Nossa reportagem percorreu hoje, 6, os maiores supermercados da cidade, em busca de possíveis marcas de azeite com comercialização proibida em todo o país. Ao contrário do que aconteceu em Vitória, onde a Delegacia de Defesa do Consumidor recolheu 240 garrafas em vários supermercados e bairros da Grande Vitória, aqui, os supermercadistas garantem que as marcas não entram há um bom tempo.
Segundo o gerente de uma loja, que pediu para não ter seu nome divulgado, a empresa já comprou pelo menos duas dessas marcas no passado, mas acabou tendo que recolher depois que o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), divulgou a lista de azeites impróprios para consumo. “Essa lista é divulgada anualmente e há dois ou três anos, nós tínhamos duas marcas impróprias aqui. Acabamos retirando das prateleiras”, relatou, sem saber informar se o supermercado foi ressarcido ou não.
Em outro supermercado, o gerente disse que passou a trabalhar apenas com duas ou três conhecidas de azeite, evitando comprar produtos com preço muito abaixo da média. “Hoje, o azeite Galo, por exemplo, está custando em torno de R$ 25, a garrafa de meio litro, para o consumidor. Preços muito abaixo disso são um risco”, informa.
A Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon) apreendeu nesta quarta-feira (05), 240 garrafas de azeite de três marcas em que a venda foi proibida no final do ano passado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). As apreensões ocorreram durante buscas realizadas em supermercados da Grande Vitória.
De acordo com a polícia, oito estabelecimentos foram flagrados comercializando as marcas proibidas, nos bairros José de Anchieta e Cidade Continental, na Serra, Areinha e Nova Bethânia, em Viana, Bela Vista, em Cariacica, Alecrim, em Vila Velha, Jardim Camburi e Fradinhos, em Vitória.
Nos supermercados fiscalizados, os policiais encontraram azeites das marcas Torre Galiza, Coroa Real e Castelo dos Mouros. Todas são consideradas impróprias para consumo humano e com a venda proibida pelo Mapa.
A fábrica das marcas Torre Galiza e Coroa Real, na cidade de Jambeiro, em São Paulo, foi fechada em novembro de 2021 por falta de autorização de funcionamento e condições sanitárias. A análise do produto detectou que se tratava de óleo de origem desconhecida e não de azeite.
A maioria das marcas impróprias para consumo são de nomes relacionados a cidades e regiões de Portugal e Espanha. Esse azeite é comprado em grande quantidade nesses países e, aqui no Brasil ganham rótulos relacionados a eles, mas, segundo comerciantes ouvidos pela nossa reportagem, ao engarrafar o azeite algumas empresas costumam ‘batizar’ o produto com óleo de soja.
Marcas irregulares
“As marcas consideradas irregulares pelo Mapa foram divulgadas em dezembro. No entanto, recebemos informações de que elas continuavam sendo comercializadas em estabelecimentos do Espírito Santo. O consumo deste tipo de produto pode trazer consequências graves para a saúde, já que, em alguns casos, as análises laboratoriais sequer identificam que tipo de óleo é aquele, vendido como azeite”, relatou o titular da Decon, delegado Eduardo Passamani.
A investigação sobre azeites irregulares começou em 2019, quando a Decon desarticulou uma organização criminosa especializada na adulteração de azeites de oliva, que atuava dentro do Estado.
Durante as investigações, um dos maiores fraudadores do país foi preso, indiciado e responde a cinco processos criminais. Além disso, havia quatro empresas com sede no Espírito Santo que estavam envolvidas em fraude fiscal.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Decon realizaram ações para identificar as marcas e a origem dos produtos fraudados e que eram vendidos no Estado.
Com o suporte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), vigilâncias sanitárias e a Polícia Civil, a ação do Ministério da Agricultura se expandiu aos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Paraná, resultando na apreensão de 150 mil garrafas de produtos adulterados ou irregulares.
O delegado Eduardo Passamani acrescentou que a população pode contribuir com as fiscalizações, por meio de denúncias anônimas que podem ser encaminhadas à Polícia Civil, por meio do Disque-Denúncia 181.
Alguns rótulos apreendidos em outros Estados da Federação nunca tinham sido encontrados no Espírito Santo, mas a fiscalização deve ser contínua para que eles não entrem no mercado capixaba.
“Na fiscalização de hoje (ontem, 5), por exemplo, nossos policiais encontraram garrafas da marca Castelo dos Mouros, que já constava como suspensa pelo MAPA e nunca tinha sido encontrada aqui no Estado. Por isso, qualquer cidadão que constate alguma marca irregular deve fazer a denúncia, para que possamos enviar uma equipe ao estabelecimento e verificar se a venda é irregular”, orientou o delegado.
Os proprietários dos estabelecimentos que continuam a vender produtos proibidos após divulgação do MAPA podem responder por crime contra relação de consumo, com pena de 2 a 5 anos.
Lista de marcas de azeite irregulares
apreendidas em 2021 no Brasil:
Alcazar
Alentejano
Anna
Barcelona
Barcelona Vitrais
Castelo dos Mouros
Coroa Real
Da Oliva
Del Toro
Do Chefe
Épico
Fazenda Herdade
Figueira da Foz
llha da Madeira
Monsanto
Monte Ruivo
Porto Galo
Porto Real
Quinta da Beira
Quinta da Regaleira
Torre Galiza
Tradição
Tradição Brasileira
Valle Viejo
(Da Redação com Folha Vitória)
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