O mês de março ainda não acabou, mas já tem o segundo pior índice de homicídios no Espírito Santo para o primeiro trimestre nos últimos cinco anos. O pior foi o de 2020, quando começou a pandemia de Covid no Brasil. Naquele ano, foram 124 homicídios no Estado, superando ano de 2018, que registrou 99.
As autoridades da área de segurança ainda não se manifestaram especificamente sobre esses índices – a Tribuna Norte-Leste enviou demanda específica sobre as regiões Norte e Noroeste para a Secretaria de Estado de Segurança Pública, mas até o fechamento desta matéria não havia recebido nenhuma reposta.
Neste primeiro trimestre, faltando ainda dois dias para terminar março, a violência contra a vida diminuiu na Região Metropolitana, mas explodiu no interior do Estado, principalmente no Sul, Noroeste e Norte. Cidades que no ano passado neste período não haviam registrado homicídios, estão com índices altos e assustando a população.
São os casos de Fundão, na região Norte, que já teve três crimes neste ano; Alegre com dois e Castelo com três, ambos no Sul; Governador Lindenberg com dois e Pancas com quatro, estas na região Noroeste.
EXPLOSÃO
O painel de homicídios dolosos da Secretaria de Estado de Segurança Pública mostra um aumento de 11,9% de casos no Espírito Santo no primeiro trimestre até o momento, com 272 em 2023 contra 243 no ano de 2022.
Apesar de números muito negativos em algumas cidades, como Sooretama (+40%) e Pedro Canário (+167%), a região Norte foi a que mais reduziu os homicídios, com 6,9% a menor do que em 2022. A outra foi a Região Metropolitana com 3% a menos.
Em compensação, o Sul teve 93,3% de aumento de homicídios, seguido da região Noroeste com 88% e a região Serrana com 7,7%.
Na taxa por 100 mil habitantes, o Espírito Santo teve em 2022 seu mais baixo índice, com 25,1 homicídios por 100 mil. Se a tendência de 2023 se mantiver, esse número será batido, pois o número de homicídios no primeiro trimestre projeta 26,5 assassinatos por 100 mil neste ano. A média brasileira está em torno de 22,6 por 100 mil habitantes.
Desde que começaram as medições, em 2007, quando eram 53,8 por 100 mil, o Espírito Santo experimentou um período de elevação até 2009, quando atingiu seu máximo, com 58,3, e começou o declínio a partir de 2010, chegando a 29,7 em 2016 e subindo para 35,1 homicídios por 100 mil em 2017, quando houve a greve da Polícia Militar em fevereiro, mês em que foram registrados mais de 200 mortes violentas no Estado. Depois chegou a 24,6 em 2019, teve uma alta de 10% em 2020, e voltou a descer.
POSITIVO
Há um dado que chama a atenção no painel de homicídios: os municípios de Pinheiros, Montanha, Mucurici e Ponto Belo, que estão sob jurisdição da 19ª Companhia Independente da Polícia Militar, criada pelas autoridades estaduais para controlar a violência nessa região, está em queda desde a criação da unidade e este ano teve redução de 25% no número de homicídios na soma dos quatro municípios: quatro em 2022 e três em 2023. O assassinato do médico Aloísio Vieira da Silva no último domingo em Montanha está nessa estatística.
A Polícia está batendo recordes de apreensões de drogas e prisões de envolvidos com esse tipo de crime desde que foram feitos os investimentos do Estado na região, em meados de 2021. Em compensação, nessa região Noroeste, houve aumento de casos nas cidades de São Gabriel da Palha, Nova Venécia, Colatina, Baixo Guandu, Pancas, Barra de São Francisco, Água Doce do Norte, Ecoporanga, Governador Lindenberg, São Domingos do Norte e também Montanha, Alto Rio Novo e Vila Pavão, que não tinham homicídios em 2022 nesse período.
Outro dado positivo foi que Vila Valério, que no ano passado já tinha nove homicídios nos três primeiros meses do ano, em 2023 zerou. No Norte e Noroeste, quatro cidades mantiveram o zero como no ano passado: João Neiva, Ponto Belo, Marilândia e Águia Branca. Ibiraçu zerou em 2023. (Da Redação com Painel de Homicídios da SESP)
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