Conta-se que certa vez, após passar o dia com a Madre Tereza de Calcutá e ver tantas pessoas sofrendo, tanta pobreza e dor, um repórter perguntou: Madre, o que há de errado com esse mundo para que haja tanta dor e sofrimento? Ela o olhou com ternura e disse: eu e você!
Madre Tereza não estava dizendo que ela mesma ou aquele repórter estivessem diretamente praticando maldades e ferindo pessoas. Retoricamente, ela estava dizendo que as dores do mundo estavam relacionadas à insensibilidade, à falta de amor e compaixão. Especialmente à falta de atitudes, de ações que confrontem a dor e o mal no mundo.
A verdade é que, neste mundo, a maioria não se importa o bastante para fazer algo. Apenas discorda, lamenta e pode até sentir certa tristeza. Mas jamais se levantam e agem para mudar as coisas.
O pastor batista Martin Luther King Jr, que tanto lutou pelos direitos humanos e acabou morto para ser silenciado, dizia: “O que me assusta não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons!”. E as Escrituras, desde os profetas ao Novo Testamento, nos conclamam a levantar nossa voz em favor dos que não podem se defender.
Como seria o mundo se todos e cada um de nós agíssemos fazendo algo que concretamente contribuiria para diminuir a dor neste mundo? Fazendo algo para melhorar a vida dos mais necessitados e dos que mais sofrem?
Como seria o mundo se todos fôssemos inconformados ao ponto de agirmos para reduzir a fome, a falta de escola, para melhorar as condições indignas dos sistemas carcerários, para evitar que pessoas nasçam e vivam em condições que acabem por reduzir drasticamente suas possibilidades de conforto, dignidade e segurança?
A verdade é que a maioria sabe o que fazer. E se não sabe há muitas formas de saber. Mesmo os mais religiosos, sejam evangélicos ou católicos, espíritas ou de tradição afro, nutrem uma espiritualidade egoísta, ocupada apenas consigo mesmo.
Madre Tereza e Martin Luther King Jr nos desafiam a rever isso. E a eles poderiam se unir Mahatma Gandi, Chico Xavier e Menininha do Gantois. Para além de bandeiras de qualquer tipo, devemos pessoalmente nos comprometer com o bem comum, com uma vida digna para todos.
Podemos e devemos cuidar de nós mesmos e de nossas coisas. Podemos e devemos nos ocupar com nosso bem estar. Mas não devemos viver apenas para nós mesmos. Temos o dever de fazer o bem ao nosso próximo. Desde as coisas mais básicas, como respeitar aqueles de quem discordamos e abrir mão de todo preconceito, às mais complexas como dedicar tempo ou comprometer o prestígio pessoal por uma causa em favor da vida do próximo.
O fato é que precisamos manter diante dos olhos a vida de tantos que não desfrutam das boas coisas que, para nós, são tão comuns que nem parecem especiais. Como ter as refeições diárias garantidas e poder dormir toda noite numa cama limpa.
É também superar a falácia de que os que não têm é porque não se esforçam o bastante! Precisamos compreender e ajudar outros a compreenderem que a injustiça desse mundo faz com que alguns já nasçam com privilégios e outros com prejuízos e impedimentos.
Há incontáveis formas de fazer o bem que podemos e precisamos praticar. Precisamos, intencionalmente, aproveitar cada oportunidade de tornar esse mundo melhor. Eu e você podemos ser melhores. Eu e você sabemos e podemos fazer mais para o bem dos que precisam.
Se não fizemos, seremos parte do problema que torna esse mundo um lugar de tantas dores! E se você é religioso, saiba: isso é pecado.
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