 1% dos votos ainda não foram contados.
“Essas 802 fichas de totalização representam 200 mil votos e devem ser retiradas da totalização nacional”, disse Keiko, de 46 anos, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que está preso por abusos de direitos humanos e corrupção.
Pedro Castillo, de 51 anos, é filho de camponeses e prometeu reformular a Constituição e as leis de mineração do Peru.
Castillo publicou mensagens em tom de vitória ao alcançar 50,20% dos votos contra 49,79% para Fujimori, após a apuração de 99,9% das urnas após as 2h locais (4h em Brasília) desta quinta-feira (10), segundo o órgão eleitoral peruano (ONPE).
O esquerdista recebeu o cumprimento do ex-presidente boliviano Evo Morales por sua “vitória”.
“Muitas felicidades por essa vitória, que é a vitória do povo peruano, mas também do povo latino-americano que quer viver com justiça social!”, tuitou o ex-presidente esquerdista indígena (2006-2019).
Em uma mensagem para simpatizantes na sede do partido Peru Livre, no centro de Lima, Castillo disse que seus observadores consideram certa a vitória no segundo turno. Ele pediu a seus seguidores que não caiam em provocações e inclusive agradeceu as felicitações por sua “vitória” enviadas por países da América Latina.
“Seremos um governo respeitoso da democracia, da atual Constituição e faremos um governo com estabilidade financeira e econômica”, disse Castillo na terça-feira à noite.
“Quero expressar em nome do povo peruano às personalidades de diversos países que esta tarde expressaram saudações ao povo peruano”, acrescentou, em referência a mensagens de “embaixadas e governos da América Latina e de outros países”.
Castillo tem quase 71 mil votos a mais que a adversária, mas a disputa segue aberta, de acordo com fontes da ONPE.
As Forças Armadas exortaram “todos os peruanos” a respeitarem os resultados do segundo turno e reafirmaram seu “compromisso de respeitar a vontade cidadã”, em um momento em que circulam nas redes sociais apelos para que os militares impeçam que Castillo assuma o cargo.
Como nas três últimas eleições presidenciais no Peru, quase tão acirradas como a atual, a apuração oficial demora por conta dos votos das zonas rurais, das áreas de selva e do exterior, onde estão registrados um milhão de eleitores.
No exterior, Fujimori tem até o momento 66,48% dos votos, contra 33,51% do candidato de esquerda, com 89,47% destas cédulas apuradas.
“Mas reverter a diferença será muito difícil, devem faltar mais votos por contar do Peru que do exterior”, declarou à AFP o analista Hugo Otero, porque ainda é preciso contabilizar pouco menos de 2% das urnas do Peru, a maioria de zonas remotas que podem representar mais votos para Castillo que aqueles que ainda faltam do exterior. (G1 e Agência Brasil)
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