
Morreu, nas primeiras horas desta terça-feira (9), o empresário Mário Imbroisi, que faria 71 anos em junho, uma das figuras mais importantes do mundo das rochas ornamentais do Brasil e um dos maiores conhecedores do setor. Nas duas últimas décadas, Imbroisi teve papel relevante no desenvolvimento do setor em Barra de São Francisco e Noroeste do Estado.
Mário era o diretor-executivo da Associação Noroeste de Produtores de Rochas Ornamentais (ANPO) e vice-presidente de Meio Ambiente da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas). Sua importância foi reconhecida pelo prefeito Enivaldo dos Anjos (PSB), que fez uma postagem no seu perfil do instagran ao lado de Mário Imbroisi.
“Homem honesto, inteligente , leal e realizador , grande responsável pelas iniciativas e crescimento da indústria de granito no norte do Estado. Barra de São Francisco deve muito a ele por esta luta . Sua cultura , suas ideias e conhecimento do assunto , criaram possibilidades de sermos hoje um grande polo de desenvolvimento . Meu amigo pessoal , valoroso companheiro, de ideias brilhantes , cheio de esperanças no sucesso das rochas . Perdemos um grande benemérito do município”, disse o prefeito.
De acordo com informações de pessoas próximas a ele, Mário Imbroisi vinha enfrentando alguns sérios problemas de saúde. Nesta segunda-feira (8), ele começou a passar mal e foi levado às pressas por familiares a um hospital de Vila Velha, onde morreu à 00h30 desta terça-feira (9). Seu corpo está sendo velado no Parque da Paz, em Vila Velha, onde será sepultado ainda hoje..
“PROFETA”
Mário era profundo conhecer do setor de rochas ornamentais e, há 12 anos, em maio de 2012, concedia uma entrevista ao jornalista José Caldas da Costa no blog “O Patim”, onde falava de coisas que vieram a acontecer nesses últimos anos, demonstrando sua apurada visão do setor. E demonstrava preocupação com as eleições que se avizinhavam. Veja na íntegra:
Empresário acostumado com mercado e experiência internacional, Mário Imbroisi, diretor-executivo da Associação Noroeste de Produtores de Rochas Ornamentais (Anpo), revelou um dado que ninguém ainda havia levantado: o setor de rochas ornamentais freou o êxodo da população de Barra de São Francisco e da região Noroeste para as grandes cidades.
E mais: a cidade está ganhando um novo perfil de habitantes, formado por profissionais qualificados, com renda bem acima da média da região e já tem comunidades estrangeiras morando nela, acompanhando o desenvolvimento da indústria em torno do granito e transformando Barra de São Francisco numa “bolsa de valores” que pauta o mercado mundial.
“Nos últimos quatro anos houve uma retenção da população com o acelerado crescimento da indústria e atração de grandes empresas, como a Thorgran, que é a maior do Brasil. Várias empresas de Cachoeiro já estão se movimentando para mudar para o município, para ficar perto das jazidas. A indústria hoje emprega 1,5 membros, em média, de uma família de 5 pessoas do município e ninguém mais está saindo. A cidade grande é aqui”, salienta o consultor.
Segundo ele, a preocupação dos empresários, agora, é com quem vai assumir o comando do município. “Barra de São Francisco não pode mais esperar. Precisa de gente que tenha a visão da realidade, com capacidade de gerir com pensamento de vanguarda e futuro. Precisa de um prefeito com experiência, responsabilidade e credibilidade para fazer o que precisa ser feito”
O consultor lembrou que, se for abordado apenas o aspecto econômico, os dois principais produtos de Barra de São Francisco – café e rochas ornamentais – participam, hoje, com cerca de 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo.
“Se estamos falando de quase 20% do PIB, temos que falar na reciprocidade proporcional, que hoje o Estado não dá, em infra-estrutura e investimentos. A chegada de um candidato com trânsito e visão, que contempla o município como pólo aglutinador e não isoladamente, me leva a pensar não numa Barra de São Francisco, mas numa Região Metropolitana, tendo ao redor vários municípios e micro-cidades que gravitam em torno desse pólo”, disse Imbroisi.
De acordo com o diretor-executivo da Anpo, 70% de todo o granito que hoje é exportado pelo Espírito Santo para a América Latina e o mundo sai de Barra de São Francisco: “O município é hoje um pólo de produção de granito conhecido no mundo. Nos últimos cinco anos, saltamos de 200 pessoas jurídicas para mais de 500, somente na cadeia produtiva do granito”.
A tecnologia de ponta na indústria de granito do Espírito Santo se concentra em Barra de São Francisco, segundo Imbroisi: “Nos últimos dois anos, a indústria de beneficiamento do município investiu 80 milhões de reais em máquinas e equipamentos de alta tecnologia. Temos oito empresas já adotando o multifio diamantado, e esse número vai chegar a dez nas próximas semanas”.
A adoção dessa tecnologia, segundo Mário, implica em enorme ganho de produtividade, pois, enquanto o tear convencional leva 50 horas para cortar um bloco de granito, o equipamento com multifio faz o mesmo serviço em cinco a seis horas, ou seja, um ganho de produtividade de dez vezes.
O grande centro de negócios de rochas ornamentais em que está se transformando a cidade, atraindo delegações de estrangeiros todas as semanas para comprar o granito que é a grande vedete do mundo hoje, com uma rede de negócios associados, faz com que o município, na avaliação de Mário Imbroisi, não possa mais se aventurar, mas escolher um gestor público responsável e competente para conduzir seus destinos.
Mário Imbroisi entende que um grande gargalo para esse desenvolvimento é a logística e que o município precisa ter uma pessoa de peso em seu comando para promover o entendimento que lhe dê sustentação.
“Temos 400 carretas transitando todos os dias por uma rodovia que não foi projetada para isso. Precisamos pensar na ampliação da rodovia, mas também num ramal ferroviário para o transporte das rochas, num aeroporto para receber jatos executivos e até vôos regionais, e um porto seco alfandegado. Isso servirá não apenas ao setor de rochas, mas à entrada de produtos importados para a região central do Pais, atraindo grandes armazéns. O reflexo na cafeicultura será imediato”, salientou Mário, tocando na cultura agrícola que sustentou Barra de São Francisco até o surgimento da indústria das rochas ornamentais.
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