Weber Andrade
Em julho deste ano, estivemos em Mutum, município do Leste de Minas Gerais, onde acontecia uma exposição agropecuária e, na volta, decidimos viajar de trem, a partir de Aimorés, cidade às margens do Rio Doce, mas foi impossível devido ao novo sistema de agendamento da Vale, que só permite comprar passagens com 24 horas de antecedência.
Sem ter como viajar cedo, decidimos visitar a margem do Rio Doce e apreciar a paisagem. Mas, ao chegarmos, a ‘paisagem’ era muito bonita e triste: Um rio praticamente seco, com muita vegetação no local onde as águas corriam tranquilas antes da implantação da Usina Hidrelétrica de Aimorés, entre este município mineiro e Baixo Guandu, no Espírito Santo.
A Usina Hidrelétrica batizada de Eliezer Batista, que fica logo acima da sede do município de Aimorés, em Minas Gerais e, um pouco antes dela, já em Baixo Guandu, a de Mascarenhas têm impedido a vazão das águas e, nesse período de seca a situação fica desoladora. Na verdade, eles prosseguem até bem perto da foz, com um volume de água bem abaixo do que se via há 20, 30 anos.
No final do mês passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Minas Gerais multou em R$ 1 milhão a Aliança Geração de Energia por estar operando a usina em desacordo com a Licença Ambiental. O auto de infração foi lavrado no último dia 27 de outubro.
Conforme o Ibama Minas, não houve a execução das medidas propostas inicialmente pela empresa para diminuir os impactos ambientais no trecho de vazão reduzida (soleiras submersas). Também foi constatada a ausência de efetividade das medidas implementadas (dique transversal e vertimentos periódicos), ocasionando danos ao rio Doce.
Conforme os técnicos da instituição “há diversos pontos do trecho que estão insalubres, devido aos acúmulos sólidos, lixo e esgoto, proliferação de larvas, insetos e urubus, predominando o mau cheiro. Grande parte das medidas inicialmente propostas pela empresa para minimização dos impactos decorrentes da falta de água no trecho de vazão reduzida ou não foram implementadas ou não surtiram o efeito esperado”.
A empresa deverá implementar medidas alternativas para melhorar a situação. A reportagem entrou em contato com a companhia solicitando posicionamento, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Usina
A Usina Hidrelétrica de Aimorés foi construída no rio Doce, na divisa de Minas Gerais e Espírito Santo pela Vale. A operação teve início em 2005.
*Com algumas informaçoes de O Tempo
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