Advogado, sociólogo, ex-prefeito de Guaçuí por dois mandatos e quatro vezes secretário de Estado, Luiz Ferraz Moulin morreu nesta quinta-feira (02.03) aos 75 anos completados em 15 de janeiro, depois de dar entrada no Hospital da Unimed em Vitória sentindo fortes dores no peito. O governador Renato Casagrande (PSB) decretou luto oficial de três dias no Espírito Santo.
O ex-prefeito deixa esposa e três filhos. Seu corpo está sendo velado, em ambiente de muita comoção, na Câmara Municipal de Guaçuí e sairá para ser cremado, como era seu desejo, às 16 horas desta sexta-feira (03.03). na própria cidade da região do Caparaó, a 220km de Vitória.
Moulin era considerado uma pessoa de muita inteligência, tendo estudado na Universidade de Paris. Considerava-se “cidadão do mundo”, mas foi como prefeito da cidade onde nasceu, na região do Caparaó, que Luiz Moulin mais se realizou como ser humano. Por coincidência, também nesta quinta-feira morreu outro ex-prefeito de Guaçui, Vicente Ridolphi.
Sua morte teve imediata repercussão. “Muito triste, um grande amigo”, comentou o ex-governador Paulo Hartung, sem conterrâneo. Moulin vinha atuando como procurador da Prefeitura de Muniz Freire, cujo prefeito, Dito Silva, baixou o decreto 9855/2023 estabelecendo luto oficial de três dias. O mesmo fez o prefeito Marcos Luiz Jauhar em Guaçuí. A Ordem dos Advogados do Brasil, secção Espírito Santo (OAB-ES) também decretou luto oficial por três dias. Moulin era o presidente da Secção da OAB em Guaçuí.
Ex-presidente da Câmara de Vereadores de Guaçuí, Ângelo Moreira da Silva era um dos melhores amigos de Luiz Moulin e disse que “tudo o que existe de melhor na cidade foi Luiz quem fez” e disse que o amigo “era uma sumidade, um homem à frente de nosso tempo”. De acordo com Moreira, o ex-prefeito estava em Vitória para um tratamento dentário, fazendo procedimentos na quarta-feira. Durante a noite sentiu fortes dores no peito e foi levado para o hospital, no bairro Santa Luíza, onde morreu durante o dia após seu estado se agravar.
Numa crônica de 2011, o escritor Weber Muller falou sobre o amigo de infância: “Luiz nos ensinou a ser livres, a seguir nossa vocação, agindo com naturalidade. Associamos sua imagem sempre ao lema de nossa bandeira municipal, que, em latim, diz “Levanta-te e Anda!” Foi significativa sua influência em nossa formação cidadã e na história de nossa Guaçuí, pois contribuiu. Significativamente e de forma perene, para sermos quem somos, ousando assumir nosso lugar na sociedade”.
“Luiz se pôs a caminhar ao nosso lado, exortando-nos a levantar e andar. Fez de Guaçuí, cidade menina, uma cidade respeitada em nível nacional, com implantação de vários projetos e obras de cunho social e educacional”, dizia ainda a crônica de Muller, que foi secretário municipal de Educação numa das gestões de Luiz Moulin.
Politicamente, Luiz Moulin pertenceu ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) na juventude, depois foi prefeito pelo antigo MDB e esteve também no PSB e no PDT. O então deputado federal e conterrâneo Paulo Hartung convenceu Moulin, em 1987, a aceitar ser secretário de Estado na gestão de Max Mauro. Na época, Luiz era prefeito e os mandatos haviam sido prorrogados por mais dois anos para deixarem de ocorrer junto com as eleições de governador. Moulin, então, renunciou e foi trabalhar no Governo do Estado como secretário de Comunicação e Articulação com a Sociedade.

Depois, ainda no governo de Max foi o primeiro secretário de Estado de Meio-Ambiente. Mas não durou muito tempo. Voltou ao Governo na primeira gestão de Paulo Hartung (2003-2006) como secretário de Justiça, quando seu presidente, desembargador Alemer Ferraz Moulin, era presidente do Tribunal de Justiça. A atuação dos dois irmãos foi fundamental na estratégia de Paulo Hartung para tirar da política o ex-deputado José Carlos Gratz.
Na gestão anterior, de José Ignácio Ferreira (1999-2002), teve importante participação na implantação do Programa de Planejamento e Ações de Segurança Pública (Pro-Pas), ao lado do hoje coronel Julio Cezar Costa, que contou com grande apoio do amigo quando implantou, como capitão, em Guaçuí, a primeira experiência de polícia interativa no Brasil.
“São décadas de plena amizade, independentemente de circunstâncias. Nutro por Luiz profunda admiração e respeito. Ele foi meu Mestre na arte política e ajudou a construir a nova mentalidade de segurança pública a partir do município”, disse o coronel da reserva da PM Júlio Cezar Costa.
Na última eleição, Luiz Moulin foi um dos principais cabos eleitorais das candidaturas de Manato ao governo do Estado e de Jair Bolsonaro para Presidente da República na região do Caparaó. (Da Redação)
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