*José Roberto Barbosa
A transformação de São Mateus e região em um polo logístico nacional, a partir da integração entre portos e ferrovias, está acontecendo.
Historicamente, o Espírito Santo tem desempenhado um papel relevante na logística nacional, por meio de seus portos localizados, principalmente, na Região Metropolitana, como os portos de Vitória, de Capuaba e o de Tubarão, além de Portocel, no Centro-Norte Capixaba.
No entanto, o Norte do Estado, especialmente a região de São Mateus, permaneceu por muito tempo alijado dessa centralidade, apesar de seu potencial geográfico e logístico.
A ausência de uma infraestrutura portuária moderna e de conexões ferroviárias impediu, durante décadas, o pleno aproveitamento das vantagens naturais da costa norte capixaba, que possui profundidade adequada, área para retroportos disponíveis, águas calmas e uma localização estratégica próxima às divisas com a Bahia e Minas Gerais e ponto de partida da BR-381.
Essa realidade começará a mudar com o surgimento de novos Terminais de Uso Privado (TUPs), em especial o Terminal de Urussuquara, em São Mateus, que promete romper paradigmas na logística do norte capixaba.
O TUP de Urussuquara, desenvolvido com capital privado e com foco em eficiência, sustentabilidade e inovação, surge como um projeto estruturante para a transformação regional.
O terminal prevê operações com cargas gerais, fertilizantes, contêineres e grãos, além de contar com um projeto com apelo ambientalrobusto e compromisso com comunidades locais.
A importância deste terminal portuário se amplia com sua posição de ancoragem no Corredor Centro Leste, que o conectará aos grandes centros produtores do interior do Brasil, através de uma infraestrutura ferroviária moderna e concebida por força do novo Marco Regulatório Ferroviário.
Outro projeto de destaque na região é o Terminal de Uso Privado (TUP) de Caravelas, na Bahia, localizado a cerca de 120 km de São Mateus.
A futura integração ferroviária entre o TUP de Urussuquara e o TUP Caravelas, com conexão integrada na região mineira de Teófilo Otoni, reforça a logística de complementariedade entre os portos regionais, viabilizando um sistema multimodal com alta capacidade de escoamento, segurança operacional e flexibilidade logística.
Essa conexão poderá viabilizar, inclusive, o surgimento de uma “janela logística” de carga e descarga que operará em rede e romperá a dependência de portos supercongestionados, no Brasil.
O eixo portuário que se desenha entre Urussuquara e Caravelas se alinha à estratégia nacional de reequilíbrio de matriz de transporte, descentralização da atividade portuária e fortalecimento do chamado Arco Leste, um conceito de planejamento logístico assertivo que busca criar novas rotas de exportação e importação entre o Centro-Oeste, o Norte de Minas e a costa leste brasileira, especialmente entre os estados do Espírito Santo e da Bahia.
*José Roberto Barbosa é CEO do Grupo Petrocity – Portos, Ferrovias, Energia e Navegação
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