Weber Andrade
Quem acorda cedo e chega no centro da cidade para trabalhar, encontra sempre uma avenida bem limpa, que vai sendo suja de novo ao longo do dia.
Por trás dessa limpeza estão, quase todos os dias, antes do sol nascer, Conceição Maria de Oliveira, 61, José Carlos de Matos, 58, e Marilza Gomes da Silva, 46, que chegam ao início da avenida Jones dos Santos Neves, no centro de Barra de São Francisco, vestidos com o uniforme cinza, de boné, com as vassouras e o carrinho de mão, para mais uma jornada de trabalho, que começa às 4h e vai até as 11h.

Pouco depois, o casal Iolanda Neves, 63, e José Geraldo de Souza, 65, começam as atividades, na rua Vantuil Ribeiro Fagundes e também trabalham duro até as 11h, para recolher o lixo urbano.
Dona Conceição, com 23 anos na lida, é divorciada e tem um casal de filhos. Disse que gosta do trabalho, mas lamenta que o serviço é desfeito poucas horas depois, quando começa a azáfama dos transeuntes pela avenida. “Eu não tenho muita dificuldade com o trabalho, mas a limpeza é por poucas horas, depois sujam tudo de novo”, lamenta.
“A gente trabalha duro, mas tem algumas dificuldades, como as vassouras que não são muito boas, mas não é de agora não. Às vezes aparecem algumas vassouras melhores, com cerdas mais altas e macias, que ajudam no serviço”, observa.
A reclamação é a mesma para José Carlos e Marilza, que tem menos ‘tempo de casa’, começou na administração passada e está há três anos fazendo o serviço de limpeza da avenida. “Acho que a gente merecia um auxílio-alimentação e uma vassoura melhor”, reivindica.
José Carlos, 58 anos, casado e pai de dois filhos, está há 23 anos trabalhando como gari na varrição de ruas. Assim como as colegas, disse que gosta do serviço, mas acha que eles merecem um carrinho de mão mais novo e vassouras melhores.
Iolanda Neves, 63 anos – “vou fazer 64 em maio” – é mãe de uma filha e tem mais três adotivos. Disse que tem 32 anos de serviços prestados à Prefeitura de Barra de São Francisco e só não se aposentou ainda porque “deu problema nos documentos’, mas acredita que seu descanso está próximo. “A única dificuldade que eu tinha era com o horário, ter que trabalhar dois turnos, mas agora isso foi resolvido”, observa ela, que trabalha das 5h às 11h, assim como o marido, José Geraldo Souza, 65.
Perdidos e achados
Todas as garis citadas acima afirmam que, durante o trabalho, encontram muitas coisas perdidas e dão um jeito de achar o dono ou dona.
Marilza conta que, uma vez, encontrou uma carteira recheada de dinheiro. Não soube dizer quanto. “Felizmente, consegui o número do telefone da pessoa, liguei e ela veio buscar”, relata.
Conceição diz que já encontrou muitos documentos perdidos e entrega na Secretaria Municipal de Limpeza Pública e Serviços, que costuma acionar uma rádio para anunciar.
Já dona Iolanda disse que, além de documentos na rua, já encontrou várias chaves de motocicletas, deixadas na ignição. “Quando acontece, dou um jeito de procurar por perto, nas lojas, para ver se encontro o dono ou a dona da chave, ou então, entrego na rádio.”

Secretaria tem um verdadeiro batalhão
De acordo com a funcionária da Secretária Municipal de Limpeza Pública e Serviços, Sonia Maria, a pasta tem um ‘batalhão’ de servidores que atuam na varrição, capina, coleta nos caminhões e outros serviços como a lavagem das ruas. “São cerca de 115 pessoas, mas não é o suficiente para a demanda, que é muito grande, às vezes, alguns são deslocados da capina para a varrição ou da varrição para a coleta nos caminhões por questões de afastamento (saúde) e outros problemas”, comenta.
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