Esta semana li a reportagem sobre dona Maria Rita Pereira, moradora de Barra de São Francisco, que viveu impressionantes 117 anos.
Fiquei pensando em longevidade. A reportagem me apresentou uma mulher corajosa diante da vida, feliz e cativante. Viveu mais que todos os filhos. Não deve ter sido fácil perdê-los! Mas a vida exige a capacidade de perder, inclusive pessoas. E quem vive mais, perde mais.
A humanidade parece estar empenhada em adiar a morte, o quanto possível. Quantos anos viveremos? Não há como saber. Será que estamos preparados para uma vida longa?
Eu iniciei esse ano na casa dos 60 anos. Passou rápido e ainda estou me acostumando. Sinto-me saudável e feliz por haver alcançado essa idade. Desde muito jovem pensava na velhice e comecei a me preparar bem cedo para ela. Minha primeira providência foi iniciar um plano de aposentadoria. Eu tinha apenas 20 anos e aceitei o conselho de um senhor de idade que me disse: talvez você não pense ser importante agora, mas depois me agradecerá. Obrigado Benevides! Era esse o seu nome.
Outra preocupação que sempre me acompanhou foi o cuidado com a saúde. Treinar os músculos, alimentar-me adequadamente, dar atenção ao sono. Também procurei lidar adequadamente com minhas dores e tristezas. As angústias da vida podem nos desgastar bastante.
Imagino que dona Maria Rita tenha enfrentado muitas dores e talvez não tenha tido os privilégios que tive em termos de oportunidades e conselhos. Mas creio que ela amava viver e certamente foi capaz de seguir em frente após cada batalha. Gostar de viver não garante uma vida longa, mas acredito que contribui bastante.
Pensar em longevidade me leva às Escrituras. Lá encontramos dicas muito preciosas sobre a vida. No salmo 90, atribuído a Moisés, há três princípios que tenho praticado e divido-os com vocês.
Primeiro: Deus é nosso refúgio (verso 1). Encontro paz e conforto em saber que posso contar com Deus. Não podemos controlar os fatos e somos impotentes diante de muitas coisas. Quando confiamos em Deus e cremos em seu cuidado, a vida jamais se torna um beco sem saída.
Segundo: podemos pedir sabedoria a Deus. Ensina-me a contar os meus dias de forma que meu coração alcance sabedoria (verso 12). Aprender com a vida é fundamental. Sem isso repetimos os equívocos e ficamos cegos para os enganos. Seguiremos guiados por ilusões. A sabedoria nos ajuda a lutar as lutas certas e lutá-las da forma certa. Sim, existem lutas que não devemos lutar e existem formas de lutar que invalidam nossas vitórias. Precisamos de sabedoria.
Terceiro: podemos viver em parceria com Deus. Esteja sobre nós a bondade do Senhor e confirma a obra de nossas mãos (verso 17). A ideia é vivermos a vida fazendo o que nos cabe e crendo na bondade de Deus. Como diz a sabedoria popular, Deus ajuda a quem cedo madruga e quem mais se prepara costuma ter mais sorte!
Uma vida longa requer uma vida sábia. A velhice é desafiadora e muitas vezes nos faz olhar para o passado. Nela não teremos a garantia de contar com as pessoas, as capacidades que temos ou a força que hoje nos faz independentes. Na velhice, a alegria precisa ter razões profundas. A longevidade exige consistência e profundidade. Precisamos aprender a viver e nos preparar para envelhecer. Se tudo der certo, envelheceremos!
Celebro a existência de dona Maria Rita. Não sei se gostaria de viver tanto. Mas, seja lá quantos anos, desejo vive-los com Deus, com amigos, com a família e jamais perdendo a capacidade de amar e ser grato.
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