
O pastor Christian André Souza, 40 anos, foi assassinado a tiros na porta da casa pastor, que funcionava ao lado da Primeira Igreja Batista de Itueta (MG), no vale do Rio Doce, após celebrar o culto de domingo, 24, à noite. Um homem chegou em frente à casa, que fica ao lado do templo, e perguntou se o religioso estava. Quando Christian saiu, o criminoso disparou contra ele seis tiros e fugiu de moto.
A vítima chegou a ser socorrida com vida, mas morreu ao dar entrada no hospital de Resplendor, cidade vizinha. A esposa do pastor disse que o homem que o chamou na porta tinha sotaque nordestino. A Polícia rastreou o percurso dele por câmaras de segurança e disse que o assassino fugiu pela BR 259, no sentido Resplendor, que fica a 10km de distância.
A Polícia Civil de Minas está fazendo as investigações e não descarta nenhuma hipótese para o crime, trabalhando com as informações levantadas junto à família e a amigos da vítima.
Testemunhas contaram que, durante a pregação, o pastor afirmou que o ano anterior havia sido muito difícil e que tinha sido ameaçado de morte por um pai contra quem ele testemunhou num caso de abuso sexual contra a filha. O homem foi preso e fez ameaças ao pastor. Depois de solto, o pai sumiu da cidade. Segundo o portal G1, parentes do acusado chegaram a culpar pelo desaparecimento.
A polícia recebeu informações de que o pastor Christian teve uma discussão com um inquilino de um apartamento na região metropolitana de Belo Horizonte e isto também será investigado.
Outra hipótese levantada por amigos da vítima é da possibilidade de crime político. A cidade de Itueta foi removida para construção da barragem de uma usina hidrelétrica na região.
Na reconstrução da cidade nova, a empresa responsável não devolveu à igreja um templo como o que tinha na cidade velha. O pastor entrou na Justiça pela Igreja e ganhou a causa e estava envolvido na construção do novo templo. Segundo seus colegas de ministério, ele estava feliz por estar assumindo, com a igreja, importantes trabalhos sociais delegados pela municipalidade.
O pastor Christian André de Souza deixa esposa e dois filhos. Ele era considerado um homem dedicado à família e ao seu ministério, sendo estimado por seus colegas da Convenção Batista do Estado de Minas Gerais.
VIOLÊNCIA
Apesar de ser pequena, com apenas 7 mil habitantes, Itueta tem histórico recente de violência. Em novembro de 2020, o jornalista Kennedy Matos, 30 anos, informou ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais estar sendo ameaçado de morte por causa de reportagens policiais sobre apreensão de drogas e armas na região. O jornalista procurou a Polícia Militar e registrou um boletim de ocorrência. Desde então, passou a ser monitorado pela corporação. Kennedy tem desde 2016 um jornal especializado em cobertura policial.
Segundo ele, o dia 28 de novembro (sábado), um homem avisou à família que dois motoqueiros estavam procurando por ele na cidade para matá-lo e que ele deveria ficar atento e parar de noticiar apreensões de armas e drogas pela PM para garantir sua segurança e da família. Imagens de câmeras de segurança mostraram dois homens indo e voltando de moto na rua da sua casa na madrugada daquele dia.
Kennedy relatou acreditar que as ameaças estão relacionadas com reportagens sobre apreensão de drogas e armas no Subaco da Cobra e no Morro da Peroba, localizados no distrito de Quatituba. Na semana anterior, a PM apreendeu no distrito 500 pedras de crack, 300 buchas de maconha e uma pistola 9 milimetros. Em outubro uma escopeta calibre 32 também foi apreendida durante uma operação policial.
O SJPMG informou ao Ministério Público o corrido e pediu que o caso seja acompanhado. O sindicato manifestou solidariedade a Kennedy e repudiou a onda crescente de violência contra jornalistas Brasil afora.
“As agressões estão deixando o mundo virtual e, infelizmente, virando realidade graças à impunidade. Este ano, dois jornalistas mineiros foram agredidos durante a realização de reportagens no interior do estado, um em Barbacena e outro em Prata. Em Barbacena, o repórter teve que ser levado ao hospital, aonde foi constatada uma fratura decorrente da agressão. Em Prata, o repórter levou uma gravata e só não se machucou porque outro jornalista conteve o agressor”, relatou uma nota do Sindicato.
(Da Redação com informações do G1 e do Sindicato dos Jornalistas de MG)
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