Pedro Valls Feu Rosa*
Há uns 2.500 anos Confúcio assim aconselhava os governantes: “Apenas deseje o bem e o povo será bom. Governe-o com dignidade e o povo será reverente; trate-o com bondade e o povo dará o melhor de si; promova os homens bons e eduque os mais atrasados, e o povo ficará tomado de entusiasmo”.
Referindo-se à força do exemplo de um governante, assim pregou: “Se um homem é correto, então haverá obediência sem que ordens sejam dadas; mas se ele não é correto não haverá obediências, mesmo que ordens sejam dadas”. Advertiu, então, que “O povo fica desonesto e manhoso se é governado por artimanhas e castigos”.
Sobre as denominadas “equipes de governo”, ensinou: “Conheça os homens. Promova os justos e coloque-os acima dos corrompidos”. E advertiu: “Mas, se promover os errados e afastar os corretos, você perderá o coração do povo”.
Acerca da importância do sentimento de grandeza, eis sua fala: “Não deixe o ressentimento pessoal se intrometer nas coisas públicas ou nos assuntos particulares”. E: “Uma pessoa que consegue cuidar de sua vida de maneira apropriada lidará com o governo da mesma forma. Mas, se sua vida for inapropriada, seu governo também o será”.
E o mal? O crime? Eis sua palavra: “Como é verdadeiro o ditado que diz que depois que um reino foi governado durante cem anos por bons homens é possível vencer a crueldade e acabar com os homicídios”.
Avançamos no tempo, rumo à antiguidade clássica: “quem governa a República e protege só uma parte dos cidadãos, sem se preocupar com os outros, induz no Estado o mais maléfico dos flagelos, a desavença e a revolta” (Cícero).
Chegamos então a tempos mais, digamos, atuais – e a outros pensamentos. Comecemos por Chartier, segundo quem “todos os homens são sensíveis quando espectadores e insensíveis quando participantes”. Complementa-o Santo Agostinho: “Não havendo justiça, o que são os governos senão um bando de ladrões”?
Examinando esta questão a partir de ângulo outro constatou Francis Bacon que “Nada provoca mais danos num Estado do que homens astutos querendo se passar por sábios”.
E o amanhã? Meditemos, com uma pontinha de esperança, sobre as palavras de Franklin Roosevelt: “O futuro repousa sobre os líderes políticos sábios, conscientes de que o público se interessa mais pelo governo do que pela política”.
*O desembargador Pedro Valls Feu Rosa é articulista de diversos jornais com artigos publicados em diversos Estados da Federação, além de outros países como Suíça, Rússia e Angola.
Comente este post