Álvaro Duboc sai da Secretaria de Estado de Planejamento e vai para a Secretaria de Governo; Gilson Daniel sai da Secretaria de Governo e vai para o Planejamento. Uma simples troca de figuras? Alavancagem política? Afinal, qual é a tática do governador Renato Casagrande (PSB) ao anunciar essas mudanças na virada do ano?
Primeiro, nada muda em uma das meninas dos olhos do Governo, que é o programa de segurança Estado Presente. Vai continuar sob a coordenação de Duboc, que é da área – policial federal aposentado. Álvaro é considerado um técnico sério e competente. E pouco dado a fazer política. Trancou o cadeado da SEP e escondeu a chave.
Como o governo tem R$ 2,7 bilhões reservados para investimentos em 2022, é regra de todo e qualquer governante que isso seja pilotado por alguém com mais traquejo político. No caso, Gilson Daniel, ex-presidente da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes). Na verdade, Gilson tem quatro meses para destrancar o cadeado e distribuir a grana para, conforme versão oficial, “melhorar ainda mais a vida dos capixabas”.
Na prática, fazer as entregas que o Governo precisa para o governador deixar sua marca de forma indelével, de maneira que os ataques que certamente sofrerá durante a campanha eleitoral não sejam suficientes para apagar o que deixou. É o caminho da reeleição.
Paralelo a isso, Gilson também é candidato a deputado federal e precisa capilarizar seu nome. Nada como muita grana para fazer isso. Afinal, mesmo tendo presidido a Amunes, seu nome ainda é muito adstrito ao seu trabalho como prefeito de Viana. Os votos que angariar terão que vir do trabalho de lideranças nos municípios. Uma coisa casadinha com a outra. Ele é um dos nomes que o governador espera emplacar na Câmara dos Deputados, junto com outros três ou quatro, alguns com perfil bem ideológico, outros como fruto do pragmatismo político.
Investimentos públicos são sempre bem recebidos pelo eleitor, em especial no interior do Estado, onde os recursos são sempre mais escassos. O eleitor metropolitano costuma ser menos sensível a isso, mas sabe enxergar quando o gestor facilita, principalmente, sua mobilidade. O do interior se satisfaz tendo como mandar seus filhos para uma boa escola, conseguir transitar por estradas e pontes conservadas, ter onde ser socorrido se ficar doente e, quando precisar sair da cidade, encontrar boas rodovias. Ah, sim: e gosta de saber que sua cidade é segura.
Com uma boa gestão da pandemia – e tomara que não venha nenhuma surpresa por aí por conta da variante Ômicron -, o caminho parece estar sendo pavimentado para uma reeleição segura do governador. A não ser que surja algum fato muito relevante para mudar o quadro.
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