Usiel Carneiro de Souza*
Em minha última postagem falei de saudação nazista e houve quem me apontasse como juiz da consciência alheia e criador de narrativa lulista. Achei interessante o fato de que pudesse levar pessoas a me interpretarem assim. Não concordar com minhas posições, claro, é parte desse espaço. Conhecer-me a me ter como julgador e falacioso, foi interessante.
E achei relevante refletir sobre a tal saudação. Por que me referi a saudação nazista e isso não significa, nem julgar e nem criar narrativa lulista?
Ao falar da “saudação nazista”, meu olhar não recai simplesmente sobre o gesto em si ou por achar que os que o fazem sejam adeptas do movimento alemão que causou tantos males e envergonha, ainda hoje, a história daquela nação. Meu olhar se dirige ao “espirito” da atitude.
O gesto recebe impulso do compromisso com um patriotismo que exclui, pré-conceitua e absolutista. Inspira-se numa paranoia espiritualizara que mistura Deus, profecia, guerra santa e sabe-se lá mais o que, com política. Votar deixou de ser apenas votar. Tornou-se uma declaração de fé. Votar na direita é manter-se fiel à Bíblia. Votar na esquerda é negá-la.
Essa mentalidade que move os braços rígidos para o alto é adequadamente exemplificada pelo nazismo. Nazista, então, deixa de ser um substantivo e reveste-se da natureza de um adjetivo.
Dito isso, reafirmo: é lamentável ver brasileiros adotando saudação nazista. E, como tantos, anseio ver os que não haviam entendido “a coisa”, por terem um outro coração, baixem os braços e retornem à democracia. Pois neste momento, um gesto, é bem mais que um gesto.
* Usiel Carneiro de Souza é teólogo, administrador e pastor da Igreja Batista da Praia do Canto (Vitória – ES)
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