O episódio da madrugada de sábado (22), quando o prefeito Lorenzo Pazolini se envolveu numa confusão no Sambão do Povo com o coronel Anechini, subsecretário da Casa Militar do Palácio Ancheita, foi prejudicial à imagem do prefeito de Vitória.
A conclusão é da especialista em marketing político e construção de imagem Ananda Miranda, da empresa de consultoria Candela, cuja equipe analisou mais de 1.350 comentários de leitores de três veículos digitais que publicaram o assunto – três deles com motes que colocaram Pazolini como vítima.
Dos 1.351 comentários analisados, 12,64% foram positivos, 38,06% foram neutros e praticamente a metade (49,3%) foram negativos.
Boa parte das pessoas ironizou o que foi considerado “encenação” do prefeito, que foi chamado de “Neymar” (alusão à “facilidade” que o craque brasileiro tem de cair durante os jogos) por muitos internautas.
Uma grande parte considerou que Pazolini quis se promover no episódio, enquanto a militância do republicanos enfatizou sua coragem e criticou a “carteirada” do coronel.
O pessoal da neutralidade interpretou o episódio como uma briga política entre diferentes grupos do governo estadual e municipal – “politicagem” e “baixaria”.
“Os comentários registram que a confusão prejudicou a festa e houve negação à classe política no geral. Outros criticam diretamente a festa e o investimento público”, diz a análise.
Outra observação sobre os comentários neutros é de que “também é relevante o número de comentário sobre críticas de atuação por parte da polícia”, com uma ilação: “Se faz isso com um prefeito, imagina nas comunidades”.

DESAFIO À IMAGEM
Ananda Miranda diz que o episódio “tem potencial para representar um desafio de imagem” na trajetória política de Pazolini.
“Com quase 50% dos comentários negativos, a repercussão geral do caso parece ter sido amplamente desfavorável ao prefeito, gerando um volume expressivo de críticas e questionamentos sobre sua conduta e sobriedade que o cargo exige”, acentua a especialista.
Segundo ela, a principal linha adotada pelos críticos foi a de que “Pazolini tentou transformar uma possível agressão a uma funcionária em uma oportunidade de autopromoção e acabou se tornando alvo de chacota”.
“A comparação com simulação no futebol foi recorrente entre os comentários negativos, que também reforçaram a ideia de que o prefeito teria ocupado um espaço destinado ao desfile das escolas de samba, sem necessidade”, analisa.
BASE DE APOIO
Por outro lado, a analista da Candela diz que a base de apoio do prefeito adotou um discurso combativo, argumentando que Pazolini é vítima de uma retaliação política e que “sua postura firme contra figuras ligadas ao governo estadual demonstra coragem”.
“Esse grupo – acentua – acredita que a exposição pode até mesmo consolidar seu eleitorado mais fiel, ao reforçar sua imagem de adversário direto do governador Renato Casagrande”.
Ananda alerta, entretanto, que, ainda assim, “o número significativo de comentários neutros indica que parte do público viu a confusão como apenas mais um embate político entre grupos rivais”.
“Isso pode sugerir que, para uma parcela da população, o acontecimento pouco altera sua percepção sobre o prefeito, mas para os que já viam sua postura com desconfiança, esse foi um evento que reforça essa percepção”, registra.
A analista da Candela conclui que “no saldo final, a confusão levantou dúvidas sobre as reais intenções do prefeito. O episódio pode servir como um termômetro para medir a vulnerabilidade de Lorenzo Pazolini perante críticas, especialmente em um cenário onde disputas políticas no Espírito Santo se intensificam”. (Da Redação)
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