Pedro Valls Feu Rosa*
Dia desses li que o tempo perdido pelos paulistanos nos engarrafamentos de trânsito gera um custo de R$ 26,8 bilhões por ano. Chegou-se a este valor computando-se o que 3,7 milhões de pessoas deixaram de produzir por estarem retidas no trânsito. Há também o custo com combustível e desgaste a maior dos carros, que alcançou inacreditáveis R$ 6,5 bilhões por ano. Em resumo: só a cidade de São Paulo perde R$ 33,3 bilhões a cada ano apenas em função dos engarrafamentos. No Rio de Janeiro fizeram o mesmo cálculo. Chegou-se a um prejuízo de R$ 12 bilhões por ano, o equivalente a incríveis 10% do PIB da cidade.
Este foi um estudo otimista. Há o pessimista, feito por um professor da Faculdade de Urbanismo da USP, segundo o qual São Paulo perde R$ 52 bilhões a cada ano, o equivalente a 20% do PIB da cidade.
Deve ser registrado que não foram computadas, nestes cálculos, as despesas a maior que este quadro gera para os governos – guardas de trânsito e equipamentos, por exemplo. Também não foram incluídos na conta os pequenos acidentes que os engarrafamentos invariavelmente causam. Ou seja: mesmo o cálculo mais pessimista é profundamente otimista!
Estes estudos foram feitos sobre as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. E em escala nacional? Neste caso, com base em cálculos realizados no já algo distante ano de 2002, quando os engarrafamentos eram bem menores, a conta chega a chocantes 6% do Produto Interno Bruto, um escândalo. Isto dá algo como R$ 97 bilhões a cada ano.
Estes números chocam? Repito: eles são otimistas, por não incluírem custos com acidentes, negócios perdidos em função de atrasos, pessoas que morreram por falta de atendimento porque as ambulâncias se atrasaram no trânsito, doenças causadas pela poluição etc. – em uma expressão, a realidade é infinitamente mais grave. Custa mais do que dinheiro – custa vidas.
Diante deste quadro é surpreendente a facilidade com que se fecham ruas em nosso país, agravando ainda mais o problema! Ora são eventos e festas que bem poderiam acontecer em locais próprios, ora são trabalhos públicos realizados em horários, ritmos e formas totalmente inadequados à realidade.
Talvez fosse este o momento de recordarmos a grande lição de Roberto Campos: “o mundo será salvo muito mais pela eficiência do que pela caridade”.
*O desembargador Pedro Valls Feu Rosa é articulista de diversos jornais com artigos publicados em diversos Estados da Federação, além de outros países como Suíça, Rússia e Angola.
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