Quando as meninas da ginástica artística brasileira terminaram sua série nas Olimpíadas de Paris, a pequena notável Daiane de Oliveira, que fez o Brasil enxergar a ginástica artística ao ganhar títulos mundiais e participar de três olimpíadas, mesmo não tendo conquistado medalhas nelas, caiu no choro no microfone da emissora de TV onde hoje, aos 41 anos. E com ela choraram narrador, repórter e boa parte dos brasileiros que acompanharam a transmissão na tarde desta terça-feira (30).
A medalha de bronze, que por muito pouco não foi prata, brilhou no peito de Rebeca Andrade, Flavia Saraiva, Jade Barbosa, Julia Soares e Lorrane Oliveira, que escreveram mais um capítulo da cada vez mais linda história da ginástica artística brasileira. As cinco ginastas conquistaram, no último salto, o bronze por equipes nas Olimpíadas de Paris 2024, uma medalha olímpica inédita e há muito tempo aguardada.
Foi de Rebeca a nota final, no salto, um 15.100 em um Cheng lindamente executado, que garantiu o bronze para a equipe no último momento. Antes do último aparelho, o Brasil ocupava o sexto lugar. Com as notas do salto, as brasileiras ultrapassaram China, Canadá e Grã-Bretanha.
Com histórico recente de pódios individuais, o Brasil não tinha ainda a conquista para seu conjunto, um feito que prova o amadurecimento da modalidade e que expõe o brilho de suas atletas. O ouro ficou para a equipe dos Estados Unidos, capitaneada por Simone Biles, e a prata para a Itália.
Foi uma explosão no ginásio olímpico. Teve sangue, suor e muito brilho na Bercy Arena, em Paris.
Antes mesmo de as apresentações começarem, durante o aquecimento, Flavia Saraiva caiu das barras, bateu com o rosto no chão e abriu o supercílio, sangrando muito. Mas também houve riso, suspense e emoção até o fim. Fora do pódio até o último salto, o Brasil obrigou muita gente a assistir à final com calculadora na mão. E acabou conquistando a medalha pela força de seu conjunto e pela luz de Rebeca.
Melhor ginasta do Brasil e uma das melhores do mundo, Rebeca Andrade, de 25 anos, se apresentou nos quatro aparelhos, assim como Flávia Saraiva, de 24, que foi à luta com curativo no supercílio e tudo. As duas estão classificadas também para a final do individual geral, quinta-feira.
Caçula da equipe e finalista da trave, Julia Soares, de 18 anos, completou o time no solo e na trave. Veterana, Jade Barbosa, de 32 anos, foi a terceira competidora do Brasil no salto, enquanto Lorrane, de 26 anos, se apresentou nas barras assimétricas.
E tem tudo para virem mais medalhas por aí. Veja a tabela das finais que ainda virão e as brasileiras nelas.
- Final do individual geral (Rebeca Andrade e Flavia Saraiva): quinta-feira (1), às 13h15
- Final do salto (Rebeca Andrade): sábado (3), às 11h20
- Final das barras assimétricas (sem Brasil): domingo (4), às 10h40
- Final da trave (Rebeca Andrade e Julia Soares): segunda-feira (5), às 7h30.
- Final do solo (Rebeca Andrade): segunda-feira (5), às 9h20

REBECA DE OURO
Rebeca Andrade liderou o Brasil à inédita medalha por equipes na ginástica artística das Olimpíadas e, com isso, a ginasta de 25 anos chegou nesta terça-feira ao terceiro pódio nos Jogos Olímpicos. Depois da prata no individual geral e o ouro do salto em Tóquio, a estrela da ginastica garantiu o bronze em Paris ao lado de Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Júlia Soares e Lorrane Oliveira.
A jogadora de vôlei Fofão e a judoca Mayra Aguiar são as duas brasileiras que já tinham três medalhas. Fofão se aposentou das quadras e hoje é técnica. Dona de três bronzes na categoria até 78kg, Mayra ainda compete em Paris na prova individual e na de equipes, podendo chegar ao quinto pódio. Rebeca, por sua vez, tem mais quatro finais individuais. Pode igualar e até bater o recorde de cinco medalhas dos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, maiores medalhistas olímpicos da história do país.
Foi o segundo recorde quebrado por Rebeca em Paris. Nas classificatórias, se tornou a primeira brasileira a avançar a cinco finais, deixando para trás as três finais de Jade Barbosa em Pequim 2008 e dela mesma em Tóquio.
Rebeca já era a ginasta mais condecorada do Brasil na história. Além das três medalhas olímpica, tem nove pódios em Mundiais, três ouros, quatro pratas e dois bronzes. Entrou para um seleto hall de dez ginastas que já conquistaram medalhas em todas as provas da modalidade em Mundiais. (Da Redação com Globoesporte.com)
Foto da capa: AFP
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