O centenário advogado Sobral Pinto, que morreu lúcido aos 98 anos, era um homem conservador, de direita, mas conhecido como “Senhor Justiça”.
Foi preso pelo regime militar no AI-5, apesar de ter apoiado o golpe de 1964 – e dele desistido quando logo percebeu as tendências ditatoriais.
Defendeu mais de 300 presos, do Estado Novo à ditadura militar, todos de graça. Pelo simples amor à Justiça. Praticamente todos eles eram comunistas. E Sobral Pinto, católico radical, conservador, era um anticomunista convicto.
Sobral era defensor do Estado Democrático de Direito. Um democrata de direita, desprezado pela direita. Como existem democratas de esquerda, ignorados pela esquerda.
Sobral recusou convite de Juscelino Kubtscheck para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Preferia a militância diária pela justiça.
A propósito, nesta quinta-feira, às 14h30, na Assembleia Legislativa, o advogado criminalista Jeffrey Chiquini será o palestrante de um evento chamado “A morte do devido processo legal”, promovido pelo deputado estadual Capitão Assumção.
Chiquini defendeu investigados nos atos de 8 de janeiro de 2024, que depredaram prédios públicos na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e é crítico da atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso.
Somente o Estado Democrático de Direito assegura o direito de falar. Qualquer tentativa de suprimi-lo deve ser rechaçado de pronto pelos democratas, de direita ou de esquerda.
O historiador best-seller Yuval Noah Harari registra que a democracia somente sobrevive em ambientes onde, tão ou mais importante do que o direito de falar, prevalecem o diálogo e a capacidade de ouvir o outro.
Do Editor
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