
Uma servidora pública estadual de 32 anos de idade morreu e a família acusa o médico de plantão do Hospital Fundação Médico Assistencial do Trabalhador Rural de Ecoporanga (Fumatre), na microrregião Noroeste do Estado, a 340 quilômetros de Vitória, de negar socorro à paciente para atender a consultas particulares.
O drama foi todo registrado em vídeo, gravado pela irmã, a corretora de empréstimos consignados Wanessa Dettman Bello, e viralizou nas redes sociais, causando comoção na cidade. Num dado momento, enquanto discute com o médico João Roberto Dal´Col, Wanessa ouve um barulho e vira a câmara do celular, que flagra sua irmã, Gessica Dettmann Bello, caída no chão do pronto socorro.
Nesse momento, Wanessa começa a pedir socorro às enfermeiras. Uma enfermeira e uma técnica em enfermagem trazem uma cadeira de rodas e colocam Gessica, aparentemente desmaiada, no equipamento e a conduzem para uma sala. Veja vídeo.
Algumas pessoas tentaram defender o médico, enquanto Wanessa reclama e registra imagens dele, visivelmente irritado com a abordagem. Num dado momento, o médico, que é de uma família, segundo moradores, “muito poderosa na cidade”, ameaça chamar a polícia. Quando vê a irmã caída, Wanessa o desafia: “Chama a polícia agora, chama a polícia agora…”
AFASTAMENTO
Por meio da portaria 02/2024, assinada pelo presidente da Fundação,, Ugo Oliveira Figueiredo, o médico João Roberto Dal´Col foi afastado de suas funções no hospital.
Géssica Dettman Bello deixa dois filhos, de 8 e 4 anos de idade. Ela era servidora pública estadual, fiscal de obras, e estava fiscalizando as obras de reforma do Hospital Sílvio Avidos, em Colatina, antes de adoecer.
TRANSFERÊNCIA
Devido à gravidade, Gessica foi transferida para o Hospital Regional Doutor Alceu Melgaço Filho, em Barra de São Francisco, a 70 quilômetros de Ecoporanga, onde chegou em estado crítico.
De acordo com o laudo disponibilizado pela família para a reportagem, Gessica deu entrada no Hospital Regional, encaminhado pelo Fumatre, às 23h27 de terça-feira (7), e morreu às 2h11 da madrugada desta quarta-feira (8).
No encaminhamento para o Serviço de Verificação de Óbito, o médico de plantão anotou que a paciente foi encaminhada da Fumatre com quadro de dengue, desidratação e plaquetopenia (quando a contagem de plaquetas no hemograma aponta resultado inferior 150 mil células por milímetro cúbico). A evolução a óbito foi muito rápido, com hipotensão, taquicardia e dispneia, 30 minutos depois da admissão dela no hospital.
A luta da equipe médica para resgate da vida foi grande, com oito ciclos de adrenalina e sessões de massagens cardíacas e outros procedimentos de ressuscitação.
Na declaração de óbito as causas da morte de Géssica Dettmann foram atestadas como choque distributivo, pulmões em choque, doença intensa de febre hemorrágica e hipertensão arterial sistêmica.
DENÚNCIA
A notícia foi publicada, inicialmente, no site local Agitaeco, que, citando “relatos angustiantes”, reporta que o médico de plantão (João Roberto Dal´Col, na foto), “recusou-se a prestar assistência, mesmo diante dos apelos desesperados por socorro feitos por sua irmã. A discussão entre o médico e a irmã da paciente, que se prolongou por mais de 5 minutos, representou um tempo precioso perdido que custou a vida de Gessica”.
Completando, o site faz uma cobrança: “Este trágico episódio lança luz sobre uma realidade preocupante que assola não apenas Ecoporanga, mas diversas regiões do país: a falta de assistência médica adequada. A morte de Gessica é um lembrete doloroso da necessidade urgente de melhorias no sistema de saúde, especialmente no atendimento emergencial”.
O Hospital Fumatre é uma instituição filantrópica. No site da Prefeitura de Ecoporanga consta que o município, por meio de contrato, faz a contratação terceirizada dos serviços de pronto socrro para melhores atendimentos humanizados e conta com especialistas de excelência”.
Na aba transparência estão todas as informações da contratação da Fumatre, desde 2018. A última contratação, com validade de abril de 2024 a abril de 2025, prevê o repasse de R$ 3.389.697,72 pelo município para o hospital. veja aqui https://encurtador.com.br/ftWZ9
A Tribuna Norte-Leste demandou uma posição da Polícia Civil, da Secretaria de Estado de Saúde e do Conselho Regional de Medicina sobre o caso. Assim que forem respondidas, atualizaremos esta reportagem. Da mesma forma, o site está aberto a uma tomada de posição da Prefeitura de Ecoporanga, o que pode ser feito pelo nosso email tribunanorteleste@gmail.com. (Da Redação com informações de Agitaeco)
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