Há algumas semanas, o ex-secretário de Estado de Segurança Fernando Herkenhoff, com larga experiência também no Ministério Público Federal, escreveu em um artigo que “o tráfico de drogas é um negócio como outro qualquer, só que ilegal”.
Um estudo sobre o cartel de Medellin vai revelar que esse era o raciocínio de seu principal líder, Pablo Escobar: tudo se vende. E, poderíamos acrescentar, sub-repiticiamente, não se consome o que se vende.
Por isso, Escobar não admitia que seus homens usassem cocaína – quando muito um baseado de maconha, que o próprio Escobar apreciava, mas não era seu negócio.

Essa lógica explica a existência da organização criminosa que sofreu duro ataque da Polícia Federal nesta segunda-feira (14), identificada pelas autoridades como “uma complexa e estruturada organanização criminosa voltada para o tráfico interestadual de cocaína e consequente esquema de lavagem de capitais”.
Por meio da Delegacia de Repressão a Drogas (DRE/ES), a Polícia Federal deflagrou a Operação Sangue Frio para cumprir, simultaneamente, 28 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão temporária.
Além do Espírito Santo, os mandados estão sendo cumpridos nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro (Campos dos Goytacazes) e Bahia, todos relacionados a integrantes da organização criminosa.
CHEFE
Dentre os alvos das ordens judiciais, encontra-se o principal líder da organização, um indivíduo com mandado de prisão pendente há mais de 13 anos, condenado por tráfico de drogas.
A investigação demonstrou que a organização criminosa é uma das principais distribuidoras de entorpecentes no Estado do Espírito Santo, sendo responsável pelo abastecimento de traficantes locais, sobretudo nas regiões de Cariacica, Viana e Guarapari.
Nesta operação foram empregados aproximadamente 240 policiais, contando com o apoio da CORE da PCES, Polícia Militar, Guardas Municipais dos municípios de Serra, Vila Velha e Anchieta e da Diretoria de Operações Táticas da Polícia Penal/ES.
De acordo com nota da Polícia Federal, a operação representa um duro golpe contra o tráfico de drogas no país, demonstrando a capacidade de articulação interestadual da corporação, com foco na desarticulação financeira e operacional de organizações criminosas.
O nome da operação faz alusão à forma engenhosa e dissimulada utilizada pelos criminosos: o transporte da droga era realizado em caminhões frigoríficos, misturada a cargas de carne bovina, partindo do Estado do Mato Grosso até o Espírito Santo. (Da Redação com SRPF/ES)
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