Reportagem: José Caldas da Costa
Um sonho que evoluiu a partir da criação de um clube de tiro para o lazer e treinamento dos apreciadores de armas promete dar um novo impulso socioeconômico à região compreendida pelos municípios do Leste de Minas Gerais e microrregião Noroeste do Espírito Santo. E não é para longo, mas a curto prazo.
Em novembro deste ano entra em operação, em Mantena, a primeira fábrica brasileira de fuzil de precisão “premium” já para atender ao primeiro contrato internacional fechado antes mesmo da instalação se concluir, encomendado pelo governo de um País mantido em sigilo.
O empreendedor na ideia tem 33 anos, é formado em Direito e enxergou a oportunidade a partir dos contatos que passou a fazer por causa do clube de tiro, que levou à abertura de uma casa de comercialização de armas na mineira Mantena, município a 12 quilômetros de Barra de São Francisco, distante 450 quilômetros de Belo Horizonte e 265 quilômetros de Vitória.
“Vamos começar produzindo 100 armas por mês, mas a fábrica ainda vai ser inaugurada e já estamos planejando a expansão com novos negócios ligados ao segmento para atender à enorme demanda do mercado internacional”, disse ele, que mantém muita discrição sobre o negócio, que vai começar gerando 42 empregos diretos, mão de obra treinada pela própria empresa em parceria com uma universidade de Minas Gerais.

PORTO SECO
A possibilidade de instalação de um porto seco em Barra de São Francisco, conforme anunciado pelo prefeito Enivaldo dos Anjos junto com o CEO da Petrocity Ferrovias, José Roberto Barbosa da Silva, integrado à malha ferroviária já autorizada pelo Ministério dos Transportes, é um impulso para os negócios do empresário, que, até pela natureza da atividade, trabalhou em absoluto silêncio nos últimos dois anos e meio para atingir seu objetivo.
“Quando chegamos na Shof Fair (feira de armas) em julho e apresentamos nossa arma, foi um susto para todo mundo e viramos vedete na feira, pois ninguém imaginava que houvesse alguém produzindo um rifle de precisão como o nosso aqui no Brasil, onde os negócios do setor são um monopólio nas mãos de duas empresas, que nem chegam perto de atender à enorme demanda do mercado”, disse José.
O protótipo foi desenvolvido pelo setor de Engenharia, chefiado por um nome mantido em absoluto sigilo pelo empresário. Segundo ele, no primeiro mês, a fábrica começa produzindo 100 fuzis, mas já no mês seguinte poderá fabricar 200 e ele tem pressa em aumentar logo a capacidade de produção para antecipar a entrega das encomendadas e poder dar o salto que planeja.
José é um entusiasta. “Na cidade, acham que sou louco, mas vamos é fazer uma loucura por aqui no próximo ano, podem esperar”, prometeu.
Aos 27 anos, ele abriu o clube de tiro e começou a fazer relacionamento no setor, entendendo rapidamente sua demanda. “Comecei no governo Dilma, atravessei o governo Temer e quando chegou o Bolsonaro o negócio deslanchou com a casa de armas e começamos a pensar na fábrica. Quando o Bolsonaro perdeu o primeiro turno, resolvemos acelerar a ideia da fábrica e conseguimos todas as autorizações já no governo do Lula”, resume o empreendedor.
O salário médio na área de produção da futura fábrica de armas é de R$ 4 mil e, como já planeja a expansão, José deixa uma dica para os gestores públicos e os trabalhadores da região aproveitarem a oportunidade. “É preciso um mínimo de conhecimento de mecânica e gosto pela aprendizagem. É um segmento em que a própria indústria tem que treinar seu pessoal. As pessoas que estão conosco hoje, algumas não tinham menor noção disso aqui, e hoje me dão aula”, diz ele. (Da Redação)
*A Redação respeitou o pedido de privacidade do empresário, não divulgando seu nome completo.
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