A liberação do funcionamento das lojas de chocolates no Espírito Santo, dentro das novas medidas de combate à pandemia da Covid-19, divulgadas nesta quinta-feira, 25, pelo Governo do Estado, não deve ser suficiente para aumentar as vendas de ovos e outros produtos relacionados à Páscoa no Estado. Em Barra de São Francisco e outros municípios da região noroeste que decretaram lockdown, os lojistas e supermercadistas ainda aguardam o início da semanaque vem para saber se pooderão abrir as portas ou vender apenas por delivery.
Ontem, 25, supermercadistas de Barra de São Francisco, ouvidos pelo site TNL disseram que esperam contar com a “compreensão” do prefeito Enivaldo dos Anjos (PSD) no afrouxamento do decreto que estabeleceu o Estado de Calamidade e Emergência em Saúde Pública no município até a manhá de segunda-feira, 31.
“A expectativa é de que o prefeito afrouxe as regras, que nos deixe atender presencialmente, nem que seja, com uma cota de clientes por vez entrando na loja”, disse um dono de supermercado.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio/ES) ainda não se manifestou sobre a estimativa de vendas na Páscoa deste ano.
Em nível de Brasil, a expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para a Páscoa de 2021 é de queda nas vendas de 2,2%, em comparação à mesma data do ano passado, que foi considerada muito ruim, com retração de 28,7%. A data deve movimentar no varejo do país R$ 1,62 bilhão.
“Se confirmada essa expectativa, vai ser o menor faturamento em 13 anos. Desde 2008 que o faturamento do varejo com a Páscoa não é tão pequeno como esse que a gente está esperando”, disse à Agência Brasil o economista senior da CNC, Fabio Bentes. As estatísticas mostram que o movimento de vendas da Páscoa é crescente ano a ano até 2019, com pequenas oscilações, e despenca em 2020. O faturamento caiu de R$ 2,33 bilhões, em 2019, para R$ 1,66 bilhão, no ano seguinte.
A variação do dólar, que subiu 23% entre a Páscoa de 2020 e a deste ano, explica a expectativa negativa para o período, que é considerado a sexta data comemorativa mais importante para o comércio varejista brasileiro, depois do Natal, Dia das Mães, Dia dos País, Dia das Crianças e Black Friday.
“O dólar ficou 23% mais caro”. E como a Páscoa envolve produtos importados ou insumos importados, significa que ou o varejo importava esses produtos e aumentava o preço, ou não importava, argumentou Fabio Bentes. “E a opção que o varejo fez foi reduzir as importações este ano, porque o consumidor brasileiro não aguenta um aumento expressivo de preços, ainda mais para itens não essenciais como esses”.
Com isso, a importação de chocolates, por exemplo, somou 3 mil toneladas em 2021, a menor quantidade desde 2013. O mesmo aconteceu com o bacalhau, cuja importação totalizou 2,2 mil toneladas, menor patamar desde 2009, segundo a CNC.
O economista comentou que “o varejo não apostou na Páscoa deste ano porque percebia que a situação da economia e as conjunções de consumo não iam bem. Isso explica a opção por não importar, em vez de promover reajuste de preços muito acima da média”. A previsão da CNC para o carro-chefe da Páscoa, que são os chocolates, é de alta no preço de 7%, de modo geral.
Bentes destacou que a queda de 2,2%, prevista para a Páscoa de 2021, não pode ser analisada isoladamente. Ela tem que ser contextualizada, levando em consideração o estrago provocado pela crise do ano passado nessa data comemorativa, em decorrência da pandemia de covid-19. “Então, uma queda de 2,2% em cima de uma queda de 28%, a gente está falando de retração de 30% em relação ao que o varejo vendia em 2019”, observou. (Weber Andrade com Agência Brasil)
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