A Prefeitura de Barra de São Francisco agiu ontem, 11, à tarde, para debelar o ‘acampamento’ feito por moradores em situação de rua em uma área na avenida Adelino Coimbra, nos fundos do terreno onde será construída a Rodoviária. No local, que fica próximo a um restaurante, viviam cerca de dez pessoas, algumas que trabalham com coleta de material reciclável fora da Ascamarb e outras que têm resistido à ressocialização proposta pelo prefeito Enivaldo dos Anjos, dentro do Programa Dignidade Social, aprovado na Câmara de Vereadores no ano passado.
O subsecretário de Agricultura, Carlos Rubens da Silva, o Carlim da Dengue, acompanhado do secretário municipal de Limpeza Pública e Serviços Urbanos, Isaque Antônio da Silva, chegou a enfrentar a resistência de alguns, mas, ao final, os dois conseguiram convencê-los a saírem pacificamente do local.
“O prefeito Enivaldo dos Anjos tem feito de tudo para resgatar a dignidade dessas pessoas e evitar que elas ocupem espaços urbanos como a praça central onde, por muito tempo, viviam em situação degradante e provocando o esvaziamento social da área”, relata o subsecretário, Carlim da Dengue.
E completa: “Agora, o Enivaldo criou o programa Dignidade Social, onde eles recebem remuneração, alimentação e tratamento contra vícios. O prefeito foi mais além: determinou que nós fizéssemos a limpeza de uma bela casa no Polo Industrial, onde os moradores em situação de rua que aderirem ao programa, poderão morar com todo o conforto. Só não vai para lá quem não quer.”
No início da semana, nossa reportagem mostrou que parte da sociedade francisquense tem muita responsabilidade pela situação dessas pessoas, que não conseguem abandonar vícios como o alcoolismo. Foi o caso do advogado e procurador da Prefeitura de Barra de São Francisco, Jaltair Oliveira que, na tarde da segunda-feira, 10, sentado na mesa de um bar na Vila Landinha, não resistiu aso apelos de um conhecido morador de rua da cidade, que chegou na mesa implorando uma dose de cachaça e um tira-gosto: “Trabalhei o dia inteiro e o patrão não quis me pagar, preciso tomar uma cachaça”.
Mesmo diante da sugestão desse jornalista, para que ele não pagasse bebida para a pessoa, que vivia na tenda armada na margem do Itaúnas, embora tenha moradia em um distrito da cidade, o advogado preferiu ceder.
“Se não pagar ele fica aqui perturbando, agora ele vai embora”, disse o advogado. Mas o morador não foi, sentou-se e foi assistir televisão, feliz e satisfeito.
Situações como essa colocam em risco o projeto da Prefeitura, que busca resgatar a dignidade dessas pessoas oferecendo trabalho remunerado, alimentação e outros benefícios.
O subsecretário municipal de Agricultura, Carlos Rubens da Silva, o Carlim da Dengue, encarregado pelo prefeito de convencer esses moradores a irem trabalhar no hortão municipal, em troca de remuneração e tratamento contra o alcoolismo e outras drogas, relata que a maior dificuldade está mesmo na sociedade que prefere ‘pagar’ para não ser importunada.
“Já consegui convencer três deles a irem trabalhar no hortão e os que foram estão satisfeitos. Hoje (sábado, 7), um deles esteve aqui pela manhã, banho tomado, bem vestido e satisfeito”, relata Carlim da Dengue, que também é feirante. E emenda: “Mas, muitos não querem saber, conseguem tudo o que querem, cachaça e comida de graça”, lamenta.
Com efeito, nossa reportagem conversou com alguns desses moradores, que, pelo menos mudaram de ponto e se afastaram da praça central. “Trabalhar para quê, a gente tem de tudo”, disse M., que já morou embaixo de ponte, mas tem casa em um bairro alto da cidade.
O Programa Municipal ‘Dignidade Social’, que busca combater a fome, falta de moradia digna e incentivar a inclusão social produtiva foi criado pelo prefeito Enivaldo dos Anjos, que encaminhou documento ao Ministério Público do município solicitando apoio para colocá-lo em prática.
“Apelamos aos representantes do Ministério Público para nos apoiar no programa de recuperação da dignidade humana destes moradores que, ao usarem drogas ilícitas, causam transtornos aos demais membros da população, por se comportarem com agressividade, ameaçando menores, ofendendo moralmente as pessoas para que lhe deem esmolas, além de estarem sob suspeita de realizarem pequenos furtos no município”, explicou o prefeito.
Em dezembro passado, em entrevista à mídia local, o prefeito Enivaldo afirmou que todas as providências ao alcance da municipalidade serão tomadas para resolver o quanto antes a situação, mas que o apoio de todos os órgãos competentes é indispensável, tendo em vista a dificuldade de convencer os moradores em situação de rua a aceitarem a ajuda apresentada pelo Executivo Municipal por meio do projeto. (Da Redação com Secom/PMBSF)
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