Um morador do bairro Colina, em Barra de São Francisco, que estava trabalhando na colheita de café no município de Governador Lindenberg, no Centro-Norte do Espírito Santo, falou com exclusividade à reportagem do tribunanorteleste.com.br, sobre a investida do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em uma fazenda de café daquele município, onde 14 trabalhadores foram resgatados em condição análoga à escravidão no início desta semana.
De acordo com P.J.S., 32 anos, o que aconteceu na fazenda não é novidade e acontece todos os anos, mas o ‘ganho’ compensa. “A gente não tem direitos trabalhistas, dorme em uma casa com telhado sem forro, que deixa passar muito frio e, às vezes, faltava até água pra beber”, descreveu ele.
P.J. disse que esperava faturar cerca de R$ 15 mil este ano com a colheita do café. “A gente passa dois, três meses trabalhando (na colheita do café) e ganha o que a gente não consegue em um ano inteiro trabalhando na cidade, por isso, vale a pena o sacrifício. O problema é quando o patrão não paga, como estava acontecendo agora”, disse o homem.
Resgatados
O MTE resgatou 14 trabalhadores em condições análogas à escravidão em uma lavoura de café de Governador Lindenberg. Segundo o ministério, o local onde os trabalhadores estavam não tinha água potável para consumo. Quatro crianças também estavam na lavoura, sendo uma delas um bebê.
Ainda segundo o MTE, a maioria dos trabalhadores é de Água Doce do Norte, mas alguns também são de Barra de São Francisco. Eles estavam na propriedade desde abril deste ano.
O MTE chegou até o local por meio de denúncias. Quando chegaram à fazenda, foi constatado que os trabalhadores viviam amontoados em três quartos, que não tinham camas suficientes.
Além disso, eles estavam sem receber, e tinham dívidas que superavam os salários, chegando a R$ 20 mil. Eles também não tinham dinheiro para conseguir voltar para casa.
Um dos trabalhadores contou que foi prometido ganhar R$ 21 por saca de café, mas isso não acontecia por causa das dívidas que eram feitas para eles conseguirem se alimentar.
Os trabalhadores foram levados para Colatina e vão receber os direitos da rescisão, além do seguro-desemprego. Depois, eles devem voltar para casa.
Já o empregador vai ter que pagar todos os direitos trabalhistas e assinar um termo de ajuste de conduta com o Ministério do Trabalho.
Essa já é a sétima operação com resgate de trabalhadores este ano no Espírito Santo, 59 já foram resgatados. (Da Redação com g1 Espírito Santo)
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