O assassinato do empresário Flávio da Fênix Aguiar, 41 anos, na porta da funerária de sua propriedade, no final da tarde de terça-feira (20), deixou assustada a população de Mantenópolis, na região Noroeste do Estado, a 252 quilômetros de Vitória.
Na pequena cidade de 12.770 habitantes, os moradores reclamam da sensação de impunidade. Flávio, que teve o corpo velado na Igreja Presbiteriana e depois sepultado nesta quarta-feira (21), no cemitério da cidade, foi morto em circunstâncias que remetem a crime de mando, com vários tiros.
A execução foi quando o empresário fechava sua loja. Nossa reportagem conseguiu contato com uma prima dele, que mora nos Estados Unidos, e ela estava consternada e pediu ajuda das autoridades para descobrir os assassinos de Flávio. “Não se sabe de nenhum inimigo que ele pudesse ter. Ninguém na família consegue entender essa brutalidade”, disse a prima.
Houve um outro caso de tentativa de homicídio, no mesmo dia, quando um rapaz levou um tiro no rosto e foi levado em estado preocupante para o Hospital Roberto Silvares, em São Mateus, mas , de acordo com a Polícia Civil, já não corre mais risco de morrer.
OUTRO CASO
Outros moradores relataram preocupação com os crimes na cidade e citaram o caso de outro comerciante, Elton Barreto, o Barretão, que é de um família de Mantena e estava há cerca de duas décadas na cidade. Elton foi encontrado, há cerca de três meses, com uma faca cravada no peito e, segundo informações, foi dado como suicídio. “O caso do Barretão continua impune”, comentaram internautas numa rede social.
O superintendente regional da Polícia Civil, Landulfo Lintz, informou que a situação de Mantenópolis causa preocupação e que ele e o coronel Rômulo Souza Dias, comandante do Policiamento Ostensivo Noroeste, estiveram reunidos nesta quarta (21) discutindo a situação.
“Vamos aumentar a presença e as operações preventivas. Não podemos considerar como normal o que está acontecendo no município”, disse Landulfo. A Polícia Civil está verificando imagens de câmaras de videomonitoramento em estabelecimentos e ruas da cidade e já tem uma linha de investigação, inclusive com suspeitos sendo procurados. O modo da execução assemelha-se a disputas de tráfico, mas as autoridades não quiseram adiantar nenhuma informação a respeito para não atrapalhar as investigações.
No ano passado, de acordo com as informações do Observatório da Segurança Pública, mantido pela Secretaria de Estado de Segurança Pública, Mantenópolis registrou cinco homicídios, mesmo número de 2022. Ou seja, em dois anos, dez homicídios. O índice do município é de 39 homicídios por grupos de 100 mil habitantes, bem acima do índice de todo o Estado do Espírito Santo, que foi de 25 homicídios por grupo de 100 mil habitantes em 2023.
Neste ano, porém, que começou muito tranquilo na região Noroeste, com redução de 61% no número de homicídios em relação ao mesmo período do ano passado, este é o primeiro crime contra a vida em Mantenópolis, que é uma das cidades capixabas com maior emissão de migrantes para os Estados Unidos e boa parte da economia do município movimenta-se em função de dinheiro remetido para as famílias, principalmente no setor de construção civil.
Uma investigação da Polícia Federal, divulgada pelo Fantástico, da TV Globo, em 2021, identificou a emissão de mais de 400 passaportes falsos por uma quadrilha sediada na cidade, que faz parte de um polígono de envio irregular de migrantes para o continente norte-americano, juntamente com cidades como Alto Rio Novo, Mantena, São João de Manteninha, Barra de São Francisco e Água Doce do Norte. (Da Redação)
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