O Espírito Santo, responsável por 69% da produção brasileira de café conilon, vai produzir 13,1 milhões de sacas na safra 2025, conforme estimativa feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) considerando dados do segundo levantamento, divulgado nesta terça-feira (6).
A Bahia, especialmente o Sul do Estado, para onde muitos produtores capixabas expandiram suas lavouras, já ultrapassou Rondônia (também dominado por produtos capixabas) na produção de conilon.
Em janeiro, quando o mercado internacional especulava com uma supersafra para tentar derrubar os preços, o engenheiro agrônomo capixaba e consultor José Carlos Gava Ferrão, atualmente estabelecido no Sul da Bahia, já havia feito previsões que se revelaram realistas diante dos dados coletados pela Conab.
Os preços caíram com o início da colheita do conilon no Espírito Santo, mas são os melhores da história para o período. O especialista José Carlos Gava Ferrão prevê que pelo menos nos próximos três anos o produtor ainda ganhará muito dinheiro com o café, em função de efeitos climáticos, dentre outros fatores, em grandes produtores, como o Vietnã.
CRESCIMENTO
A Conab projeta que a produção de café deve apresentar um crescimento de 2,7% na safra 2025 frente ao volume colhido na temporada passada, mesmo em ano de bienalidade negativa, sendo estimada em 55,7 milhões de sacas.
Caso o volume estimado se confirme ao final do ciclo, este será o maior já registrado para um ano de baixa bienalidade, superando em 1,1% a colheita registrada em 2023.
Já a área total destinada à cafeicultura deverá registrar um aumento de 0,8%, chegando a 2,25 milhões de hectares. A área em produção deve registrar uma queda de 1,4%, estimada em 1,86 milhão de hectares, enquanto a área em formação tende a apresentar um incremento de 12,3%, movimento esperado para anos de bienalidade negativa.
Para o conilon, Ferrão estimou em 20.456.500 de sacas, admitindo chegar a 21 milhões. Ficou na margem de erro. Quanto ao Espírito Santo, Ferrão estimou em 14, 630 milhões de sacas.
Quando analisou a Bahia, o engenheiro e consultor estimou em 2.351.250 de sacas. “Se surpreender muito podendo chegar a 2.475.000 de sacas”, disse ele à epoca. Errou por 25 mil sacas na previsão da Conab.
Já para a produção de Rondônia, Ferrão acertou na mosca. “Estimo em 2,288 milhões de sacas e teria que surpreender muito para passar disto”, disse ele. A Conab projeta exatamente 2,280 milhões de sacas no Estado do Norte do País.
CAUSAS
O bom resultado estimado na safra total de café é influenciado, principalmente, pela recuperação de 28,3% nas produtividades médias das lavouras de conilon. Com isso, a expectativa de produção para esta espécie está estimada em 18,7 milhões de sacas, um novo recorde para a série histórica da Conab.
Este resultado se deve, sobretudo, à regularidade climática durante as fases mais críticas das lavouras, que beneficiaram floradas positivas, e a boa quantidade de frutos por rosetas.
Apenas no Espírito Santo, maior produtor de conilon do país, é esperada uma produção de 13,1 milhões de sacas, crescimento justificado pelas boas precipitações verificadas no norte do estado, região que corresponde a 69% da área da espécie no país.
Na Bahia, a Conab também espera uma recuperação na colheita de conilon de 28,2%, estimada em 2,5 milhões de sacas. Neste cenário, o estado baiano recupera a posição de 2º maior produtor da espécie, ultrapassando Rondônia onde a expectativa é de uma colheita de 2,28 milhões de sacas.
QUEDA NO ARÁBICA
Já para o café arábica, espécie mais afetada pela bienalidade, a Conab prevê uma redução de 6,6% na colheita, com previsão de uma safra em torno de 37 milhões de sacas.
Em Minas Gerais, estado com maior área destinada para a produção de arábica, é esperada uma colheita de 25,65 milhões de sacas.
De acordo com o levantamento, além do reflexo já esperado pelo ciclo de bienalidade da planta, entre abril e setembro do ano passado foi registrado um longo período seco e as lavouras enfrentaram instabilidade, apresentando menor vigor vegetativo, influenciando na queda de potencial produtivo dos cafezais.
Em São Paulo, a produtividade média também foi impactada pelos efeitos fisiológicos de baixa bienalidade, acompanhados pelas condições climáticas adversas registradas nas regiões produtoras. Com isso é esperada uma queda de 3,8% no desempenho das lavouras.
Por outro lado, a área destinada para a produção cresceu em 5,3%, chegando a 196 mil hectares, o que compensa a perda esperada nas produtividades resultando em um aumento na produção de 1,3%, estimada em 5,5 milhões de sacas.
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