Pedro Valls Feu Rosa*
Aconteceu no Reino Unido: um dos mais antigos magistrados do país foi preso por praticar atos indecentes dentro de um trem – ele teria desabotoado as calças e se exibido para uma passageira. Na Itália um outro foi afastado e condenado a 11 meses de prisão por ter repetidas vezes apalpado uma sua funcionária.
No Japão um juiz perdeu o cargo e foi condenado a seis meses de prisão por enviar mensagens eróticas para uma servidora do Juizado. Segundo a decisão do Tribunal que o condenou o ato praticado, apesar de aparentemente singelo, “tem significativo impacto na sociedade, e prejudicou a confiança da população no sistema judiciário”.
Na Índia divulgou-se, há algum tempo, o caso de um juiz de Chhattisgarh que perdeu o cargo após aparecer bêbado no Juizado. No Canadá um outro, também dos mais antigos, ganhou notoriedade por xingar os piores palavrões durante sessões de julgamento. Na Austrália noticiou-se recentemente o caso do magistrado que fornecia dados falsos às autoridades de trânsito para evitar o pagamento de multas.
Enquanto isso, na Índia, um juiz de Jharkhand convocou dois deuses hindus, Ram e Hanuman, para ajudar a resolver uma disputa de propriedade. Foram colocados anúncios nos jornais locais, pedindo a estes dois deuses que “comparecessem pessoalmente ao Juizado”.
Na Itália um pai e uma mãe, divorciados, disputavam na justiça o direito de passar o Natal com o filho. E eis que o juiz, então, sacou uma moeda do bolso e definiu a questão com base no “cara ou coroa”. Em entrevista declarou que “não poderia agir como Salomão, cortando a criança ao meio, então decidiu apelar para a sorte”.
Há também o caso do juiz filipino que só decidia com a ajuda de três duendes, de nome Armand, Luis e Angel, com os quais teria feito um pacto para prever o futuro. O dito cujo só não previu que iria perder o cargo por causa disso.
É de se perguntar, à vista de tantos exemplos, até onde estes magistrados recordam-se das palavras de Goethe, a aconselhar que “a conduta é um espelho no qual todos exibem sua imagem”. Ou do conselho do chinês Zhou Yongkang: “um verdadeiro juiz deve conhecer as necessidades do povo, eliminar seus temores, proteger seus interesses e ganhar sua confiança”.
Sábias palavras! Pena que sejam ignoradas por alguns poucos pelo mundo afora.
*O desembargador Pedro Valls Feu Rosa é articulista de diversos jornais com artigos publicados em diversos Estados da Federação, além de outros países como Suíça, Rússia e Angola.
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