O francisquense gera, em média, 1,485 quilo de lixo diariamente, dividido em Resíduos Domiciliares (RDO) e Resíduos de Limpeza Urbana (RLU). Mas, apesar da coleta regular e dos serviços de varrição na área urbana do município, a sensação é de que quase sempre a cidade está tomada pelo lixo, principalmente em bairros da periferia.
Tal sensação se deve ao hábito dos cidadãos, de atirarem o seu lixo nas ruas, em vez de procurarem a lixeira mais próxima ou levarem o lixo consigo para depositá-lo em recipientes adequados e nos horários permitidos
O lixo doméstico responde por quase 80% do total de resíduos produzidos pelo francisquense. Cada morador gera 1,07 quilo de lixo por dia em casa, mas 380 gramas, em média, de lixo são atirados na rua por cada pessoa nas diariamente.
Os dados, embora sejam de 2017, refletem uma realidade que incomoda toda a sociedade. Mas essa mesma sociedade não se dispõe a contribuir de forma efetiva para uma mudança.
Hoje, Dia Internacional da Reciclagem, a reportagem do TNL, lembra que, em Barra de São Francisco, o prefeito Enivaldo dos Anjos (PSD) vem buscando, desde o início do ano, resolver um problema crônico da cidade, que é a coleta e reciclagem do lixo.
Em fevereiro, a Câmara Municipal aprovou o projeto de lei (021/21), autorizando o município a criar um programa de compra de lixo reciclável, denominado (Eu Limpo a Minha Cidade).
A intenção do prefeito é montar uma usina de tratamento de resíduos em Barra de São Francisco e propor aos municípios vizinhos, o tratamento do lixo produzido por eles.
O projeto do Executivo prevê também a compra de lixo reciclável e sua venda a terceiros que explorem o setor de reciclagem.
“Os valores apurados serão arrecadados aos cofres públicos e revertidos em benefícios em prol da população”, diz o projeto.

Lixo em Barra de São Francisco
O prefeito Enivaldo dos Anjos (PSD), logo ao assumir o mandato determinou que a Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Urbanos, desse um choque de “limpeza” na cidade. Foram retiradas centenas de toneladas de lixo e entulho de dentro dos rios e dos logradouros municipais.
Mas, a falta de sensibilidade da população acaba provocando gastos exagerados no serviço e drenando recursos de áreas essenciais, como saúde, educação e obras.
“Em Barra de São Francisco são produzidas 500 toneladas de lixo por mês. Em Água Doce do Norte são mais 100 toneladas. Todo esse lixo pode, em vez de gerar despesas, pode trazer lucro para o nosso município”, avalia o prefeito.
Dos Anjos destaca ainda que, dentro desse projeto, o cidadão será duas vezes beneficiado, já que, além da coleta e tratamento do seu lixo, ele poderá ser remunerado pelo lixo que produz.
“Vamos propor a compra do lixo reciclável do município e da região e depois vende-lo. Temos exemplos de que essa ação é viável e poderá reduzir drasticamente a quantidade de lixo nas ruas da cidade”, finalizou.
Lixo no Brasil
Cada brasileiro gera pouco mais de um quilo de resíduos sólidos por dia, somando anualmente 379 quilos por pessoa ou 79 milhões de toneladas de resíduos no Brasil. Para se ter uma ideia, essa quantia é suficiente para construir uma muralha nada agradável de 13 metros de altura e 3,6 metros de largura ao longo dos 7,4 mil quilômetros do litoral brasileiro.
“O Brasil é uma das nações que mais produz e menos recicla resíduos sólidos no mundo. Isso mostra como é urgente a necessidade de novos modelos de produção e consumo. Nossa maneira de consumir está diretamente relacionada com a quantidade de resíduos que geramos. E a forma com que destinamos esses resíduos facilita ou dificulta a sua reciclagem”, alerta Bruna Tiussu, gerente de comunicação e conteúdos do Instituto Akatu, principal ONG do país dedicada à sensibilização e à mobilização para o consumo consciente.
Dicas para reduzir a geração de resíduos
Repense: Você realmente precisa comprar um novo produto? Existe a possibilidade de pegar emprestado, trocar ou usar/consertar/atualizar o que você já tem? Evite impulsos momentâneos ou se deixar levar por propagandas. Valorize o que é realmente essencial. E, se for comprar, questione se a marca escolhida está alinhada com o cuidado nas questões socioambientais, com a logística reversa e a economia circular.
Recuse: Diga não para itens supérfluos e de uso único, que geram mais resíduos, como sacolas plásticas ou canudos e talheres descartáveis ao pedir delivery. Recuse panfletos e brindes que você não irá usar. Recusar itens que certamente terão o lixo como destino é simples e ajuda a reduzir a quantidade de materiais destinados a aterros sanitários.
Reduza: Evite o excesso e o consequente desperdício. Vale para comidas – desperdício residencial de alimentos no Brasil ultrapassa 12,5 milhões de toneladas ao ano, segundo o UNEP – e para todo tipo de material. Planeje suas compras. Diminua o uso de itens descartáveis, evite impressões desnecessárias, prefira produtos concentrados e em embalagens menores ou reutilizáveis, e use os produtos até o fim de sua vida útil.
Reutilize: Se possível, dê novas funções para materiais e embalagens ociosas antes de pensar no descarte. Use a criatividade: potes de vidro podem servir para armazenar pequenos objetos, garrafas PET podem virar brinquedos, aquela toalha velha pode virar pano de chão. E lembre-se que um objeto que você não precisa mais pode ser útil para outra pessoa.
Recicle: Só depois de conjugar esses outros quatro verbos é que podemos planejar o descarte adequado de materiais e objetos para viabilizar a reciclagem do que é possível.
Curiosidades sobre reciclagem no Brasil
Descartamos aproximadamente 1 milhão de toneladas de vidro anualmente e reciclamos 47%. O total não reciclado equivale ao peso de 980 milhões de potes de palmito (550g) cheios ou ao peso de mais de 36 Torres de Pisa, de acordo com cálculos do Instituto Akatu.
Geramos 3,4 milhões de toneladas de resíduos plásticos pós-consumo anualmente e reciclamos somente 22,1%. O total não reciclado equivale ao peso de 1,26 bilhão de garrafas PET de 2 litros cheias ou ao peso de 5 edifícios Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo.
Consumimos 7,4 milhões de toneladas dos principais tipos de papel (impressão, embalagem e cartão) anualmente e reciclamos 66,9%. O total não reciclado equivale ao peso de mais de 1 bilhão de pacotes de 500 folhas sulfite A4 ou ao peso de 100 Estátuas da Liberdade.
Descartamos 259 mil toneladas de caixas cartonadas anualmente e reciclamos apenas 31,1%. O total não reciclado equivale ao peso de 165 milhões de caixas de 1 litro de leite cheias ou ao peso de quase 18 Torres Eiffel.
Para mais dicas sobre como reduzir a geração de resíduos e outras informações sobre descarte adequado e reciclagem, visite o www.akatu.org.br.
(Weber Andrade com Instituto Akatu)
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