
No mundo do crime, promessa é dívida – seja o que for. Quem deve a droga que consome está fadado a pagar com a vida, seja porque não paga ao traficante, seja porque, para pagar a conta, pratica furtos e roubos na região gerando transtornos para o “pessoal do movimento”.
Quando é executado alguém, geralmente jovem, pobre e do sexo masculino, predominantemente de cor preta, uma das duas hipóteses está envolvida. Foi o que aconteceu, mais uma vez, à luz do dia, nesta quarta-feira (28), em Sooretama, na região Norte litoral do Espírito Santo, com Guilherme Lopes Lages, 20 anos.
Bandidos que comandam o tráfico de drogas na cidade estavam incomodados com os furtos que estavam ocorrendo no bairro do Alegre e juraram Guilherme de morte, conforme informações passadas por parentes das vítimas aos policiais militares que atenderam a ocorrência – cabo Beise e soldado Heron.
Na manhã desta quarta-feira, não pouparam munição para cumprir o juramento. De acordo com a perícia feita no corpo de Guilherme, pardo, natural de Linhares, mas morador de Jaguaré, a vítima foi alvejada com 38 tiros, sendo 16 nas costas e outros espalhados pelo rosto, cabeça, braços, pescoço e peito.
Como sempre acontece nesses casos, ninguém sabe e nem viu nada. Foi a tarceira morte violenta de jovens este mês em Sooretama, a segunda em quatro dias. Todas em circunstâncias semelhantes: muitos tiros, à luz do dia, disparados por pessoas em motocicletas.
O delegado Fabrício Lucindo, da Regional de Linhares, em entrevista à Rede Sim, confirmou que praticamente todos os homicídios hoje em Sooretama estão relacionados ao tráfico de drogas, mas que existem outros fatores associados, como “a pobreza e a fragilidade moral”.
No final da tarde do último sábado (24), véspera do Natal, um jovem de 15 anos, sobrinho do presidente da Câmara de Vereadores, foi assinado a tiros por homens em uma motocicleta no centro de Sooretama. Parentes e familiares disseram o jovem havia entrado para o crime há apenas três meses. (Da Redação)
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