
*José Caldas da Costa
Um dos palestrantes da oficina de criação do Polo de Agricultura Irrigada do Norte e Noroeste Capixaba, realizada nos dois dias que antecederam a Pinheiros Agroshow, no Gira Sol Cowntry Club, o pesquisador da Embrapa Cerrado, Lineu Neiva Rodrigues, retornou a Brasília sem esconder sua surpresa com o nível de tecnificação dos produtores irrigantes dessa região do Espírito Santo.
Para Neiva, não existem dúvidas de que os gargalos serão superados e, a exemplo de seu colega da Embrapa Soja, José Salvador Poloni, previu que o polo do Espírito Santo apresentará resultados muito rápidos.
“A região me surpreendeu pelo nível de tecnologia que as pessoas estão usando para irrigação, o quanto eles estão avançados nessa questão da agricultura irrigada. O polo revelou, entretanto, um pouco do que a gente já sabia: a agricultura irrigada precisa de água, aquela água azul, e de energia”, disse Lineu.
ÁGUA E ENERGIA
O pesquisador acrescentou que durante a oficina ficou revelado que na região os grandes problemas estão associados à falta de água, “e não podemos ter falta de água num país com 12% das reservas líquidas do mundo, e ainda mais falta de acesso à água, e energia de má qualidade, isso ficou claro”.
Lineu Neiva está presente no processo de criação do polo desde o primeiro momento, quando a equipe do Governo Federal teve um encontro promovido pelo deputado Mazinho dos Anjos no Palácio Anchieta com o vice-governador Ricardo Ferraço e vários integrantes do Executivo, marcando o engajamento do Governo do Estado no projeto.
Aém da oficina de levantamento dos pontos fortes e fracos, e avaliação das possíveis soluções, Lineu participou na última semana das visitas técnicas nos dois dias e conheceu culturas de café consorciado com mamão, pimenta do reino, visitou fábrica de beneficiamento de mamão formosa, plantão de cítricos e a unidade industrial que processa esses alimentos, e ainda uma fazenda onde se cria gado semiconfinado, planta-se seringueira e uma grande extensão de soja.
Na avalição do pesquisador, o polo de agricultura irrigada é uma das melhores políticas disponíveis no Governo Federal para o desenvolvimento do setor. “É uma das melhores iniciativas por várias razões, mas a que mais gosto de falar é que os problemas são levantados de baixo para cima, pelos próprios agricultores, e o Governo Federal depois ajuda dentro das suas possibilidades a reduzir esses problemas financeiramente e por meio de seu corpo técnico”, observou.
Segundo Lineu, o polo é estratégico: “Acho que, a partir da criação do polo, recursos vão vir e viabilizar a infraestrutura que é fundamental para o desenvolvimento da agricultura irrigada, que com isso vai crescer. Temos um potencial no Espírito Santo de 600 mil hectares irrigados e atualmente são irrigados apenas 260 mil. Esse polo do Norte Capixaba englobou 32 municípios e tinha cerca de 100 pessoas participando da reunião. Foi muito expressivo. Eu falei com você que duvidava que teria esse tanto de pessoas, mas a participação foi intensa”.
Neiva disse ser difícil de agradecer a uma pessoa só, “mas algumas pessoas pegaram o boi pelo chifre, não podendo deixar de lembrar o deputado Mazinho dos Anjos e o Érico (presidente do Sindicato Rural) e Thiago (da Assipes), que foram fundamentais. Acho que a região vai se desenvolver muito com o polo, porque virão recursos, virão especialistas e será dada visibilidade para a região, com isso a possibilidade de melhorar ainda mais a tecnologia, que já é muito boa”.
DIRETORA
Durante a oficina e a visita técnica, o pesquisador da Embrapa acompanhou a diretora do Departamento de Irrigação do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, Larissa Oliveira Rego, que orientou a realização do evento e a produção dos documentos que vão subsidiar o processo de criação do polo e a publicação do ato pelo Ministro da pasta, Valdez Goes.
Lineu Neiva Rodrigues é mestre e doutor em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa e pós-doutor pela Universidade de Nebraska-EUA, Lincoln, em Engenharia de Irrigação e Manejo de Água. Atualmente é pesquisador na área de recursos hídricos e irrigação e chefe adjunto de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Cerrados. É orientador dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa e em Agronomia (irrigação e drenagem), da Faculdade de Ciências Agronômicas – Campus de Botucatu.
Neiva Rodrigues é também diretor de políticas públicas da Associação Brasileira de Engenharia Agrícola. Atua como consultor científico de diversos órgãos de fomento à pesquisa e revistas científicas. Coordena o grupo de pesquisa do CNPq intitulado Rede Agrohidro. Foi consultor da Organização dos Estados Americanos (OEA). Foi pesquisador visitante no Imperial College, Londres, no departamento de estudos de terra, ar e recursos hídricos da Universidade da Califórnia-EUA, Davis, e no Departamento de Geoinformática, Hidrologia e Modelagem da Universidade de Friedrich-Schiller, Jena-Alemanha.
Foi membro titular da Câmara Técnica de Análise de Projetos, presidente da Câmara Técnica de Ciência e Tecnologia e Conselheiro titular do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Temas de interesse: irrigação, recursos hídricos, hidrologia, mudanças climáticas. (Da Redação)
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