Com textos de 60 sobreviventes da ditadura que se seguiu ao golpe civil-militar de 1964, que depôs o governo constitucional de João Goulart e colocou em seu lugar, “referendado” pelo Congresso Nacional sob torniquete, o marechal Humberto de Alencar Castello Branco, será lançado, simultaneamente, em várias cidades brasileiras, nesta segunda (1º de abril), o livro de memórias “60 anos do golpe, gerações em luta”. Dentre os autores com textos no livro, sete são capixabas.
A data alude ao dia em que, de fato, as tropas do general Mourão Filho começaram a se deslocar de Juiz de Fora, marcharam sobre o Rio de Janeiro no dia 2, circundando, simbolicamente, o Maracanã, que lhes foi entregue pelo então governador Carlos Lacerda (mais tarde, cassado pelo próprio regime que apoiou). Esse período de exceção durou 21 anos, com de mais de 600 pessoas mortas ou desaparecidas. Lançamentos simultâneos estão confirmados no Rio, São Paulo, Vitória, Goiânia, Curitiba, Belo Horizonte, Florianópolis e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.
A partir dos eventos do dia 1º estão programados outros lançamentos durante o mês de abril em Barra do Piraí, Resende e Volta Redonda, no Estado do Rio, e também em Aracaju e Vitória. Estão sendo confirmadas essas ações em sindicatos, centros culturais, entidades estudantis, entre outros locais onde se faz necessário o debate político visando a defesa da democracia.
A obra tem 334 páginas e traz artigos de ex-combatentes do golpe e da ditadura, ex-coordenadores da Comissão Nacional da Verdade, do MG68, intelectuais, acadêmicos, representante da periferia social, jornalistas, juristas, sindicalistas, mulheres, negros, brancos, professores, economistas, psicólogos, poetas, escritores, sociólogos, trabalhadores, cidadãos e cidadãs que ainda hoje lutam em defesa da democracia.
A iniciativa é do advogado Francisco Celso Calmon, ativista e ex-preso político, também da “Rede Brasil, Memória, Verdade e Justiça”, a partir da reflexão “Onde estávamos em 1964 e onde estamos em 2024?”, eixo do conteúdo, que será apresentado em textos de brasileiros que viveram essa fase obscura da história nacional.
Além de Francisco (Xico) Celso Calmon, idealizador e coordenador do projeto, o livro traz textos de outros capixabas, como Perly Cipriano, ex-preso político e escritor, ex-secretário de Estado, “O sonho não se realizou nem se esgotou”; do historiador Fernando Achiamé, “O sonho acabou. Viva o sonho”; do jornalista Roberto Junquilho, “Ditadura, posse da terra e impunidade”; e também Cristina Moura, Paulo Coutinho e Gaspar Leão Paz.
Paulo Coutinho, bancário e sindicalista, escreveu “A Luta continua”; professor do Departamento de Artes da Ufes, doutor em Filosofia, Gaspar Paz toca no delicado tema “As Universidades públicas brasileiras e a violência ‘confidencial’ nos anos de chumbo”; já a diretora de teatro, coreógrafa e intérprete Cristina Moura desenvolve o tema “Da rua Maria Antônia, o retorno a ela e a retrospectiva histórica de 60 anos”.
O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão escreveu, na contracapa do livro: “Tenho muito orgulho de apresentar essa lista de consagrados autores em suas expertises, garantia de um livro de conteúdo de excelência literária e política. Os artigos que compõem esta obra se unem a um eixo essencial, a permanente luta pela democracia de todas e todos. “60 anos do golpe: gerações em luta” é uma obra para figurar entre os grandes compêndios da história”.
Lançamentos – 1º de abril:
Rio – Museu da República (18h)
São Paulo -Teatro Ruth Escobar
Vitória – Adufes (10H); Biblioteca Pública do ES (19h), na Enseada do Suá.
Belo Horizonte – Casa do Jornalista
Curitiba – Anfiteatro 100 do setor de Ciências Humanas da UFPR (18h)
Goiânia – Sindicato dos Jornalistas
Passo Fundo/ RS – Av. Presidente Vargas 1610 Loja 1016 Passo Fundo Shopping São Cristóvão
PREÇO do livro – R$ 90,00
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