O PT e a federação partidária Brasil da Esperança – formada por PT, PC do B e PV – oficializaram a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (SP) ao Palácio do Planalto na manhã desta quinta-feira (21), em um hotel no Centro da capital paulista. O petista não participou do evento por estar em viagem a Pernambuco.
Lula, que vai disputar a Presidência pela sexta vez, será o primeiro candidato de uma federação partidária. A modalidade de aliança, criada em 2021, consiste na união de dois ou mais partidos que deverão atuar como se fossem um só por pelo menos quatro anos.
Outros partidos que compõem a federação partidária Brasil da Esperança também farão convenções. Após os encontros, todos se reunirão para avalizar as decisões tomadas (veja mais abaixo).
Ritual do anúncio
O evento começou por volta das 10h10 em uma pequena sala do hotel, sem grande divulgação por parte do partido. Membros da Executiva Nacional da legenda participaram do encontro a portas fechadas.
Após a convenção do PT, iniciou-se a reunião na convenção nacional com a presença dos partidos PCdoB e PV, que vão apoiar a chapa nas eleições. Por volta de 11h30, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, permitiu a entrada da imprensa e anunciou oficialmente a candidatura de Lula e Alckmin.
“A primeira deliberação e homologada é a indicação da candidatura à presidência de Lula e de vice-presidência Geraldo Alckmin. A segunda deliberação é a de coligação de PSOL Rede, PV e Solidariedade. A terceira é o número do candidato a presidência da República. Número 13, Lula”, afirmou, sob aplausos.
Segundo o calendário definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os partidos têm até 5 de agosto para realizar convenções. Após o encontro, os partidos têm até 15 de agosto para registrar a candidatura no tribunal – último passo para a oficialização do candidato.
Convenções
Durante a convenção nacional do partido nesta quinta (21), o PT aprovou:
indicação do nome de Lula como candidato a presidente da federação;
aprovação da coligação com PSB, Solidariedade e a federação PSOL-Rede;
indicação de Geraldo Alckmin como candidato a vice-presidente da federação.
Paralelamente, o PV, que também compõe a federação Brasil da Esperança, se reune, de forma virtual, para tomar as mesmas decisões. O PC do B, outro integrante da aliança, aprovou as indicações em reunião virtual na noite da quarta (20).
As convenções são vistas por integrantes do PT como “meramente formais” e protocolares.

Sem participação de Lula
Com agendas em Recife (PE), o ex-presidente não estará na convenção nacional do PT. Em 2018, Lula também não participou do evento no qual o PT confirmou sua candidatura à Presidência. Na ocasião, ele estava preso após condenação em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá (SP), mas enviou uma carta que foi lida pelo ator Sérgio Mamberti.
Trajetória política
Nascido em Garanhuns (PE), Luiz Inácio Lula da Silva trabalhou, em São Paulo, como ambulante, engraxate, ajudante de tinturaria e torneiro mecânico. Aos 17 anos, em 1964, sofreu acidente de trabalho, no qual perdeu o dedo mínimo da mão esquerda.
Lula iniciou a trajetória no movimento sindical em 1966. Em 1975, foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema.
1980 – Em fevereiro, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores, o PT. Em 19 de abril do mesmo ano, foi preso por 31 dias devido à atuação na liderança de movimentos grevistas no ABC Paulista.
1982 – Acrescentou o apelido “Lula” ao nome original. No mesmo ano, pelo PT, candidatou-se ao governo de São Paulo e ficou em quarto lugar.
1986 – Foi eleito deputado constituinte por São Paulo, o mais votado do Brasil. Disputou a Presidência pela primeira vez em 1989, derrotado por Fernando Collor de Mello (PRN) no segundo turno.
1994 – Disputou novamente a Presidência e perdeu, em primeiro turno, para Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
1998 – Tentou mais uma vez a eleição presidencial e foi derrotado novamente por FHC.
2002 – Foi eleito presidente da República após disputar o segundo turno contra José Serra (PSDB).
2006 – Reeleito ao derrotar Geraldo Alckmin (à época no PSDB) no segundo turno.
2010 – Conseguiu eleger a sucessora, Dilma Rousseff (PT), ministra de duas pastas nos governos Lula: Ministério de Minas e Energia e Casa Civil.
2014 – Lula descartou disputar o Planalto e anunciou apoio à reeleição de Dilma.
2017 – Em julho, foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.
2018 – Em abril, teve a prisão decretada pelo então juiz Sergio Moro e, alguns dias depois, se entregou à Polícia Federal após um ato na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O PT registrou a candidatura de Lula a presidente, mas a Justiça Eleitoral indeferiu. O candidato a vice na chapa, Fernando Haddad, disputou a Presidência e perdeu no segundo turno para Jair Bolsonaro.
2019 – Deixa a prisão em Curitiba após 1 ano e 7 meses de prisão, beneficiado por decisão do STF que reconheceu o direito de réus condenados responderem em liberdade até o julgamento do último recurso.
2021 – Uma decisão do ministro do Supremo, Edson Fachin, anulou as condenações e tornou Lula elegível. Na decisão, Fachin considerou que a 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos casos da Lava Jato relacionados à Petrobras, não era a instância competente para julgar Lula — para o ministro, as acusações ao ex-presidente não tinham relação direta com a Petrobras. Em abril do mesmo ano, o plenário do Supremo confirmou a decisão e enviou os processos para a Justiça Federal do Distrito Federal. (Da Redação com g1 Política)
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