Ouça o áudio do produtor Adriano
“Essa nascente aí, não tinha água nenhuma, só na época que chovia muito. Agora é o ano todo desse jeito aí. Foi um dos primeiros trabalhos que a gente fez e eu só tenho a agradecer o benefício que trouxe para minha propriedade que, graças a Deus, tem bastante água e hoje a gente pode ceder água para todo o município. Se Deus quiser, vou continuar andando junto com vocês.”
Com estas palavras, o produto rural Adriano de Oliveira Silva, morador do córrego das Pedras II, na cabeceira do rio Itaúnas, elogiou hoje, 25, o trabalho iniciado há quase cinco anos por um grupo de voluntários que já cercou e protegeu mais ou menos 60 nascentes que alimentam o curso d’água utilizado para abastecer o distrito de Cachoerinha e a sede do município de Barra de São Francisco com água potável, sem contar as inúmeros propriedades rurais que dele se beneficiam.
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Neste final de semana, o líder do Comitê de Defesa da Bacia di Rio Itaúnas, Jose Carlos Alvarenga, o Carlinhos, junto com o colega de trabalho em uma rede de supermercados, Allan Roney, estiveram visitando as duas nascentes cercadas na propriedade de Adriano, há pouco menos de cinco anos e ficou empolgado com o que viu.
“As nascentes estão bem protegidas, tem água merejando por todo lado e até lambari”, comemora Carlinhos, que aponta ainda, a vegetação que cresceu em volta das nascentes, de forma natural e já formou uma bela capoeira.
Paralisado no final de 2019, o projeto acabou ficando parado por conta da pandemia da Covid-19 e só foi retomado no final do ano passado, porém, as chuvas que começaram a cair com frequência e foram muito bem vindas, acabaram por determinar uma nova paralisação. “Agora, apesar do sol, temos essa nova onda de Covid, além do período de férias, e vamos ter que esperar mais um pouco para voltar”, observa Carlinhos.

Projeto vital para a sociedade
Iniciado em março de 2017, o projeto de recuperação e preservação de nascentes do rio Itaúnas completa seu quinto aniversário em março deste ano e tornou-se um marco na gestão das águas no município.
O projeto e os resultados obtidos nos cinco anos de desenvolvimento, foram apresentados à nova secretária municipal do Meio Ambiente, Lisley Batista em janeiro do ano passado e, em novembro do mesmo ano, ela chegou a participar do cercamento de uma nascente na propriedade do de Gilmar Xavier, no córrego da Peteca.
A secretária de Meio Ambiente, Lisley Batista disse que já tinha ouvido falar do trabalho, mas ainda não conhecia de perto projeto e ficou encantada com o trabalho.
A ideia dos voluntários, agora, é fazer a revisão e manutenção das cerca de 60 nascentes já cercadas. A proposta foi consenso entre os representantes das comunidades que estão fazendo contato com os proprietários rurais onde já foi feito o serviço.
A intenção é levar um questionário até cada proprietário sobre a situação das nascentes cercadas e, em seguida, verificar essas condições in loco e fazer os reparos, se necessário, para evitar que a área das nascentes seja invadida por animais como o gado.
Após o trabalho de avaliação e reparo das nascentes já cercadas, os voluntários pretendem retomar o cercamento de outras 20 nascentes georreferenciadas e ainda não cercadas.

Saiba mais
A previsão inicial do projeto era de cercar 89 nascentes, todas já georeferenciadas e com o cercamento autorizado pelos proprietários rurais, mas o sucesso do empreendimento atraiu mais proprietários rurais que querem preservar suas nascentes e se houver continuidade, o número pode ultrapassar cem nascentes protegidas.
“Se as pessoas soubessem o quanto é bom e gratificante esse trabalho voluntário, teríamos muito mais gente aqui”, comenta o engenheiro de Minas da Thor, o gaúcho Everton Girelli, que esteve visitando nascentes já cercadas e também o trabalho que estava sendo realizado na propriedade do casal Gilmar Xavier e dona Creuza, no córrego da Peteca.
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Voluntariado
Carlinhos, que é o principal responsável pela ação e tem coordenado os trabalhos desde o início, destaca que, o mais importante neste projeto são os proprietários de terra, que estão se conscientizando do problema da água e liberando cada vez mais espaço para preservação de nascentes.
“Temos que agradecer, principalmente, aos proprietários das terras que liberaram para cercar as nascentes e ajudam, inclusive no trabalho”, salienta ele, frisando que a oportunidade de convívio de pessoas de várias classes sociais e categorias profissionais acrescenta um diferencial importante ao projeto. “A gente acaba fazendo muitas amizades, aprendendo muito com as pessoas, enfim, é um troca de experiências muito rica”, define.
O ex-prefeito Alencar Marim, outro entusiasta do projeto, também já esteve participando da ação. “Vejo esse trabalho como fundamental para a preservação da água do rio Itaúnas, nossa principal fonte de abastecimento. Quero parabenizar a todos que participam do projeto e convidar amigos e amigas a se unirem a eles nessa empreitada” convida Alencar. (Weber Andrade)
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