O capixaba Maurício Vieira Gama, 51 anos, é um dos mais novos generais do Exército Brasileiro. Depois da solenidade de terça-feira (4) no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Lula, Maurício e os novos generais participaram do momento mais simbólico da investidura na manhã desta quarta-feira (5) no Clube do Exército (sede do Lago).
A cerimônia destinou-se a realização a imposição da Ordem do Mérito Militar; a entrega do Bastão de Comando e da Carta Patente aos Oficiais-Generais
promovidos em 31 de março de 2023; a imposição das medalhas Exército Brasileiro, Tributo à Força Expedicionária Brasileira e Soldado do Silêncio
nos Oficiais-Generais de Exército promovidos; bem como a entrega de espada aos novos Generais de Brigada.
A entrega da Espada de General obedece a um cerimonial que simboliza a importância da investidura do Oficial como chefe militar, enfatizando os
vínculos que o unem ao passado e ao futuro da Instituição. A Espada de General é um símbolo que envolve o compromisso e a tradição. O compromisso é
tácito, firmado pessoalmente pelo General e assinala a sua posição hierárquica no mais alto círculo de oficiais da Força Terrestre.
APAZIGUAMENTO
O presidente Lula participou da cerimônia de apresentação dos oficiais-generais das Forças Armadas promovidos na última sexta-feira (31). No total, foram 56 novos militares promovidos no generalato do Exército Brasileiro, da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira (FAB), ou seja, da Aeronáutica.
O evento, no Palácio do Planalto, é o primeiro de uma série que o Exército prepara para este mês, com a expectativa de que Lula participe de alguns deles.Em 19 de abril, Dia do Exército, o presidente deve participar da comemoração da data; um almoço entre o mandatário e os generais do Alto Comando da Força também deve ser realizado neste mês.
No período da transição de governo havia receio entre militares de que Lula pudesse encampar a ideia que cresceu no PT, em 2016, de alterar os critérios de promoção dos oficiais.
Lula, porém, emitiu um recado por meio de interlocutores de que queria somente despolitizar as Forças Armadas e buscar aproximação por meio do aumento no investimento dos projetos estratégicos de defesa.
O sistema de promoção é semelhante em cada uma das Forças Armadas, apesar de mudanças em nomenclaturas e números de oficiais-generais.
Nesta terça, a Marinha promoveu a almirante sua terceira mulher — a primeira negra na história da Força. A almirante médica Maria Cecília Barbosa da Silva Conceição alcançou o cargo após decisão do Almirantado e ocupará a diretoria do Departamento de Saúde do Ministério da Defesa.
CAMINHO LONGO
O caminho ao generalato leva décadas e depende de vários fatores. As promoções ao longo da carreira são determinadas por antiguidade, mérito e escolha específica — e bravura, em tempos de guerra.
O grosso da tropa, contudo, está nos escalões inferiores, que vão de soldado até suboficial e somam quase 85% do efetivo da Força. Ali os critérios de promoção são mais automáticos.
Um oficial bem-sucedido pode ter uma carreira de cerca de 40 anos. O atual comandante do Exército, Tomás Paiva Ribeiro, por exemplo, entrou no Exército na Aman em 1975, formou-se na turma de 1981 e só chegou ao generalato em 2011.
Ele recebeu a quarta estrela no ombro em 2019 e passou à reserva em janeiro deste ano, após ser nomeado comandante do Exército — alcançando o período máximo de 12 anos que oficiais-generais podem permanecer na ativa antes de ir à reserva.
Todos os anos, em duas ou três ocasiões, há reuniões do Alto Comando do Exército, da Aeronáutica e do Almirantado, para determinar quem será promovido nos três níveis do generalato. Aqui, diferentemente da carreira de oficiais que se estende do aspirante ao coronel, há sempre considerações políticas envolvidas, além dos méritos.
Como em toda corporação, há grupos de oficiais com mais afinidade, usualmente aqueles que trabalharam juntos em relação de subordinação.
MENINO POBRE
Tudo isso aumenta o brilho da chegada do capixaba Maurício Vieira Gama ao seleto time dos generais do Exército. Promovido ao primeiro degrau do generalato, o de Brigada, Maurício poderá chegar a general de Divisão e, se as circunstâncias políticas forem favoráveis a ele, até mesmo a General de Exército, o quatro estrelas, ou seja, ao Alto Comando do Exército.
O paraninfo de Maurício Gama na solenidade desta quarta-feira foi o próprio comandante do Exército, o general de Exército Tomás Ribeiro Paiva, que foi escolhido pelo presidente Lula para o cargo em substituição ao general Júlio César de Arruda no dia 23 de janeiro.
Maurício Gama é natural de Alegre, no Sul do Estado. A Tribuna Norte-Leste contou a história do primeiro alegrense e apenas o quarto capixaba a chegar ao generalato do Exército Brasileiro. Antes dele, chegaram ao time estrelado o general de Exército Hélio Pacheco, natural de Vitória; e os generais de Brigada Danilo Venturini, de Itarana, e Romildo Canhim Gomm, de Cachoeiro de Itapemirim. Os três já são falecidos.
Filho de uma família composta por 13 filhos, liderados por um operário servidor da Prefeitura de Alegre, Moacir Gama, e uma auxiliar de serviços gerais, dona Nilda, ambos já falecidos, o agora general Maurício estudou sempre em escola pública e, quando passou na Academia Militar das Agulhas Negras em 1989, foi aprovado também para Medicina na Ufes e Engenharia na Unicamp. Escolheu a carreira militar porque teria “cama, comida e ainda uma ajuda de custo”. Terminou o curso de formação em primeiro lugar.
Gama é casado com a pedagoga Luciane Martins Rodrigues Gama e tem dois filhos, Bruno e Caio, que não seguiram a carreira militar. Ele tornou-se aspirante a oficial em 4 de dezembro de 1993 e, a partir de agora, chefiará o Estado Maior da 1ª Região Militar do Exército Brasileiro, em São Paulo. Nos próximos oito anos ele poderá chegar a General de Divisão e fazer história como o capixaba que chegou ao segundo maior posto dentro da força. (José Caldas da Costa, Da Redação com informações do Cecomsex e UOL)
Fotos: Divisão de Relações com a Mídia – CECOMSEx
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