Partiu de dentro de um presidio no Estado do Rio de Janeiro a ordem para assaltar o empresário e agricultor Rudiomar Teixeira, o Mazinho, de 52 anos, que também atuava como agiota e acabou sendo morto na tentativa de assalto em São Gabriel em agosto de 2024.
Quem deu o comando foram dois chefes de uma organização criminosa que praticava roubos não apenas no Espírito Santo, mas também em Minas Gerais e outros Estados, segundo apurou a Polícia.
A Polícia Civil do Espírito Santo concluiu o inquérito. Foram indiciados, pelo roubo seguido de morte, Wanderson Corrêa dos Santos e Igor Conceição de Almeida, chefes da organização, Heitor de Alencar Neto, Daniel Athayde de Assis, Joselma Pereira de Barros Ramos e Marcos Eduardo Martins Assunção,
Dos quatro indiciados por participação direta no crime, um é de São Gabriel da Palha e os outros três de Linhares. Dos dois mandantes, um é de São Gabriel da Palha (Igor) e outro de Linhares (Wanderson). Ambos estavam, na época, presos na Penitenciária Carlos Antonio Tinoco, em Campos dos Goytacazes (RJ).
Atualmente, Wanderson já foi transferido para o Espírito Santo, a pedido da Justiça de Linhares, onde responde a vários crimes. A Delegacia de São Gabriel da Palha já pediu também a transferência de Igor.
A informação que eles tinham na época era de que Mazinho tinha R$ 3 milhões em espécie dentro de casa dele. Porém, era uma informação falsa, segundo as apurações da Polícia. Os parentes da vítima informaram à Polícia, no inquérito, que o agiota nunca tinha tanto dinheiro dentro de casa. No máximo, R$ 10 mil, muito raramente. Ele trocava um cheque pelo outro.
Na confissão, Daniel ele informou que o roubo foi planejado porque “o pessoal do Rio disse que ele tinha R$ 3 milhões em casa”.
COMO FOI
O crime ocorreu na madrugada do dia 16 de agosto de 2024, por volta das 0h19, na garagem da residência da vítima, situada no centro da cidade, ao lado do cemitério local.
De acordo com as investigações da Delegacia de São Gabriel da Palha, um dia antes do crime, os suspeitos se encontraram na cidade, onde realizaram levantamentos prévios sobre o local do crime e definiram a rota de fuga. Após a coleta dessas informações, eles retornaram à cidade de Linhares e, na noite seguinte, voltaram a São Gabriel da Palha para executar o delito.
Após sair para assistir a um jogo de futebol com amigos, Mazinho retornou para casa em um veículo.
“Dois indivíduos aguardavam, escondidos dentro do cemitério. Ao estacionar, a vítima foi surpreendida pelos suspeitos armados. Um deles tentou invadir a casa, mas foi impedido por um portão de ferro, enquanto o outro tentou amarrar Mazinho. Ao reagir, a vítima foi alvejada com sete disparos a curta distância, atingindo principalmente tórax, costas e ouvido”, disse o titular da Delegacia de Polícia (DP) de São Gabriel da Palha, delegado Valdimar Chieppe.
De acordo com o delegado, os suspeitos fugiram pulando o muro do cemitério, abandonando uma mochila contendo gasolina, corda, balaclava, fita e máscara, “indicando intenção de roubo seguido de morte e não apenas execução”. O delegado concluiu que Mazinho somente morreu porque reagiu. Do contrário, seria um roubo normal.
“As investigações identificaram que, além dos dois atiradores, uma terceira e quarta pessoas participaram do crime, usando o Ford Ka para transporte. O veículo foi rastreado por câmeras e possuía características distintas, além de circular por rotas alternativas para evitar detecção. A placa verdadeira foi identificada e verificado que o carro pertencia a um homem, que o alugou para Joselma, responsável por levar os atiradores até a residência da vítima e, após a ação criminosa, resgatá-los do local”, disse Chieppe.
No inquérito, segundo Daniel, quem atirou foram Heitor e Marcos Eduardo, mas a Polícia chegou à conclusão de quem quem atirou foram Heitor e o próprio Daniel.

Joselma, já investigada por outro homicídio recente, foi presa e posteriormente liberada, encontrando-se atualmente foragida.
“O inquérito indicou que ela estaria envolvida em atividades criminosas relacionadas a drogas e teria alugado o carro para o crime.
Testemunhas e interrogatórios indicam que Joselma conhecia a vítima e tinha relação comercial com ele, sendo Mazinho um agiota da região”, explicou o delegado.
A equipe da Polícia Civil colheu impressões digitais na cena do crime, que, após exames periciais, foram identificadas como pertencentes aos possíveis autores dos disparos, ambos já indiciados pela prática do latrocínio.
Durante a apuração, também foi fundamental a análise do telefone celular de Joselma, apreendido e examinado pelo Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat) da PCES, que revelou importantes elementos sobre a comunicação e a logística entre os envolvidos. Além disso, dados telefônicos de todos os suspeitos confirmaram a presença deles no perímetro da residência antes, durante e após o crime, momento em que fugiram para a cidade de Linhares.
O delegado Valdimar Chieppe, titular da Delegacia de Polícia de São Gabriel da Palha, ressaltou a importância do apoio técnico do Ciat, por meio do delegado Romualdo Gianordoli, e o empenho da equipe de policiais civis da Delegacia de São Gabriel da Palha, que atuou de forma incansável para a completa elucidação do crime.
Com base nas provas robustas colhidas, os envolvidos foram formalmente identificados e indiciados pela prática do crime de latrocínio, previsto no artigo 157, § 3º, inciso II, do Código Penal Brasileiro. O inquérito policial foi concluído e encaminhado ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para as providências cabíveis. (Da Redação)
Comente este post