Para viver e ser feliz, o que seria mais importante: poder ou resiliência? O poder é algo que nos atrai muito e ele tem muitas fontes.
A beleza, a força, o dinheiro, a influência, o conhecimento podem ser exemplos de fontes de poder. Talvez o dinheiro seja a mais simbólica delas. Em nossa sociedade o dinheiro é símbolo de poder e alimenta sentimentos de superioridade. Pessoas com posses e recursos costumam se sentir mais importantes, mais dignas do que as despossuídas. Nessa esteira, nem toda vida tem o mesmo valor. Algo a se lamentar!
A resiliência, podemos dizer, é um tipo de poder. Mas um tipo de poder bastante distinto. Ela não é um instrumento ou ferramenta que usamos. A resiliência é um poder que atua em nós.
A origem do termo está no mundo dos materiais, referindo-se à capacidade que certos materiais têm de sofrerem deformação e retornarem ao seu estado original. Usado em relação a pessoas, diz respeito à capacidade de enfrentar situações e sair-se bem. Por exemplo: é resiliente a pessoa que, ao ser ferida, não se torna amargurada ou ressentida; ao sofrer uma derrota, não perde a auto-confiança ou o entusiasmo diante da vida.
Há um verso nas Escrituras, muito popular, e que está nessa questão que envolve resiliência e poder. Ele está na Carta Aos Filipenses, capítulo 4 verso 13: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Ele estaria falando de resiliência ou de poder? Muitos o usam pensando em poder, mas ele fala de resiliência. A leitura dos versos anteriores ao 13 nos mostra isso claramente. Muitos pensam que este verso é o anuncio de que, pela fé em Cristo, podemos conquistar qualquer coisa que desejarmos, mas essa ideia está longe do texto.
Diferente do que tanto se fala em diversos espaços, o Evangelho não nos propõe um certo tipo de vida que promete privilégios por meio do acesso e utilização do poder de Deus. Quem crê no Evangelho, e não apenas na pregação e em certos anunciados, será desafiado a rever a vida e aprender a vê-la pelas perspectivas de Cristo. E neste caminho a resiliência, não há dúvida, se fará presente. Muito mais que o poder.
Dizendo de outra forma, a fé em Cristo não nos faz poderosos, nos faz resilientes. Não nos torna capazes de conquistar qualquer coisas que desejarmos, mas nos capacita para lidar com a vida e enfrentar revezes de forma saudável.
A resiliência não é um dom, é um aprendizado que resulta do processo de viver e enfrentar situações adversas. Ela vem de desapontamentos, de perdas, de injustiças, de decepções. No caso do apóstolo, ao enfrentar a vida pela fé em Cristo, aprendeu e desenvolveu resiliência. Um tipo de resiliência que se fundamenta em valores eternos e não apenas temporais, espirituais e não apenas materiais.
A resiliência é uma das faces da maturidade. Portanto, os ensinos de Jesus nos propõem um tipo de vida em que, necessariamente, seremos levados à maturidade. Caso contrário, é bem possível que estivemos envolvidos apenas com nossos ritos e ideias religiosas. Ainda que tenhamos tido experiências misteriosas, visões espetaculares ou tenhamos experimentado emoções que nos arrebataram.
O poder, que tanto nos atrai, não é condição sine qua non ou indispensável para a felicidade. A resiliência é. A resiliência indica que aprendemos a viver. Somos seres breves e frágeis e o poder, seja ele de que tipo for, não resolve isso. Não poderemos reter a força, o vigor, a saúde, a vida em si. Vamos perder e vamos terminar. Precisamos aprender a viver. A fé em Cristo, o conhecimento do Evangelho verdadeiramente e não apenas algum envolvimento religioso, nos encaminha a essa maturidade e resiliência.
Para terminar, um testemunho pessoal. Tenho frequentado a escola de vida de Cristo e já fui aluno dos caminhos da religião apenas. Somente mais recentemente tenho experimentado resiliência. Ainda não posso dizer como Paulo, que posso todas as coisas em Cristo. Mas posso testemunhar que, cada dia que sigo os passos de Jesus de Nazaré, posso um pouco mais e melhor lidar com a vida, comigo mesmo e com o meu próximo!
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