Ninguém sofre mais do que as populações mais pobres. Se o Estado não intervier em defesa delas, quem as valerá? Já sofrem por morarem em condições mais desfavoráveis e, diante de crises na segurança, ficam no fogo cruzado. O Brasil abandonou os seus pobres, num processo de discriminação que vai além da pobreza, mas é também racial. Porque a maioria dos pobres do país é preta e parda.
Empurrada para morros e periferias pelo alto custo da moradia, depois de atraídas de cidades do interior pela promessa de promessa de uma vida melhor, durante o período de urbanização do País, ocorrida durante o regime militar dos anos 60,70 e até meados de 80, essas pessoas tornam-se, via de regra, reféns de elementos que vivem à margem da lei explorando negócios ilícitos, como o tráfico de drogas, e “suprindo” a ausência do Estado.
Quando a polícia sai, quem manda é o chefe do tráfico – ou da milícia. Quando dá conflito e falta ônibus, advinhem para quem falta? É um eterno enxugar de gelo, porque, estruturalmente, o Brasil criou esse estado de coisas.
O pobre (predominantemente, preto) é sempre criminalizado, mas uma imagem como essa registrada por Fernando Madeira, em meio ao confronto no bairro Bomfim, em Vitória, que resultou na reação de criminosos queimando ônibus, e publicada no portal A Gazeta, revela que a polícia que reprime os delinquentes é a mesma que protege os mais frágeis da sociedade. Que assim seja, sempre. (José Caldas da Costa)
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